A Selic foi mantida em 13,75% pela quarta vez consecutiva pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central nesta quarta-feira (2). Um ciclo de queda da taxa de juros só deve se confirmar, segundo as projeções, para o segundo semestre.
Mas o que isso diz ao investidor?
Para o estrategista da EQI Investimentos, Denys Wiese, a decisão do Copom reforça a visão de que a renda fixa segue em destaque. Mas que, apesar de o mercado projetar um início de fim de ciclo para o segundo semestre deste ano, o cenário ainda é de muitas incertezas, dado o receio fiscal com o novo governo.
“Nós temos duas forças contrárias agindo sobre a inflação e sobre os juros. A primeira força é a condução natural do ciclo econômico. Estávamos com inflação alta e o Banco Central subiu juros. Como consequência, a inflação caiu e a Selic deveria, por sua vez, cair também. É o que consta nos manuais de macroeconomia, é o que seria normal. Mas, nós temos uma outra força antagônica, que é a política”, afirma.
“O governo acabou com a âncora fiscal (teto de gastos) com a PEC da Transição. E, agora, o mercado está sem norte quanto à responsabilidade fiscal. Isso faz com que as expectativas de inflação subam. E elas estão subindo mesmo. Se você pegar o relatório Focus das últimas semanas, cada vez as expectativas estão mais altas. Justamente esse aumento de expectativa para a inflação é que impede a queda dos juros”, complementa.
Leia também:
- EQI Asset revisa projeção de inflação: 6% em 2023
- Baixe, gratuitamente, o e-book Melhores Investimentos para 2023.
Momento é de diversificar
Wiese explica que para o cenário de incerteza, uma boa recomendação aos investidores é diversificar a carteira.
“Todas as três classes de renda fixa estão excelentes no momento: prefixados, pós-fixados e IPCA+. Os pós-fixados são aqueles que vão render mais no curto prazo, porque vão pegar uma taxa de juros bastante elevada”, afirma.
“Os prefixados também estão rendendo bem, especialmente nos dias mais estressados do mercado. A gente chega a ver papéis com 7%, 8% de juro real”.
Por fim, o IPCA+ deve ganhar mais relevância a partir de 2024. Para Wiese, o mercado está precificando uma inflação bem baixa para o próximo ano, opinião da qual ele não compartilha.
“Falam em inflação de 3,8%, 3,9% ao ano. Eu desconfio um pouco desse número, principalmente com os gastos elevados do governo. Pode ser que essa inflação fique bem mais alta no próximo ano”, pondera.
Renda variável: multimercados para diversificação
Além de uma diversificação entre as três classes de renda fixa, o estrategista da EQI recomenda os fundos multimercado como opção na renda variável.
“Os gestores multimercados tendem a operar muito bem a queda de juros e obter rendimentos altos”, aponta.
Fora isso, diz Wiese, diversificar também na renda variável é uma forma de tirar um pouco do risco de crédito da carteira.
“Nós temos que nos atentar que não podemos manter todo o nosso patrimônio em ativos com risco de crédito. A gente viu o caso Americanas, em que tudo ia muito bem, até a inconsistência contábil aparecer. Então, a gente tem que ter muito cuidado com isso também.
Selic mantida em 13,75% pela quarta vez: como ficam os FIIs?
A decisão do Copom reforça a tese de expectativa de maior retorno nos fundos imobiliários de papel, ao menos por enquanto. É o que aponta Carolina Borges, analista da EQI Research.
“Seguimos preferindo os fundos de recebíveis imobiliários (CRIs) indexados tanto ao CDI quanto à inflação. A gente não vê muito potencial de valorização para os fundos de tijolo no curto prazo”, afirma.
Além disso, ela chama a atenção para o risco de alavancagem de alguns fundos imobiliários com Selic ainda alta.
“É preciso avaliar muito bem como é a estrutura da dívida, como é a estrutura de alavancagem. Ela está atrelada ao CDI? Qual o prazo de vencimento? E o quanto de caixa essa dívida consome nessa análise?”, adverte.
Quer saber como selecionar os melhores FIIs para a sua carteira? Baixe, gratuitamente, o Checklist de FIIs.
A Selic foi mantida em 13,75% pela quarta vez. Para investir melhor, fale com um assessor da EQI Investimentos.
