O Morgan Stanley divulgou nesta sexta (22) as projeções para a inflação do Brasil em 2021 e alterou, para cima, suas previsões anteriores. Acima até do BC.
Segundo o banco, o Brasil fechará 2021 com a inflação batendo 4,2%. A projeção anterior era quase 1% menor (3,3%). A meta estabelecida pelo Banco Central (BC) também é menor do que a projeção do banco: 3,75%.
A inflação, segundo o Morgan Stanley
De acordo com o relatório do Morgan Stanley, a alta de preços deve ser pressionada pelo setor de alimentos e, também, pelo de serviços, além da gasolina e do petróleo.
Em entrevista para a Reuters, especialistas afirmaram que “o diabo mora nos detalhes”. Trocando em miúdos, isso significa que, mesmo com medidas preventivas estando em patamares baixos na comparação anual, as taxas anualizadas estão alcançando de 6% a 8%.
“É o mesmo padrão que vemos tanto na inflação de serviços quanto no núcleo da inflação de serviços, o que pode ser um sinal de normalização depois do choque da pandemia”, afirmaram Thiago Machado e Fernando Sedano em nota.
Mudança de avaliação
A possível mudança de “otimista” para “neutra” para os especialistas do Morgan Stanley também tem embasamento técnico.
“Achamos que isso se deve provavelmente a uma combinação de vários fatores, incluindo moeda mais fraca, forte demanda —impulsionada pelo auxílio emergencial— e baixos níveis de investimento, o que tem impacto de alta nos custos de produção devido à fraqueza do câmbio”.
Os especialistas também alertaram para os níveis dos reservatórios para produção de energia elétrica, que estão em mínimas históricas, e impulsionando as tarifas para cima.
Desemprego e IPCA
Outra razão estrutural apontada pelo banco foi a alta do desemprego.
A taxa Nairu —taxa de desemprego de equilíbrio, que não exerce pressão sobre a inflação— pode estar mais alta neste estágio.
“Quanto mais as pessoas permanecem desempregadas, mais difícil é para elas voltar ao mercado de trabalho. Como resultado, pode-se dizer que a inflação de serviços pode não despencar como sugerido pela alta ociosidade pintada pelos indicadores do mercado de trabalho”.
O Morgan Stanley elencou ainda a projeção do IPCA, que foi mantida em 3,5% para 2022 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O banco vê agora elevação dos juros (taxa Selic) em maio, ao ritmo de 0,25 ponto percentual, com a taxa fechando este ano em 3,50%, e chegando a 5,50% em 2022.
