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O agro não é um só – e o Brasil segue atraente, apesar da tarifa

O agro não é um só – e o Brasil segue atraente, apesar da tarifa

Entrou no radar, nas últimas semanas, o risco de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos. Alguns clientes da EQI nos perguntaram qual nossa análise de impactos no agronegócio. Por isso, dedicamos a coluna de hoje para aprofundar nesse ponto. Vamos lá… 

Em primeiro lugar, entendemos que a ameaça é séria, sim. Mas isso não significa que o Brasil como um todo está em risco, nem que todo o setor agro está ameaçado. 

Tarifa atinge agro de modos diferentes: setor é diversificado e competitivo

É sempre importante lembrarmos que o agro não é um só: 

Falar somente em “tarifa sobre produtos brasileiros e seus efeitos” é diferente de falar em tarifa sobre café, laranja ou carnes… O agronegócio brasileiro é diversificado e competitivo. Há muitos produtos que nem são exportados para os EUA em larga escala, outros que têm mercados alternativos imediatos, e ainda aqueles com cadeias longas e consolidadas que não mudam de fornecedor da noite para o dia. 

✅ O café brasileiro, por exemplo, vai principalmente para Europa e Ásia. O percentual destinado aos EUA não é baixo — cerca de 17% —, mas o café brasileiro tem demanda global consolidada. Esse é o exemplo de uma cultura que tem mercados alternativos imediatos. 

✅ A soja é majoritariamente comprada por China, aproximadamente 70%, e somente cerca de 2% vai para os EUA. 

✅ O principal destino do milho é Japão, Irã e Espanha. Os EUA são concorrentes diretos. O Brasil redireciona volume facilmente. 

✅ O principal destino do algodão brasileiro são os mercados asiáticos (China, Vietnã, Turquia). Os EUA são autossuficientes e líderes globais na cultura. Importam cerca de 2% da gente. 

✅ O destino da cana-de-açúcar (açúcar bruto) para eles são mínimos, com menos de 2% das exportações. Já o etanol, em anos específicos, chega a ter os EUA como principal destino (25–30%), dependendo da safra e de políticas americanas. E é outro exemplo de cultura com mercados alternativos. 

✅ Frutas tropicais e sucos têm demanda global consolidada. 

Se os EUA saem da jogada em algum item, há players prontos para ocupar esse espaço — e muitos já estão fazendo isso. 

✅ Americanos consomem seu próprio frango (importa do Brasil cerca de 3% apenas) e nas carnes processadas a porcentagem exportada é menor de 2%. 

  🔴 Nem tudo são rosas: 

O suco de laranja concentrado tem forte exposição aos EUA, com cerca de 30–40% das exportações brasileiras destinadas ao país, que é um mercado tradicional desse produto. 

Mas o Brasil domina mais de 70% da produção e exportação global, enquanto a Flórida, que já foi um polo forte, perdeu relevância por conta de doenças cítricas e eventos climáticos extremos. Alternativas como México e África do Sul não possuem a escala nem a infraestrutura necessária para substituir o Brasil. 

A carne bovina in natura também tem peso importante, com cerca de 20% das exportações brasileiras indo para os EUA, especialmente após habilitações sanitárias recentes. 

Embora existam outros exportadores relevantes — como Austrália, Argentina e Uruguai — muitos já têm contratos com outros mercados ou limitações de oferta. 

Conclusão: para esses produtos, até existem alternativas para os EUA, mas não com a mesma escala, eficiência ou capacidade de entrega imediata que o Brasil oferece. 

E do ponto de vista do Brasil? 

  • O Brasil tem demanda global para redirecionar parte dessas exportações. 
  • China, Europa e Oriente Médio já são grandes compradores de carne, suco e café. 
  • Uma eventual redução de compras pelos EUA não significaria ruptura total, mas sim uma diminuição pela demanda americana e para o Brasil ajustes logísticos e comerciais para outros mercados. 
  • Em alguns casos, o mercado interno pode absorver parte da produção, com impacto limitado nos preços. 

✅ Ou seja: embora esses segmentos mereçam atenção, o Brasil não está sem saída. E justamente por isso, tarifas costumam ser mais uma ferramenta de pressão política do que uma ruptura real de comércio. 

Oportunidades resistem às manchetes 

O investidor que generaliza “tarifa = problema no agro” pode estar ignorando um dos momentos mais atrativos para setores exportadores do Brasil. 

👉 Antes de fugir de um setor, vale olhar a fundo: 

• Qual o produto? 

• Qual o destino principal das exportações? 

• Quem está investindo no Brasil hoje? 

📌 A boa análise não para na manchete. E no agro, como em qualquer outro investimento, é ela que separa o medo da oportunidade. 

Conclusão: O investidor precisa olhar o mapa inteiro 

O comportamento de Trump segue uma lógica conhecida: pressionar com tarifas para forçar negociações. Não é uma questão só com o Brasil — é uma estratégia padrão dele com qualquer parceiro comercial. Isso explica o mal-estar recente com Japão, Europa, China, México e agora Brasil. 

⚠️ Mas aqui está o ponto-chave: 

O Brasil não negocia dessa forma com seus parceiros comerciais. Enquanto Trump ameaça com tarifas, o Brasil não está alterando mercados, mantém boas relações e recebe investimento. Estamos nos tornando um fornecedor mais confiável — e isso tem efeito direto na economia: 

  • 📈 O agro como um todo continua crescendo 
  • ⛏️ A indústria extrativa (minério e petróleo) se beneficia da alta de commodities 
  • 📊 E as exportações estão fortes 
  • 💵 E o real se beneficia de tudo isso entre emergentes 

O cenário macro tem riscos, sim — mas também traz muitas oportunidades escondidas onde o medo exagerado enxerga só problema.