Fraude na Americanas (AMER3). A companhia divulgou dados do relatório contendo revelações preliminares acerca dos fatos narrados no Fato Relevante de 11 de janeiro de 2023 sobre lançamentos contábeis, que informou ao mercado inconsistências contábeis da companhia. O documento indica a existência de fraude nas demonstrações financeiras da companhia.
Segundo fato relevante divulgado hoje, a varejista divulgou que o documento foi apresentado por assessores jurídicos da administração e que documentos analisados pelos assessores para a produção desse relatório indicam que as demonstrações financeiras da companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas.
“Os documentos que deram origem ao relatório demonstram ainda os esforços da diretoria anterior das Americanas para ocultar do Conselho de Administração e do mercado em geral a real situação de resultado e patrimonial da Companhia”, diz trecho do fato relevante.
Fraude na Americanas (AMER3): ex-CEO teria tido participação
Na participação dos ex-diretores, o relatório indica ainda que o ex-CEO Miguel Gutierrez pode, supostamente, ter tido participação nessa eventual fraude, além dos ex diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, e dos ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes.
O relatório traz ainda detalhes sobre essa suposta fraude. Segundo a Americanas, as informações do relatório, associadas aos trabalhos de refazimento das demonstrações financeiras históricas da companhia que já vinham sendo realizados pela Americanas e seus assessores financeiros e contábeis, levaram ao entendimento de que a fraude das demonstrações financeiras se dava predominantemente de algumas formas.
Na primeiras delas, foram identificados diversos contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares (VPC), incentivos comerciais usualmente utilizados no setor de varejo, que teriam sido artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da companhia como redutores de custo, mas sem efetiva contratação com fornecedores. “Esses lançamentos, feitos durante um significativo período, atingiram, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$ 21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022”, diz trecho do fato relevante.
As contrapartidas contábeis em balanço patrimonial desses contratos de VPC criados ao longo do tempo, os quais não tiveram lastro financeiro associado, se deram majoritariamente na forma de lançamentos redutores da conta de fornecedores, totalizando, em números preliminares e não auditados, R$ 17,7 bilhões em 30 de setembro de 2022. A diferença de R$ 4 bilhões teve como contrapartidas lançamentos contábeis em outras contas do ativo da companhia.
Contratação de empréstimos sem autorização
Em adição às operações de VPC, e como forma de gerar o caixa necessário para a continuidade das operações das Americanas, a diretoria anterior contratou uma série de financiamentos nos quais a companhia é devedora perante instituições financeiras, sem as devidas aprovações societárias, segundo o documento.
Esses empréstimos foram lançados de forma inadequada no balanço da companhia no trimestr encerrado em 30 de setembro do ano passado da seguinte forma:
- Operações de financiamento de compras (risco sacado, forfait ou confirming) de R$ 18,4 bilhões, em números preliminares e não auditados;
- e operações de financiamento de capital de giro de R$ 2,2 bilhões, em números preliminares e não auditados.
“A indevida contabilização dessas operações de financiamento nos demonstrativos financeiros da Americanas não permitiu a correta determinação do grau de endividamento da companhia ao longo do tempo”, informou a empresa.
Além disso tudo, também foram identificados lançamentos redutores da conta de fornecedores oriundos de juros sobre operações financeiras, que deveriam ter transitado pelo resultado ao longo do tempo, totalizando, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$ 3,6 bilhões em 30 de setembro do ano passado.
A varejista esclareceu que os ajustes derivados dessa descoberta ainda estão sujeitos à alterações e que estarão contemplados nos demonstrativos auditados que ainda serão reapresentados. Dessa forma, os efeitos ainda serão avaliados, mas expectativa da Administração é de que o impacto nos resultados mais recentes seja significativo.
O Conselho de Administração atual orientou a companhia e os assessores a apresentar o relatório a todas as autoridades competentes e avaliar as medidas visando ao ressarcimento dos danos causados pela suposta fraude em suas demonstrações financeiras.
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