A EQI Investimentos prepara um novo salto estratégico: a corretora quer lançar um banco de investimentos em até três anos e já estrutura a criação de uma seguradora própria para reforçar a vertical de previdência.
A agenda foi detalhada pelo CEO Juliano Custódio em entrevista à Funds Society, na qual ele descreveu a ambição da casa de disputar espaço com grandes nomes por meio de uma plataforma mais verticalizada, com produtos proprietários e foco em distribuição qualificada.
Segundo ele, a consolidação dessas duas frentes — bancária e securitária — é parte do movimento para transformar a EQI em uma plataforma completa, verticalizada e com produtos proprietários, capaz de disputar espaço com XP e BTG Pactual (BPAC11).
“Não temos o tamanho de XP e BTG, mas temos o ‘como fazer’. Podemos entregar o playbook para os escritórios”, disse, ao destacar que o fato de a companhia ter nascido como escritório e se tornado corretora é o diferencial que sustenta a estratégia B2B.
Crédito como pilar da verticalização
O primeiro eixo dessa expansão é o crédito. Custódio afirma que a tese central da casa é elevar a qualidade dos produtos destinados à pessoa física e quebrar a ideia de que “produto é commodity”.
“Há muito produto mal feito, e o varejo acaba recebendo apenas a sobra. Queremos trazer produtos de alta qualidade para a pessoa física”, destacou.
Para ele, a construção de um banco passa necessariamente pelo fortalecimento dessa estrutura:
“Se queremos montar o banco da EQI, precisamos aprender a alocar dinheiro como um banco.”
As conversas com o Banco Central devem começar no fim do ano, com expectativa de que o banco esteja de pé em um horizonte de dois a três anos.
Crescimento acelerado e salto de governança
Custódio lembrou que levou uma década para transformar R$ 15 milhões de custódia em um negócio escalável. Hoje, a EQI opera com:
- quase R$ 50 bilhões sob custódia
- 80 mil clientes
- Receita próxima de R$ 700 milhões considerando as verticais próprias
- 14 escritórios próprios e 44 parceiros B2B
- Ecossistema com 900 assessores
Segundo ele, esse amadurecimento operacional e de governança foi determinante para abrir espaço a planos mais robustos — como banco e seguradora.
Wealth reforçado e foco no cliente de alta renda
No segmento de Wealth, que já soma R$ 20 bilhões, a EQI reorganizou a estrutura para dar atendimento mais profissional ao cliente de maior patrimônio. O corte de entrada foi definido em R$ 10 milhões, com assessores sêniores e especialistas dedicados.
A companhia também começou a internalizar planejamento sucessório e tributário, que antes era terceirizado.
Internacionalização ganha força com estruturas nos EUA
Outro pilar estratégico é a internacionalização. A EQI já está na quarta estruturação imobiliária nos Estados Unidos, incluindo:
- Financiamento do Hotel Fasano Miami, via JHSF (JHSF3)
- Co-estruturação com a Leste Group, asset sediada em Miami
- Financiamento à Resia, empresa do grupo MRV (MRVE3) na Flórida
“Estamos montando diversas estruturas nos Estados Unidos, do jeito que o brasileiro gosta, mas com investimento lá fora”, afirmou.
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Seguradora própria deve nascer antes do banco
A criação da seguradora pode anteceder o banco. Inicialmente, ela atenderá a vertical de previdência, hoje operada com seguradoras terceiras.
Os seguros de risco, mais intensivos em capital, ficam para uma fase posterior.
“Estamos caminhando para montar uma seguradora que, inicialmente, atenderá a nossa operação de previdência.”
EQI mira ser a terceira grande força do mercado
Custódio reconhece que o tamanho de XP e BTG cria diferença de escala, mas afirma que a EQI pretende se posicionar como a terceira grande alternativa do setor, com foco em:
- forte capacidade de distribuição
- produtos proprietários
- controles rigorosos de carteira
- processos previsíveis e replicáveis
“O cliente que não é enfiado com porcaria na carteira fica leal, advoga pela empresa e traz indicadores. É assim que a roda gira”, disse, em referência ao flywheel que orienta a estratégia da companhia.






