O BTG (BPAC11) mantém recomendação neutra para Natura (NTCO3), apesar da venda da Aesop por R$ 2,5 bilhões à vista, dinheiro este que pode ajudar a companhia em sua reestruturação.
Acontece que o banco de investimentos diz enxergar a Natura com dois grandes desafios para os próximos trimestres, sendo:
- alta alavancagem em meio ao cenário de juros altos (agora resolvido com a venda de Aesop);
- e problemas na renovação de suas operações Avon (tanto na América Latina quanto internacionalmente) e TBS.
“Gostamos dos esforços para simplificar sua estrutura em meio ao cenário adverso, mas em termos de fundamentos, o curto prazo deve continuar desafiador, com margens pressionadas e receita fraca”, destacou, no relatório encaminhado ao mercado.
A instituição financeira elencou, no documento, que nos últimos anos, a Natura focou no crescimento global agressivo e na diversificação dos canais de vendas, comprando Aesop em 2012, The Body Shop (TBS) em 2017 e Avon em 2019.
“Esses movimentos impulsionaram a alavancagem financeira (dívida líquida de R$ 4,6 bilhões ou 2,4x líquida dívida/EBITDA, pré-IFRS16, no 4T19, pré-pandemia) e redução do ROIC (para 15,5% no em 2019 vs. +30% 5 anos antes)”, disse.
E acrescentou: “mas a Natura concluiu dois aumentos de capital em 2020 (R$ 2 bilhões em maio; R$ 6 bilhões em outubro), fortalecendo sua posição de caixa e reduzindo a alavancagem financeira e a dívida denominada em dólares (28% da dívida bruta na época). No entanto, após um período inicial de resultados animadores que nos levaram a elevar nossa recomendação, a Natura ficou aquém das expectativas nos últimos trimestres, apresentando números abaixo do esperado na maioria de suas unidades de negócios e lutando para retomar as vendas na bandeira Avon (na América Latina, mas principalmente internacionalmente) e na TBS. O câmbio menos favorável e a inflação também pressionaram sua estrutura de custos. A empresa encerrou o 4T22 com 5,1x dívida líquida/EBITDA (pós-IFRS16).”

BTG (BPAC11): Natura (NTCO3)
Em relação à Aesop, o BTG explicou que após um intenso fluxo de notícias nos últimos meses, a Natura anunciou um acordo vinculativo para vender a Aesop para a L’Oreal. A transação apoiará a desalavancagem financeira da Natura&Co e permitirá que ela foque em suas prioridades estratégicas, notadamente a integração das bandeiras Avon e Natura na América Latina.
O preço de compra será pago em dinheiro no fechamento, previsto para ocorrer no 3T23 e sujeito às aprovações regulatórias usuais. A Natura adquiriu a Aesop em 2013 por US$ 105 milhões.
Em outubro do ano passado, a Natura anunciou que seu conselho autorizou a administração a iniciar um estudo comparativo para avaliar um IPO da Aesop (marca e unidade de negócios de beleza e bem-estar de luxo da Natura&Co) ou sua cisão da Natura&Co, potencialmente seguida por oferta pública.
Em novembro, houve relatos de uma possível venda de uma participação (ou de toda a empresa) para um parceiro estratégico (supostamente por US$ 2 bilhões).
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