A Kering (KER), gigante francesa do setor de luxo e dona da Gucci, está em negociações para vender uma participação de seu imóvel de alto padrão em Milão para a Qatar Investment Authority (QIA), por um valor superior a € 1,3 bilhões. A notícia, divulgada pelo jornal italiano Corriere della Sera, impulsionou as ações da empresa em cerca de 7% nas bolsas europeias nesta quinta-feira (10).
O edifício em questão, localizado na prestigiada Via Monte Napoleone 8, foi adquirido pela Kering no ano passado por valor semelhante junto à gestora americana Blackstone (NYSE: BX). A propriedade abriga a loja Saint Laurent, também pertencente ao grupo, além de outros nomes de peso como Prada (1913) e o Café Cova da LVMH (EPA: LVMH).
Imóvel premium em endereço estratégico
A Via Monte Napoleone é um dos endereços mais valorizados do mundo no varejo de luxo. Segundo a Cushman & Wakefield (NYSE: CWK), é a segunda rua comercial mais cara do planeta, atrás apenas da Fifth Avenue, em Nova York. Essa valorização torna o imóvel um ativo estratégico não apenas pela localização, mas também pelo perfil de inquilinos e fluxo de consumidores de alto poder aquisitivo.
Adquirir ou manter presença nesse ponto é visto como essencial para marcas de luxo que desejam preservar prestígio e visibilidade. Ao negociar parte desse ativo com o fundo soberano do Catar, a Kering mostra disposição em reestruturar seu portfólio sem abrir mão da influência que o imóvel oferece.
Pressão financeira e reestruturação de ativos
A operação acontece em um momento delicado para a Kering. O grupo enfrenta uma crescente pressão financeira, especialmente após a queda nas vendas da Gucci, sua marca mais lucrativa. A dívida líquida da empresa ultrapassou os € 10,5 bilhões em 2024, resultado de aquisições ambiciosas feitas nos últimos anos.
Em janeiro, a empresa já havia seguido uma estratégia semelhante ao fechar um acordo com a Ardian, em que transferiu três imóveis em Paris para uma joint venture, mantendo 40% de participação. O negócio rendeu € 837 milhões, valor utilizado para ajudar no refinanciamento da dívida.
Perspectivas para o grupo e o setor
A potencial parceria com o QIA segue a tendência de grupos de luxo reavaliarem suas estratégias patrimoniais. Em vez de manter imóveis integralmente em seus balanços, há um movimento crescente de criar alianças com investidores institucionais que assumem parte dos ativos, oferecendo liquidez sem comprometer a operação de marcas no varejo de luxo.
Ao atrair o interesse do fundo soberano do Catar, a Kering reforça o valor estratégico de seus ativos e sinaliza ao mercado que está buscando alternativas para se capitalizar sem prejudicar sua presença nos principais mercados do mundo.
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