O noticiário econômico foi “invadido” por uma instituição financeira que não era conhecida de todo o investidor, a não ser aqueles que tem predileção por tecnologia. E agora o que todos querem saber é o que aconteceu com o Silicon Valley Bank (SVB)?
Trata-se de uma instituição com sede em Santa Clara, na Califórnia (CA), e tida como “o banco das startups”. Isso porque operava em venture capital, que é uma modalidade de investimento de risco, onde o dinheiro é aplicado em empresas jovens e promissoras.
O banco chegou a um triz de quebrar, mas foi socorrido às pressas pelo governo dos EUA, por meio da autoridade regulatória na última semana para, com isso, evitar um colapso no mercado financeiro.
A primeira medida foi criar uma nova instituição bancária, chamada de Santa Clara, para redirecionar as operações do SVB, de maneira que a autoridade monetária tenha total controle sobre os ativos.
Na sequência, foi anunciada a venda do empreendimento, bem como de suas carteiras, visando pulverizar o impacto, fazendo, assim, com que o governo não absorva o tranco sozinho.
A unidade do SVB no Reino Unido, por exemplo, já foi adquirida pelo HSBC da Inglaterra. Nos EUA, o presidente Joe Biden teve de ir a público informar que todos os correntistas terão acesso aos recursos.
Ele fez isso porque na última semana houve uma corrida para sacar os recursos e isso, quando acontece, é péssimo para o mercado e impacta fortemente no sistema financeiro, contaminando o setor.
A derrocada do banco aconteceu na primeira semana de março de 2023 quando a instituição anunciou que sua saúde financeira estava mal.

O que aconteceu com o Silicon Valley Bank (SVB)?
Na prática, a derrocada do banco está ligada às altas taxas de juros praticadas pelo governo dos EUA.
Acontece que os juros nos EUA passaram de 0,25%, em 2020, para 4,75%, em fevereiro deste ano, em uma tentativa de o Banco Central americano controlar a inflação.
Como juro alto significa crédito caro, os investidores interessados em captar dinheiro pra investir em empresas e soluções de tecnologia por meio de venture capital foram escasseando.
Além disso, uma desaceleração no segmento de tecnologia, com empresas demitindo (promovendo correção) acabou afastando o tomador de crédito do próprio crédito.
Na prática, pode-se dizer que o banco ficou sem dinheiro. Ou seja, não havia mais entradas suficientes para justificar a operação e nem saídas para (tomadas de empréstimos e afins) para manter seu principal produto.
O que são Treasuries?
Os Treasuries são títulos do Tesouro dos EUA, e o SVB havia realizado uma série de investimentos nessa classe de ativos. Com o aumento da taxa de juros, os valores desses títulos foram caindo.
Para se ter ideia, na última quarta-feira (8) o SVB anunciou a venda de diversos títulos com prejuízo e, além disso, afirmou que venderia US$ 2,25 bilhões em novas ações. Entretanto, o anúncio gerou pânico em empresas de capital de risco, fazendo com que investidores retirassem dinheiro do banco.
No dia seguinte (9), o presidente-executivo do banco, Greg Becker, pediu para os clientes manterem a calma. No entanto, muitos investidores provocaram uma corrida para saque e as ações despencaram 60%, fazendo o SVB perder quase US$ 10 bilhões.
Ainda assim, vale destacar que até o último exercício fiscal de 2022 ninguém havia informado qualquer inconsistência na saúde financeira do banco. O desenrolar dos fatos se deu de forma rápida e fulminante.
Ainda assim, tão rápida quando a quase quebra do SVB foi a agilidade do governo norte-americano em segurar o banco, acalmar os clientes e evitar o contágio.
Quando acendeu o sinal vermelho?
O sinal vermelho acendeu no dia 8 de março de 2023 quando os executivos do SVB anunciaram que o banco precisava levantar mais de US$ 2 bilhões para reforçar seu balanço.
Levantamento da Bloomberg elenca, ainda, que também influenciou o fato de o SVB ter o maior percentual de depósitos domésticos não garantidos de todos os grandes bancos. Estes totalizaram quase US$ 152 bilhões, ou cerca de 97% de todos os depósitos.
No final daquele 8 de março de 2023 os clientes tentaram sacar US$ 42 bilhões em depósitos.
Veja a linha do tempo
- 28 de fevereiro: o serviço de investidores da Moody’s liga para o SVB e indica que a empresa de classificação está se preparando para rebaixar o crédito do banco;
- 01 de março: os executivos do SVB supostamente discutem o assunto com o Goldman Sachs e voam para Nova York para se encontrarem com outras empresas de classificação de risco;
- 02 de março: o SVB cai 60% nas negociações após o expediente;
- 03 de março: a nota de crédito do banco cai e recebe perspectiva negativa;
- 08 de março: O SVB anuncia a intenção de levantar US$ 2,25 bilhões em novo capital com a venda de novas ações;
- 09 de março: o fundo de Peter Thiel, entre outros, aconselha as empresas a retirarem seus recursos;
- Saiba mais sobre o Silicon Valley Bank e invista em ativos de proteção.