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Como fica a T4F (SHOW3) depois de Taylor Swift no Brasil?

Como fica a T4F (SHOW3) depois de Taylor Swift no Brasil?

O que parecia ser a salvação da Time for Fun (SHOW3), na verdade, pode ser o que levará ao auge da má reputação da empresa. Apesar do sucesso das vendas dos ingressos dos shows da cantora Taylor Swift no Brasil, as apresentações colocaram a T4F no centro das críticas envolvendo a organização do evento.

O tema ganhou maior importância após a morte da jovem Ana Clara Benevides, de 23 anos, na sexta-feira (17), no primeiro show de Taylor Swift no Brasil. Ana Clara desmaiou e teve parada cardiorrespiratória, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. O Instituto Médico Legal (IML) apontou a necessidade de exames de laboratório para definir a causa da morte. 

Nas redes sociais, os fãs presentes no Estádio Nilton Santos – o Engenhão – culparam a T4F pela tragédia, alegando que a promotora não teria fornecido água em meio a um ambiente com sensação térmica de mais de 60ºC. Houve relatos de confusão nas filas e má estrutura de ventilação no local, com vídeos da própria cantora aparentando estar ofegante no palco.

Taylor Swift no Brasil: o que diz a T4F

Após a repercussão do caso da morte de Ana Clara e críticas nas redes sociais, com mais de mil pessoas sendo socorridas no evento, o ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino anunciou uma portaria para determinar que eventos e espetáculos não podem impedir a entrada de garrafas de água de uso pessoal em material adequado. 

No evento, a falta de água foi apontada como um dos pontos mais críticos diante das altas temperaturas.

Após a publicação e pressão dos fãs, a T4F se manifestou por nota nas redes sociais. A empresa declarou que prestou assistência psicológica à família da jovem, via assistente social. Ao longo do fim de semana, no entanto, a família da jovem disse que a organizadora do show não ofereceu apoio financeiro para o traslado do corpo à sua cidade, no Mato Grosso do Sul.

No sábado, a T4F disse que reforçaria o “plano de ação oficial”, que incluiria distribuição gratuita de água nas filas, e que permitiria a entrada de copos de água lacrados e garrafas de água (desde que plásticas e flexíveis). 

Diante dos problemas no show de sexta-feira, a apresentação do sábado (18) foi adiada para a segunda-feira (20), já com milhares de pessoas dentro do estádio – o que gerou mais revolta e comentários negativos sobre a T4F. A empresa disponibilizou a possibilidade de reembolso para os fãs, assim como as aéreas Azul (AZUL4), Gol (GOLL3) e Latam anunciaram a isenção na cobrança de taxas para remarcação de passagens de clientes impactados pelo adiamento.

O evento teve ingressos vendidos no valor de R$ 190 a R$ 1.050, sem contar os pacotes VIP, que chegavam a ultrapassar os R$ 2 mil. 

Ações da T4F: de mal a pior?

Diante da repercussão do caso e revolta dos fãs da cantora, as ações da T4F abriram a semana em queda. Na segunda-feira (20), as ações fecharam a R$ 2,05, em queda de 9,65%.

No ano, a desvalorização dos papéis é de 13,06%, até esta terça-feira (21).

Segundo dados da L4 Capital, o volume de ações SHOW3 negociado na segunda-feira foi recorde, e não era visto desde abril de 2022.

Imagem: L4 Capital

Desde o segundo trimestre de 2023, a T4F vem reportando resultados com o impacto dos shows de Taylor Swift sobre seus números. No período, a companhia responsável pelas vendas dos ingressos da The Eras Tour reportou lucro líquido de R$ 16,3 milhões, com alta de 89% na base anual. 

O 2TRI23 foi influenciado positivamente por um valor mais alto de contas a receber, com a concentração de vendas de ingressos para a cantora no cartão de crédito em junho.

Na divulgação dos resultados do 3TRI23, a T4F mostrou que soube aproveitar a demanda reprimida do público por shows e agora, pela primeira vez desde o início da pandemia, completa nove meses com faturamento superior ao período equivalente de 2019.

Os shows de Taylor Swift no Brasil são realizados em um momento que a empresa tenta retomar a relevância que tinha no país há alguns anos, quando dominava o setor de entretenimento. 

No entanto, a realidade envolve uma crise de anos – não é algo novo, segundo Carlos Herrera, estrategista-chefe da Condor Insider. “Desde o IPO, em 2011, a empresa decepciona o mercado em função de promessas que não foram cumpridas e também pela particularidade do negócio. Há problemas graves de governança, que tentam consertar – e muitas vezes, nessas tentativas, até pioram. No longo prazo, tem tido pouco avanço”, comenta.

E os problemas da T4F vêm de antes da pandemia de covid-19, que atingiu seu auge em 2020. A empresa já enfrentava uma crise persistente de geração de caixa e de conversão, segundo especialistas. 

A T4F tem uma estrutura financeira boa, mas isso não se reflete em uma distribuição de dividendos aos acionistas. Provavelmente porque é controlada por um fundador que não tem 50% mais 1 ação, então ele consegue ser remunerado por outras vias que não os proventos”, explica Herrera.