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JBS (JBSS3): EQI Research recomenda Compra em início de cobertura

JBS (JBSS3): EQI Research recomenda Compra em início de cobertura

A EQI Research iniciou a cobertura da JBS ($JBSS3), como parte da análise do setor de proteínas no mercado brasileiro, com recomendação de Compra para as ações da empresa, a preço-alvo de R$ 32 para dezembro de 2024.

O valor representa um potencial de valorização acima de 75% em relação ao preço do fechamento nesta sexta-feira (29), de R$ 18,05. Ao longo do ano, os papéis acumulam queda próxima de 15%.

Cotações da JBS JBSS3 ao longo de 2023
Fonte: Google Finance

“O preço-alvo de R$ 32, segundo os analistas, é baseado no método de fluxo de caixa descontado (DCF). Os fluxos de caixa futuros são projetados a valor presente pela taxa de desconto, equivalente ao custo médio ponderado de capital da Companhia (WACC) de 12,9%. Este WACC é calculado com base no custo de capital próprio de 15,4% e no custo de capital de terceiros líquido de 13,4%. Assumimos uma estrutura de capital com 40,0% de capital próprio. Os fluxos foram projetados até 2033, depois disso assumimos crescimento de 5,0% a.a. na perpetuidade”, explicam os analistas sobre a definição do preço. 

JBS (JBSS3): o ciclo da produção pecuária

Os analistas da EQI Research explicam que o ciclo pecuário é caracterizado por flutuações nos preços do gado e da carne, com períodos de baixa e alta, que se repetem de tempos em tempos. “No Brasil, historicamente o ciclo durava por volta de 5 a 7 anos, mas isso vem se reduzindo à medida que a idade de animais para abate diminui”, diz o relatório da casa.

O ciclo de alta começa com o aumento dos preços de bezerros (chamados de reposição) no mercado, estimulando a cria e consequentemente a retenção de fêmeas e o aumento da cotação do boi gordo. Essa maior retenção de matrizes, no entanto, resultará em um aumento da produção de bezerros, o que faz o preço cair. Com a maior disponibilidade de animais para abate, as cotações do boi gordo são pressionadas, iniciando o ciclo de baixa.

Com a redução do número de matrizes, a produção de bezerros é prejudicada, de modo que a reposição de animais do rebanho e a futura oferta de gado para abate serão piores. Assim, alguns anos depois, a escassez de animais para abate faz o preço subir novamente.

“As ações das empresas do setor de proteínas são negociadas de forma pró-cíclica, de modo que é de suma importância para o investidor ter a leitura correta dos momentos do ciclo em que cada companhia se encontra. Os frigoríficos compram bois e vendem carne, e se beneficiam ao conseguir comprar animais para abate mais baratos. Entre 2020 e 2022, o ciclo foi especialmente positivo para frigoríficos com maior exposição operacional ao mercado norte-americano, como a JBS. A combinação de alta disponibilidade de animais para abate, capacidade produtiva reduzida e oferta doméstica aquecida levou o setor a margens históricas. Por outro lado, os frigoríficos com maior concentração da capacidade produtiva na América do Sul, como a Minerva ($BEEF3), atravessaram este mesmo período em situação oposta, sofrendo pressão de margens por baixa disponibilidade de animais para abate (preço do boi gordo em alta) e demanda por carne bovina fraca. Mas o cenário atual é de reversão nos dois mercados. Vemos maior disponibilidade de animais para abate na América do Sul, enquanto nos EUA é momento de contração”, diz a EQI Research.

JBS (JBSS3): tese de investimento

A JBS é hoje apontada como a maior processadora mundial de proteínas e, com um portfólio de produtos e presença geográfica altamente diversificados, tem a maior capacidade entre todos os frigoríficos brasileiros de mitigar os riscos trazidos pela natureza cíclica do negócio.

“Acreditamos que a pior parte do ciclo bovino nos EUA já ficou para trás e devemos começar a ver margens crescentes nos próximos trimestres. Recentemente, a JBS anunciou a intenção de listar suas ações nos EUA, um movimento há muito aguardado por investidores, e que poderá destravar o valor de suas ações ao permitir a comparação direta com pares internacionais”, apontam os analistas da EQI Research.

Seu porte atual, com expansão turbinada pela aquisição de diversas marcas nas últimas duas décadas, permite à JBS obter acesso aos principais mercados mundiais, com ganhos de escala, otimização da produção, redução de custos fixos e poder de negociação com clientes e fornecedores.

“Com uma plataforma global de produção e distribuição em 20 países, a JBSS conta com mais de 400 unidades produtivas e escritórios nas Américas, Ásia, Europa, África e Oceania, que atendem mais de 330 mil clientes em 190 países. O mix de produtos inclui todas as principais proteínas globais (bovina, aves, suínos, ovinos e peixes), além de um amplo portfólio de produtos processados de maior valor agregado”, aponta o relatório de recomendação.

Para analistas, essa diversificação proporciona à JBS grande flexibilidade operacional e mitigação de riscos, principalmente àqueles relacionados a restrições sanitárias eventuais, barreiras comerciais; e mudanças cíclicas de cada commodity.

“A JBS conseguiu, à medida que foi aumentando sua diversificação, não só aumentar suas margens, como também diminuir a volatilidade dos seus resultados consolidados, com a margem EBITDA consolidada oscilando bem menos do que as margens EBITDA das linhas de negócio individuais”, explica a casa de análises.

A possível listagem de ações na Bolsa de Nova York , cuja análise começou a ser realizada pela empresa neste ano, também traz potencial de crescimento para a empresa. Os atuais acionistas poderão trocar suas ações JBSS3 por ações ordinárias Classe A e Classe B da JBS N.V., constituída na Holanda e listada nos EUA. A ação Classe A, por sua vez, poderá ser trocada por BDRs nível 2 listados na B3. O objetivo da companhia é ter todo o processo de listagem concluído até o fim deste ano.

“Acreditamos que essa listagem internacional pode ajudar a JBSS a destravar valor para seus acionistas, já que suas ações negociam no Brasil por múltiplos abaixo a de seus pares norte-americanos e seu custo de capital é mais alto, por incorporar o prêmio de risco Brasil, mesmo que suas receitas já sejam majoritariamente no exterior. Outro benefício seria também em relação a governança. Ao passar diretamente para o escrutínio da SEC (órgão regulador do mercado de capitais norte-americano), acreditamos que o investidor estrangeiro pode melhorar sua percepção de risco para a companhia. Ainda que a JBS precise atender às expectativas de investidores em um novo mercado antes que vejamos uma eventual expansão de múltiplos, achamos que o diferencial para seus pares norte-americanos é tão grande que mesmo uma expansão de múltiplos parcial renderia uma valorização significativa das ações”, aponta a EQI Research.

JBS (JBSS3): riscos para o investimento

Por outro lado, o risco de não aprovação do processo de listagem nos EUA é apontado pelos analistas da EQI Research como uma possibilidade de redução do valor, assim como uma eventual piora no ambiente de consumo norte americano, diante de um cenário de aperto monetário e redução da atividade econômica, que dificultaria a recuperação de margens.

“Achamos que o cenário mais provável é que a dupla listagem realmente seja aprovada em assembleia de acionistas. No entanto, o fato de que após a dupla listagem haverá duas classes de ações pode causar algum desconforto em como o acionista minoritário pode receber o acordo, uma vez que as ações classe B (sem liquidez) terão um poder de voto dez vezes maior que o das ações classe A (líquidas). Além disso, a J&F, acionista controladora da JBS, com 49% das ações) não terá direito a voto na assembleia de acionistas que avaliará o negócio. Dessa forma, o BNDES, que detém 41% das ações em circulação, terá forte influência no resultado. Por isso, ainda não damos como certa a aprovação da matéria”, alertam os especialistas.

Outra ressalva é o quanto a estratégia agressiva de aquisições pode comprometer a estrutura de capital da companhia, causando uma alavancagem excessiva que possa sair de controle.

“Reconhecemos a exitosa estratégia de aquisições da companhia até o momento como um dos principais responsáveis pela conquista do alto grau de diversificação do atual modelo de negócios da JBS. Mesmo assim, achamos importante acompanhar de perto futuros possíveis movimentos de aquisição que a companhia possa vir a fazer. Isso é particularmente importante em um momento de baixa de ciclo, onde a geração de caixa se torna mais relevante. A alavancagem atual, de 3,9x Dívida Líquida/EBITDA, nos parece perto do limite saudável”, concluem os analistas da EQI Research sobre a JBS (JBSS3).