A B3 ($B3SA2) estuda ampliar o horário de negociação dos pregões, hoje realizados entre 10h e 17h. A ideia é aumentar a janela de negociação para investidores estrangeiros, como consequência da modernização do mercado, hoje operado de forma 100% eletrônica. A ideia de ampliar o horário da B3 já foi inclusive comunicada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e ao Banco Central, para avaliação dos órgãos reguladores.
Mário Palhares, vice-presidente de Operações, Negociação Eletrônica e Contraparte Central da B3, disse ao jornal Valor Econômico que a expectativa é que essa ampliação possa ser testada a partir de 2024 de forma gradual, com a criação de um piloto e a restrição a produtos de menor valor.
Para ele, é possível pensar em oferecer janelas para que alguns produtos possam ser negociados entre 7h30 e 22h, mas “de maneira gradual e cautelosa”, para causar o menor impacto possível nos mercados.
Após o fechamento do pregão, uma série de procedimentos são realizados. As corretoras alocam ordens que não foram alocadas no pregão normal, a bolsa calcula riscos, ajustes, valores de liquidação, os fundos têm de atualizar suas cotas, entre diversos outros fatores. Além disso, as empresas costumam divulgar os fatos relevantes sobre decisões de impacto, além dos próprios balanços trimestrais, somente após o fechamento do mercado, para evitar impactos imediatos nas cotações.
Palhares afirma que a ideia de fazer a B3 funcionar até mais tarde pode atender uma demanda de investidores mais jovens, que estão mais acostumados com plataformas digitais, enquanto abrir o pregão mais cedo facilitaria a vida de investidores europeus.
“Tem períodos do ano que temos quatro horas de diferença com Londres. Quase metade da nossa base é de investidores estrangeiros. Será que não destravaria valor se eu abrisse mais cedo?”, pondera o executivo. A CVM e o BC ainda não se manifestaram sobre a possibilidade de ampliar o horário da B3.
André Arantes, diretor dos assessores da EQI Investimentos, acredita que a ampliação do horário das negociações da B3, a princípio, não faz sentido. Na avaliação dele, o acréscimo de uma ou duas horas a mais no pregão não será determinante para o aumento de liquidez no mercado de capitais.
“A bolsa de valores precifica as companhias pelo balanços corporativos ao avaliar se estão crescendo ou não”, diz Arantes. O horário de negociação deve influenciar, sim, em sua visão, na atividade dos investidores day trade que compram e vendem ativos financeiros no mesmo dia.
