De acordo com a mais recente pesquisa de sentimento de mercado divulgada pelo Itaú BBA nesta segunda-feira (10), os investidores estrangeiros estão demonstrando mais otimismo em relação às ações brasileiras do que os próprios investidores nacionais.
Entre os participantes da pesquisa, 40,4% revelaram uma visão positiva sobre a Bolsa brasileira para os próximos seis meses, apresentando um pequeno aumento em relação ao levantamento anterior. A proporção de respostas neutras caiu para 43,9%, enquanto o índice de investidores pessimistas foi reduzido para 15,8%.
Para os investidores estrangeiros, a percepção positiva chega a 56%, enquanto, entre os paulistas, há uma divisão entre otimismo e visão neutra. No Rio de Janeiro, mais da metade dos entrevistados mantém uma postura neutra em relação ao mercado.
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Aumento da exposição e expectativas de lucro
Já a intenção de aumentar a exposição à Bolsa brasileira subiu quase sete pontos percentuais em comparação com a pesquisa anterior, atingindo 38% dos entrevistados. Em contraste, apenas 4,4% planejam reduzir seus investimentos.
O volume de caixa nas carteiras também aumentou, com 27% dos investidores agora mantendo entre 5% e 10% do patrimônio em liquidez, contra 19% na pesquisa de outubro.
Quanto às expectativas de lucro, 41% dos investidores consideram as estimativas de consenso como excessivamente otimistas, enquanto 44% as veem como realistas. Em São Paulo, a percepção de projeções mais agressivas é mais acentuada, enquanto no Rio de Janeiro predomina a visão de que as estimativas estão mais alinhadas com a realidade.
Para os resultados do quarto trimestre de 2024, 49% acreditam que não haverá alterações significativas nas previsões de lucro, enquanto 38% esperam um balanço positivo, mas sem grandes revisões.
Taxa de juros e outros detalhes do estudo
Segundo o estudo realizado, a maioria dos investidores projeta que as taxas de juros de longo prazo no Brasil se manterão entre 14% e 15% nos próximos meses. No entanto, investidores estrangeiros demonstram uma visão mais otimista, prevendo uma possível redução para a faixa de 12% a 13%.
Perspectivas para as finanças públicas
Em relação à política fiscal, 63,2% dos investidores acreditam que o atual nível de gastos do governo será mantido ao longo dos próximos 18 meses. Por outro lado, 31,6% esperam um aumento nas despesas e um agravamento do déficit primário.
Quando questionados sobre o momento em que o mercado começará a refletir mudanças no cenário macroeconômico, mais da metade dos investidores (acima de 50%) acredita que isso ocorrerá entre o terceiro e o quarto trimestre deste ano.
Alocação setorial: tendências e preferências
No que diz respeito à alocação de ativos, o setor de utilities se consolidou como o mais procurado, com quase 67% dos investidores aumentando sua exposição. Em contraste, os grandes bancos perderam atratividade, com uma redução de 10 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior.
Por outro lado, os setores de consumo, varejo e educação foram os menos favorecidos, seguidos por siderurgia e mineração. Notou-se uma leve melhora na percepção sobre as commodities, especialmente com relação ao petróleo e gás, com uma redução na pressão negativa sobre esses ativos.
Fatores que podem impactar a bolsa
O estudo realizado pelo BBA destaca que a principal preocupação dos investidores continua sendo a política fiscal. Além disso, questões como a inflação interna e as tarifas comerciais dos Estados Unidos também têm ganhado relevância nas análises dos investidores.
Em relação ao fluxo de capital, um terço dos entrevistados acredita que o Brasil continuará atraindo investimentos, dentro de uma estratégia global que busca aumentar a exposição aos mercados emergentes. Outros 24% esperam que o país se beneficie com a migração de recursos para mercados emergentes de forma geral.
Mercado nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, o cenário é de maior cautela. De acordo com a pesquisa, 37,2% dos investidores possuem uma visão positiva sobre as ações americanas, enquanto 46,8% mantêm uma posição neutra e 16% estão pessimistas. No Rio de Janeiro, mais da metade dos entrevistados tem uma visão favorável sobre o mercado, mas 24% apresentam uma percepção negativa, o maior índice entre as regiões analisadas.
Com relação à taxa de juros dos Estados Unidos, a maioria dos investidores acredita que o Federal Reserve manterá a taxa dos fundos federais entre 4% e 4,5% até o final deste ano, indicando uma margem reduzida para eventuais cortes.
Preferências dos investidores locais e estrangeiros
Os investidores continuam a considerar os setores de utilities e grandes bancos como as opções mais atrativas para investir na Bolsa brasileira. Contudo, a pesquisa do Itaú BBA revela que, em comparação com a análise anterior, a preferência por instituições financeiras diminuiu.
O setor de utilities teve um aumento em sua “sobreponderação”, atingindo 67% das preferências, enquanto os grandes bancos sofreram uma queda de 10 pontos percentuais desde outubro.
As escolhas setoriais variam de acordo com o perfil e a localização dos investidores. Entre os investidores estrangeiros, os grandes bancos continuam sendo a principal escolha, ao passo que os investidores locais demonstram maior interesse por utilities.
Em São Paulo, o setor de construtoras e incorporadoras teve destaque, enquanto no Rio de Janeiro, mais da metade dos investidores mantém uma posição mais robusta nos grandes bancos.
Os hedge funds, que adotam estratégias mais flexíveis e complexas para explorar diversas condições de mercado, focaram suas alocações principalmente em grandes bancos, petróleo e gás, além de papel e celulose, setores considerados mais estáveis ou com boas margens operacionais.
Já os gestores long-only, que optam por uma abordagem mais conservadora com foco em posições de longo prazo, têm mostrado uma maior exposição a financeiras não bancárias e ao setor de transporte. Isso sugere que eles veem boas oportunidades nesses segmentos, impulsionados pela expansão do crédito e pela crescente demanda por logística e mobilidade.
Setores com menor atratividade
Por outro lado, os setores de consumo e varejo e educação são os menos procurados, seguidos de perto por siderurgia e mineração. A pesquisa aponta que a percepção sobre petróleo e gás, assim como sobre siderurgia e mineração, melhorou em relação à pesquisa anterior.
No entanto, a exposição a consumo e varejo, educação e saúde diminuiu. Investidores estrangeiros diminuíram suas posições em saúde, além de construtoras e incorporadoras.
No Brasil, os investidores do Rio de Janeiro demonstraram maior cautela com os setores de consumo e varejo, alimentos e bebidas. Em São Paulo, os setores de educação e saúde foram os que apresentaram a menor exposição, em comparação com o índice de referência.
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