O BTG (BPAC11) se colocou na defensiva em relação à Petrobras (PETR4). O banco de investimentos reforçou recomendação neutra para os papéis da petroleira, com viés negativo. Além da ação PN, a companhia está listada sob o ticker PETR3, ou ON.
A instituição financeira leva em consideração que a alteração da Lei das Estatais é indiscutivelmente negativa para a empresa, bem como para outras estatais brasileiras.
A Petrobras é a maior companhia nacional mas, nos últimos dias, se viu em apuros por conta da transição para o novo governo do presidente eleito Luiz Inacio Lula da Silva.
Não que o novo gestor e sua equipe tenham promovido ingerência na petroleira, mas somente o fato de haver incertezas acerca do futuro das operações da Petrobras, mais à frente, já é suficiente para deixar o investidor com uma pulga atrás da orelha.
O mercado tem muitos “por quês” e o momento político não ajuda a pacificar os traders que buscam pistas sobre os rumos que novos executivos poderão dar à empresa.
Embora nada seja certo, neste momento, o presidente eleito já disse direta e indiretamente que pretende mexer na política de preços da companhia.
A Petrobras se utiliza do PPI, ou Preço de Paridade de Importação. Este diz respeito aos custos totais para importação de um produto. Trata-se de uma referência que é calculada com base no preço de aquisição do combustível mais os custos de sua entrega, incluindo transporte e taxas portuárias.
Veja o que diz o BTG:
- mudança de regra na Câmara para viabilizar Mercadante no BNDES surpreendeu, inclusive pela rapidez;
- mudança é negativa para Petrobras e outras estatais — elimina um dos principais mecanismos de defesa contra influência política;
- preservação de pagamento de dividendos razoável seria catalisador positivo para ações no curto prazo, mas mensagens da transição não são animadoras;
- BTG mantém recomendação neutra para Petrobras (PETR4, PETR3), com viés negativo

Petrobras (PETR4): JP Morgan e Bradesco BBI
Ontem à noite o Bradesco BBI cortou sua recomendação de compra para a Petrobras.
A instituição financeira alterou a recomendação dos papéis de compra para neutro, com o preço-alvo das ações preferenciais indo de R$ 53 para R$ 26 — potencial de valorização de 11,5% se considerado o fechamento de ontem.
O banco de investimentos também revisou as projeções dos recibos de ação (ADRs) da Petrobras negociadas nos Estados Unidos: de US$ 20 para US$ 10 — baixa de 33% tendo o fechamento de hoje como base.
Em nota, disse que a principal razão para as mudanças é previsível, diante do fluxo de notícias ruins envolvendo a empresa nas últimas semanas, todas com um pano de fundo político.
Também elencou que as maiores preocupações estão na possibilidade de mudanças nas políticas de preços e de dividendos da Petrobras.
E acrescentou que eventuais revisões da Lei das Estatais também são monitoradas pela equipe — o assunto, inclusive, estremeceu o mercado no primeiro pregão desta semana diante do risco de governança.
JP Morgan
Antes disso, no dia 2 de dezembro de 2022, o JP Morgan recuou acerca da Petrobras (PETR4), por conta de vários fatores, dentre os quais o momento de transição do governo. Este parece ter sido o fator principal para inúmeras instituições financeiras. E não há quem precifique o risco para cima, por enquanto.
Em relatório divulgado recentemente, o JP Morgan disse calcular que a Petrobras (PETR4) poderá gerar um caixa de US$ 17 bilhões em 2023, ou rendimento de dividendos de 23%.
O montante representa uma baixa de 54% ante os US$ 37 bilhões desde ano e, embora continue sendo um volume expressivo, o banco de investimentos não recomenda compra para os papéis da petroleira e indica neutralidade.
Isso porque embora haja “valor na mesa” ainda é cedo para comprar PETR e os preços das ações não refletirão totalmente os fundamentos até que os investidores tenham clareza sobre o futuro da empresa.
Sua tese elenca os seguintes fatores:
- política de dividendos de pagamento de 25% após 2023;
- maior prêmio de risco político;
- apenas 40% de repasse de qualquer variação positiva do Brent/FX para os preços dos combustíveis;
- múltiplos alvo mais baixos de 3,3x;
- maiores investimentos e despesas;
- Petrobras precisará ser mais barata
Ainda conforme os analistas, é preciso esperar de três a seis meses do novo governo para entender como será a nova Petrobras com o governo de Lula.
Citi
O Citi diz que potenciais mudanças na regra elevam incertezas para minoritários na Petrobras, porque ela está no tripé da governança hoje. E destaca:
- Relatório se diz menos otimista com tese de investimento ante possíveis mudanças na estratégia de longo prazo e incerteza sobre alocação de capital;
- Entre pontos de riscos, além de cotação do petróleo e influência política, Citi destaca política doméstica de preços, importantes para fluxo de caixa;
- Citi reitera recomendação de compra com preço-alvo de US$ 19 para ADR (PBR), uma alta potencial de 87,4% o ante fechamento de ontem.
Lei das Estatais
A Câmara aprovou ontem à noite, por 314 votos a 66, um projeto que muda a Lei das Estatais e flexibiliza as regras que hoje dificultam a nomeação de políticos para presidências e diretorias de empresas públicas. A mudança abre caminho para a indicação de Aloizio Mercadante para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), conforme anunciado pelo presidente eleito Lula.
A Lei das Estatais exige uma quarentena de 36 meses para indicados ao Conselho de Administração e para diretoria de estatais que participaram de “estruturação e realização de campanha eleitoral”. Na avaliação de especialistas, esse é um obstáculo para a nomeação de Mercadante, já que ele foi coordenador de campanha de Lula. O texto aprovado pelos deputados reduz esse prazo para apenas 30 dias. A mudança também favorece, com a mesma quarentena, indicados para agências reguladoras.
Ibovespa
A ação PETR3encerrou o dia 13 de dezembro de 2022 cotada em R$ 26,93, enquanto a ação PETR4 encerrou em R$ 23,32.






