Ainda nos dias de hoje é relativamente comum haver dúvidas sobre o que é Selic. Em primeiro lugar, é importante saber que há diferenças com a taxa Selic, ainda que estejam intimamente ligadas. Compreender melhor os conceitos em torno desses temas pode ajudar o investidor a ter maiores rendimentos em sua carteira.
Este artigo fala exatamente sobre isso. Ao ler o texto, você conhecerá essa diferença. Saberá como a taxa Selic é definida e qual é seu impacto na economia. Por fim, verá como ela influencia o mercado financeiro.
Aproveite todo o conteúdo e tenha uma ótima leitura!
O que é Selic?
Muita gente confunde os conceitos de Selic e de taxa Selic. É claro que eles estão interrelacionados, mas não correspondem exatamente à mesma coisa.
Convém, portanto, esclarecer o que é Selic. Ou melhor, o que é o sistema Selic.
O significado da sigla quer dizer Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Trata-se de um sistema informatizado criado pelo Governo Federal em 1979 para intermediar as operações dos títulos públicos.
Ou seja, é por meio do Selic que ocorre tanto a emissão e compra e venda dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e que são negociados entre as instituições financeiras.
Perceba que se trata de um sistema diferente do Tesouro Direto. Este é destinado à negociação dos papéis públicos com o mercado de pessoas físicas representados pelos investidores gerais.
Já em relação ao primeiro caso, o sistema Selic propriamente dito, participam dele os bancos comerciais, de investimento e múltiplos. Também estão presentes as corretoras de valores e caixas econômicas.
A taxa média diária ajustada dos financiamentos ocorridos no sistema Selic corresponde à taxa Selic. No entanto, saiba que não são as negociações que determinam a taxa, e sim o inverso.
É a taxa que determina o valor das negociações.
Ainda sobre o sistema Selic, vale indicar que atualmente ele possui cerca de 500 participantes registrados, com mais de 1500 clientes individualizados. No total, são cerca de 370 tipos de papéis diferentes registrados no sistema.
As entidades responsáveis pela administração do Selic são o Demab juntamente com a Anbima.
O que é a taxa Selic?
Explicado o conceito de sistema Selic, podemos agora falar sobre o que é a taxa Selic e assim dirimir qualquer dúvida que ainda tenha restado.
Em linhas gerais, a taxa Selic é o valor por meio do qual o governo toma dinheiro emprestado. É comum (infelizmente) que haja necessidade fazer empréstimos para “fechar a folha” governamental.
Nesses casos, deve haver um valor por meio do qual o recurso é emprestado. Esse valor é a própria taxa Selic e ela serve como a taxa básica de juros da economia.
É como se o mercado dissesse: “se até o governo toma dinheiro emprestado nesse valor, então vale ter essa taxa como a base dos outros empréstimos”.
Para tanto, a taxa Selic é definida pelo Banco Central por meio de seu Comitê de Política Monetária, o Copom. Acima de tudo, ela serve como instrumento de controle da inflação, impactando toda a economia nacional.
Vale frisar que a taxa Selic é uma composição de duas outras taxas: a Selic meta e a Selic over. Veremos a seguir o que representam cada uma dessas taxas.
Selic meta
A Selic meta é a taxa efetivamente divulgada ao mercado pelo Copom, conforme dito anteriormente. Ela representa o “custo do crédito” da nação.
O raciocínio é muito simples: como o credor mais seguro do país é o próprio governo, sua taxa de empréstimo é tomada como a base, pois ela é a remuneração mínima conseguida por meio da renda fixa.
A segurança dada pelos títulos do governo vem do fato que ele pode (em última instância) imprimir dinheiro para pagar sua dívida. Claro que isso traria efeitos colaterais, como a alta da inflação, mas a dívida seria paga.
Disso podemos concluir que a Selic meta serve como uma forma de controle da inflação que incide no país. Isso se dá pelo aumento ou diminuição da liquidez existente no mercado.
Por isso ela é a taxa que mais importa para a população em geral. Além do controle da inflação, ela dita os juros do crédito cobrado nas operações realizadas no mercado.
E isso vale tanto para a compra parcelada de uma geladeira quanto para a aquisição de um imóvel com o pagamento a longo prazo, por anos a fio.
- Veja também: Entenda aqui o que são ciclos econômicos e como eles impactam a economia.
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Selic over
Já a Selic over é uma taxa com um grau maior de sofisticação, pois ela é aplicada nas operações interbancárias feitas pelas instituições financeiras. Todo o processo inicia-se em um depósito denominado de compulsório.
Ele é definido pelo Banco Central como requisito para o estabelecimento e funcionamento de uma instituição financeira.
Ocorre que nenhum banco permanece com o dinheiro total em caixa que capta de seus clientes. É por isso que se todos fizerem o resgate ao mesmo tempo a instituição quebra, pois não conseguirá realizar essa liquidação.
Então o Banco Central define um valor mínimo que precisa estar depositado ao final de cada dia. Trata-se de uma questão de segurança do sistema.
Como as instituições realizam muitas operações ao longo do dia, é normal que nem sempre tenham todo o valor depositado. Assim como também ocorre de outra instituição ter mais dinheiro do que precisa.
É nesse momento que ocorre um empréstimo de curtíssimo prazo, com uma instituição emprestando para outra para “fechar o caixa” naquele dia.
E advinha qual é a taxa de contratação desse empréstimo da velocidade da luz? Sim, isso mesmo, a Selic over.
É por isso que essas operações costumam ser chamadas de “overnight”, pois ocorrem no fechamento de um dia e são liquidadas logo na abertura do dia seguinte.
O objetivo é apenas cumprir o percentual do compulsório definido pelo Banco Central do Brasil, o Bacen.
Como se dá a definição da taxa Selic?
A definição da taxa Selic é responsabilidade do Banco Central e se dá por meio de seu Comitê de Política Monetária, o Copom.
O órgão se reúne a cada 45 dias, perfazendo um total de 8 reuniões anuais. Os encontros se dão em dois dias, sempre em uma terça e quarta-feira.
Na terça-feira, todos os membros do comitê se reúnem para analisar o cenário macroeconômico do país. Os relatórios gerados são feitos com base em dados relevantes da economia como inflação, atividade econômica e despesas públicas.
No dia seguinte, na quarta-feira, após os membros fazerem seus estudos, são apresentadas as propostas elaboradas com base nas informações apresentadas. Entre elas está a definição do patamar dos juros básicos, a taxa Selic.
Ocorre então uma votação entre os membros e o resultado é anunciado aos meios de comunicação logo após o encerramento do encontro, ao mesmo tempo que o dado é imputado no Sisbacen, o sistema do Banco Central.
Como a Selic exerce influência sobre a economia?
A taxa Selic é um dos instrumentos governamentais mais eficientes para aumentar ou diminuir a liquidez da economia. Isso quer dizer que a atividade econômica será incentivada ou freada por ela.
Como consequência, isso traz impactos diretos na geração de emprego, na inflação e nas taxas de juros cobradas pelo mercado.
Isso se dá porque um aumento na taxa Selic faz com que os títulos públicos paguem uma remuneração maior, com um risco muito baixo.
Dessa forma, o capital circulante é direcionado para os cofres públicos, reduzindo a liquidez do mercado. Isso pode causar diminuição do consumo, freando toda a cadeia produtiva da economia.
Em contrapartida, quando essa mesma taxa Selic é reduzida, o dinheiro volta ao mercado, aumentando a liquidez. Há um maior consumo das famílias e a economia passa a receber esse estímulo vindo do governo.
Acompanhe a seguir mais detalhes sobre os impactos causados pela taxa Selic em três aspectos importantes da economia nacional.
Inflação
Para ter um olhar mais crítico em relação aos efeitos da taxa Selic na economia, é interessante começarmos pelos efeitos inflacionários causados por uma Selic alta ou mais baixa.
Quando ela está em patamares menores, os juros do mercado como um todo devem seguir esse mesmo compasso. Assim, compras parceladas e financiamentos tendem a ficar mais baratos.
Com isso, a dona de casa resolve trocar a geladeira, o pai troca de carro e um empresário financia a compra de um terreno para ampliar a atividade de sua empresa.
Como mais pessoas estão comprando, o mercado percebe o movimento e tende a haver uma alta nos preços. É quando a inflação começa a subir.
No entanto, essa subida não pode ser sem limites. Assim que níveis alarmantes são alcançados, o governo precisa intervir novamente, elevando a taxa Selic.
Com isso o custo das compras de longo prazo aumenta e o consumo é desestimulado. Com menos compras, os preços tendem a ter uma queda natural.
É assim que a Selic é usada como ferramenta de controle da inflação.

Reprodução/EQI
Emprego
Por conta de tudo o que foi descrito acima, os empregos também são afetados. Em épocas de alto consumo (e Selic baixa), a produção das indústrias precisa ser maior. A distribuição também, assim como as vendas diretas.
Dessa forma, é normal que haja mais contratações, pois a demanda por mão-de-obra é maior para dar conta de toda essa demanda.
Mais empregos são gerados e isso contribui para o aumento da renda das famílias, aumentando ainda mais o consumo.
Essa crescente encontra seu ápice novamente, quando a inflação atinge níveis preocupantes. É aí que a intervenção por meio da Selic ocorre, elevando-a.
Como o consumo tende a cair nesse período, toda a cadeia produtiva arrefece. A mão-de-obra tão necessária anteriormente já não se justifica mais e começa o processo de demissões.
Sem tanta renda, o consumo das famílias naturalmente cai e o ciclo tem início novamente. Perceba que tudo faz parte de um ciclo que sempre se repete.

Reprodução/EQI
Juros
Por fim, temos os juros cobrados em operações de empréstimos no mercado em geral. Estamos falando de financiamentos de casas, carros e dinheiro para capital de giro e empréstimos pessoais.
Como a base de juros do mercado é a taxa Selic, esse custo do crédito aumenta se a Selic aumentar. Da mesma forma, “deveria” ser reduzido quando a Selic está em baixa, mas não é o que vemos no Brasil.
No entanto, isso vale bem mais para empréstimos de curto prazo e para a pessoa física. Em relação aos financiamentos de longo prazo, geralmente a concorrência faz o mercado se adaptar.
Foi o que vimos com o custo da compra de imóveis financiados nos últimos anos.
Assim, podemos afirmar categoricamente que a taxa Selic regula o custo de crédito no mercado brasileiro.

Selic rumo à sua nona elevação. Fonte: Banco Central
Como a taxa Selic influencia o mercado financeiro?
Acompanhe a seguir as principais influências exercidas pela taxa Selic nos diferentes mercados. Confira.
Renda fixa
Os papéis da renda fixa são aqueles impactados mais rapidamente pelas alterações na taxa Selic. Isso ocorre porque vários títulos são indexados à taxa.
Um exemplo é o próprio Tesouro Selic, que rende o valor da taxa acrescido de um pequeno percentual, a depender do vencimento do papel.
CDBs, LCAs e certificados de recebíveis são outros exemplos. Todos os títulos pós-fixados acompanham o patamar da Selic em seus rendimentos.
Renda variável
A renda variável é impactada de forma mais indireta pelas alterações da taxa Selic. Se a taxa for elevada, pode fazer com que investimentos migrem para a renda fixa, por conta de maiores rendimentos sem alto risco atrelado.
Já quando a Selic está muito baixa, ela acaba forçando esses investidores a tomarem risco em bolsa de valores, por exemplo, em busca de maiores retornos.
Isso faz a renda variável ganhar mais corpo, elevando o preço de seus ativos.
Mercados externos
Por fim, a Selic também pode impactar a atração de investimentos estrangeiros ao país. Caso esteja muito baixa, pode incentivar uma operação conhecida como carry trade.
Ela se dá quando investidores tomam recursos emprestados em países com juros menores para emprestar em nações com juros mais altos.
Já se a taxa Selic estiver alta, pode atrair investimentos para os títulos soberanos por conta da alta rentabilidade oferecida.
Entender o que é Selic ajuda o investidor a se tornar mais próspero em suas aplicações. Com esse conhecimento, é possível transitar entre os mercados para aproveitar as melhores oportunidades. Assim, o rendimento da carteira pode se tornar ainda maior com o passar do tempo, resultando em um patrimônio elevado.
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