Na minha primeira coluna, expliquei no detalhe a forma de remuneração das aplicações de renda fixa, que podem ser pós-fixadas, prefixadas ou híbridas.
Agora que você já entendeu essa parte, vamos falar um pouco mais sobre os diferentes tipos de aplicações de renda fixa que o investidor pode ter acesso.
Por dentro da Renda Fixa
A renda fixa é uma grande classe de investimentos que reúne diferentes ativos e emissores, tanto do setor privado como do setor público, sejam instituições financeiras, empresas ou governo.
Nesse caso podemos dividir as aplicações por forma de emissão, sendo:
- Emissões Bancárias (CDB, LCA, LCI),
- Emissões Privadas (CRA, CRI, Debênture)
- Emissão Pública, por assim dizer, os (Títulos Públicos do Tesouro).
No início pode parecer uma sopa de letrinhas, mas você vai perceber que entender as diferenças entre cada uma das aplicações é mais simples do que imagina.
Emissões bancárias
A renda fixa bancária é a mais conhecida no mercado, nesta modalidade temos: caderneta de poupança, CDB, LCA, LCI.
Caderneta de poupança
A poupança é uma aplicação de renda fixa que se distingue por oferecer retorno igual em todos os bancos do país, já que o rendimento é determinado pelo Banco Central.
Os juros da poupança são calculados por duas taxas. Uma delas é a Taxa Referencial (TR), que é definida pelo governo e está zerada desde 2017. A ela, soma-se:
- 0,5% ao mês (se a taxa Selic for maior que 8,5% ao ano)
- 70% da Selic (se a taxa Selic for menor ou igual a 8,5% a.a.)
Exemplo 1
Considerando a TR zerada e taxa Selic em 8% a.a., a poupança irá render 70% da Selic, ou seja, 5,6% ao ano.
Exemplo 2
Considerando a TR zerada e taxa Selic em 9% a.a., a poupança irá render 0,5% ao mês, ou seja, 6% ao ano.
É importante notar que a partir do momento que a taxa de juros fica acima de 8,5% a.a., a rentabilidade da poupança continua sendo 0,5% ao mês + TR, independente de a Selic estar em 9% ou 14% aa, por exemplo.
Considerando a TR igual a zero, o maior rendimento possível da poupança é cerca de 6% ao ano. Embora seja popular, ela não está nem perto de ser uma boa aplicação de renda fixa.
CDB
A sigla designa um título bastante conhecido na renda fixa brasileira, o Certificado de Depósito Bancário (CDB).
A aplicação é oferecida por bancos para captação de recursos e é um dos investimentos mais seguros para quem está começando a investir.
Ao aplicar em um CDB você está emprestando seu dinheiro para um banco que te pagará em um prazo determinado, e geralmente rende juros superiores a poupança.
Apesar desse rendimento ser superior a poupança, é difícil dizer quanto, já que os bancos podem oferecer juros que variam de um título para outro.
O funcionamento do CDB é bastante simples. Você escolhe um banco de investimentos, abre sua conta, pesquisa os melhores títulos (ou opta por um assessor que te auxilie na busca pelas melhores taxas disponíveis) e faz um aporte com o valor desejado. As opções ficam disponíveis no sistema e você opta por aquela que mais se encaixa ao seu perfil.
CDB com liquidez diária
Ao deixar o dinheiro rendendo num investimento, nem sempre é possível retirá-lo antes do prazo do vencimento.
Mas você pode optar por um CDB de liquidez diária, o dinheiro aplicado poderá ser resgatado no momento que você achar mais conveniente.
LCA e LCI
As LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) são títulos de renda fixa emitidos por instituições financeiras e que também tem rendimentos superiores aos da poupança.
Basicamente, é um empréstimo do seu dinheiro para o banco emissor que vai direcionar esse recurso para ofertar crédito ao setor do agronegócio e ao setor imobiliário.
Essas aplicações se tornaram uma febre nos últimos anos e cada vez mais vem ganhando espaço nas carteiras dos investidores, entre outras razões principalmente porque oferecem um benefício fiscal importante: são isentas de Imposto de Renda.
É seguro investir nessas emissões bancárias?
Sobre questão de segurança, vale destacar que existe a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que oferece uma proteção ao investidor em diversas aplicações de renda fixa.
O FGC é uma associação privada civil sem fins lucrativos, que tem como objetivo garantir a recuperação de depósitos e créditos em instituições financeiras, em caso de falência. Para o investidor, portanto, essa instituição funciona como uma espécie de seguro, ele existe justamente para dar mais segurança ao sistema bancário brasileiro.
O FGC garante o saldo da aplicação até um teto de R$ 250 mil por CPF e por cada banco emissor. Assim, você pode receber seu dinheiro acrescido dos juros de volta em caso de problemas com o emissor. É possível usufruir um teto global de R$ 1 milhão – renováveis a cada 4 anos.
Exemplo: Se você tiver aplicação de R$ 200 mil no emissor banco X, R$ 200 mil no banco Y e R$ 200 mil no banco Z, e acontecer de as três instituições terem problema de crédito, você irá receber os R$ 600 mil através do FGC.
O FGC funciona graças ao investimento periódico das suas instituições financeiras membros. Basicamente, os associados (que são as instituições financeiras), contribuem mensalmente com 0,0125% dos depósitos elegíveis à garantia. A associação a esse fundo é obrigatória, de acordo com as normas do Banco Central (Bacen).
Semana que vem falamos mais sobre Renda Fixa. Até lá!
Darlin Agazzi
Agente Autônomo de Investimentos