A Petrobras (PETR4) pode adquirir a fatia da Braskem (BRKM5) pertencente à Novonor.
Os executivos da petroleira deram essa informação em coletiva de resultados, o que dá a entender que ainda há interesse da estatal na petroquímica.
A petroleira detém metade da Braskem e a Novonor a outra metade, porém, esta procura um comprador para se desfazer do ativo e, assim, enxugar suas operações.
A razão é que a Novonor é a ex-Odebrecht, uma das principais empresas de infraestrutura do Brasil, mas que se viu arrolada na Operação Lava Jato.
Por conta das investigações e indiciamentos, teve executivos detidos e presos e viu suas operações ficarem comprometidas, inclusive financeiramente.
Desta forma, buscou um reposicionamento começando pelo branding e agora trabalha para ajustar o caixa à nova realidade.
Petrobras (PETR4) de olho na Braskem
A Braskem, por sua vez, já recebeu três propostas, sendo Unipar Carbocloro (UNIP6), J&F e uma conjunta entre a gestora Apollo e a petroleira Adnoc, da Arábia Saudita.
Os árabes, inclusive, fazem uma série de incursões empresariais por diversas localidades do Brasil e, como é cultural, acabam presenteando seus interlocutores com mimos bem valiosos.
Recentemente o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que devolveria uma onça dourada que recebeu do Reino das Arábias.
Em relação às ofertas, a Unipar oferece R$ 10 bilhões e a manutenção da Novonor no quadro societário, com cerca de 4% de participação.
Já a J&F, dona da JBS (JBSS3), emparelhou a oferta, ou seja, os mesmos R$ 10 bilhões, mas não propõe manutenção da Novonor no quadro societário.
No caso da Petrobras, é do interesse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conservar o ativo sob a sombra da petroleira, pois este pretende fazer um grande investimento em polos de refino.
É o caso, por exemplo, do Polo Gaslub (ex-Comperj), em Itaboraí, no Rio de Janeiro, cujas obras deverão ser retomadas em breve.
A realidade brasileira
O Brasil é deficitário em polos de refino, tem poucos para a demanda e, para complicar, a qualidade do óleo que extrai em sua costa é excessivamente grossa e, desta forma, precisa ser refinada em petroquímicas mais robustas, boa parte delas no exterior.
Isso implica, então, em custo de extração e, na sequência, refino, o que faz com que o produto final, ou seja, o combustível que o brasileiro coloca em seu automóvel, não seja tão barato como poderia ser.
Por isso a melhor proposta feita pela Braskem foi a da Unipar, conforme a opinião de analistas de mercado, executivos da Petrobras e outros agentes envolvidos nesta cadeia produtiva.
Acontece que, neste caso, a Braskem continua sob a tutela de uma empresa nacional e, com isso, pode dar preferência às demandas internas.
Melhor que isso, na opinião dos agentes de governo, seria a aquisição pela Petrobras, pois isto manteria a empresa sob a tutela da União.
Coletiva de resultados
Na coletiva de resultados, desta data, o diretor financeiro (CFO) Sergio Caetano Leite disse que a Petrobras tem uma aderência estratégica que pode a fazer focar em petroquímicas. “É um negócio atraente e alinhado à nossa estratégia de longo prazo”, ressaltou, mencionando que as margens da gasolina, por conta de toda a questão da transição energética, tendem a cair.
“Estamos vendo a questão da petroquímica, da Braskem, de forma estratégica para nós. Várias companhias integradas têm um braço integrado da petroquímica, isso traz valor e uma segurança ao longo prazo”, mencionou, explicando que a estatal avalia a questão no desenvolvimento do seu novo Plano Estratégico para o período de 2024 a 2028.
Para ele, as duas empresas têm uma integração muito forte no que tange matérias-primas, lubrificantes e fertilizantes.
Bolsa
Por volta das 16h05 a ação PETR4 caía 2,88%, cotada em R$ 30,03.

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