O Banco de Brasília – BRB (BSLI3; BSLI4) desistiu da aquisição do Banco Master, que atravessa dificuldades financeiras, confirmaram à Reuters duas pessoas familiarizadas com o assunto. A decisão põe fim aos planos do BRB, controlado pelo governo do Distrito Federal, de assumir uma fatia majoritária na instituição.
A chave para o revés foi a rejeição, no mês passado, por parte do Banco Central (BC) à proposta inicial do BRB para a compra de 58% das ações do Master. Na época, o BRB havia se limitado a afirmar que avaliaria a decisão do regulador e “exploraria alternativas”.
Embora o mercado e alguns observadores esperassem que o banco estatal pudesse apresentar uma proposta revisada, talvez focada em ativos específicos do Banco Master, ambas as fontes, falando sob condição de anonimato devido à sensibilidade do tema, asseguraram que o BRB abandonou o plano por completo.
BRB desiste do Banco Master: estatal prevê mais obstáculos
Segundo uma das fontes, o BRB concluiu que qualquer nova oferta enfrentaria os mesmos obstáculos regulatórios que levaram o BC a barrar a proposta original. O banco estatal, inclusive, optou por não emitir um comunicado formal sobre a mudança de planos, buscando evitar atrair mais atenção e foco para a delicada situação financeira do Banco Master, acrescentou a mesma fonte.
Há pouco mais de uma semana, o Banco Central (BC) havia aprovado um aumento de capital de R$ 840 milhões em duas instituições controladas pelo Banco Master.
O BC autorizou uma injeção de R$ 420 milhões no Banco Master Múltiplo e R$ 419 milhões na Will Financeira (Will Bank), braço digital do grupo. Com os aportes, o capital social do Master sobe para R$ 1,586 bilhão, e o da Will Financeira atinge R$ 789 milhões.
A capitalização acontece logo após o Banco Central rejeitar, no início de setembro, a proposta do BRB para comprar 58% do capital total da instituição em uma operação avaliada em R$ 2 bilhões. O negócio, que previa a compra de ações ordinárias e preferenciais, foi barrado após análise regulatória e contestação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que apontou irregularidades processuais e pedia a suspensão da negociação.
A transação entre BRB e Master foi uma das mais controversas do setor financeiro em 2025. O Banco Master vinha sendo alvo de desconfiança do mercado devido à sua agressiva política de captação. Seu modelo financeiro dependia fortemente da emissão de títulos de dívida, vendidos em plataformas de investimento com rendimento muito superior ao de seus pares — em alguns casos, chegando a 140% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).