Para falar sobre a influência do câmbio nos seus investimentos, a quinta edição da Money Week recebeu Alexandre Viotto, head de Comércio Exterior da EQI Investimentos.
Na conversa, Alexandre falou sobre como funciona esse mercado e quais as principais dúvidas que os clientes costumam ter quando se fala em câmbio. A seguir, confira alguns dos principais pontos desse bate papo com o gestor.
A influência do câmbio nos seus investimentos: quais são as moedas mais “seguras”?
Essa é uma das perguntas mais frequentes entre os investidores em relação a moedas estrangeiras.
Como o dólar é a moeda mais transacionada e utilizada como reserva na maioria dos países, muitos pensam que ele é a moeda mais forte do mundo. No entanto, isso não é verdade.
De acordo com o gestor, as cinco moedas mais fortes do mundo respeitam a seguinte ordem:
- 1° lugar: yen (Japão)
- 2° lugar: franco suíço
- 3° lugar: dólar americano
- 4° lugar: libra (Reino Unido)
- 5° lugar: euro
Em relação ao euro, Alexandre ressalta que o que garante a sua força é o respaldo da economia alemã. Isso porque é na Alemanha que estão as principais empresas do continente europeu.
Outro ponto importante a observar é como as cotações das moedas se relacionam entre si. Nesse sentido, Alexandre explica que “quando o dólar começa a ser ameaçado, por exemplo, o yen e o franco suíço costumam subir de valor, pois são portos mais seguros do que a moeda norte-americana”. Ou seja, ao sentir algum risco quanto ao dólar, o investidor aumenta a procura pelas moedas mais fortes.
Comparação entre oferta e demanda de dólar
Para entendermos o motivo da dependência do mundo em relação ao dólar, Alexandre traz alguns dados atualizados do Banco Mundial e da Bloomberg.
De acordo com esses dados, a quantidade de dólares em circulação nos EUA é de, aproximadamente, US$ 2,1 trilhões. Por sua vez, o PIB do país é de US$ 21 trilhões, ao passo que a dívida pública é de US$ 28 trilhões (US$ 7 trilhões acima do PIB).
Já a quantidade de dólares disponíveis no planeta (considerando a moeda física e as transações entre contas e comércio exterior) gira em torno de US$ 40 trilhões.
O PIB mundial é de, aproximadamente, US$ 90 trilhões. Segundo Alexandre, a partir dos próximos dados, dá para entender a demanda mundial pela moeda.
Nesse sentido, a estimativa da dívida mundial (divida externa dos países + empresas + pessoas físicas) é de US$ 230 trilhões. Ou seja, existe um descasamento entre a dívida mundial e a quantidade de dólares disponíveis (US$ 40 trilhões).
Porém, existe um dado que poucos conhecem e que gera preocupações que é a quantidade de contratos de derivativos em aberto no mundo. Segundo Alexandre, o volume desses contratos é de US$ 1,4 quatrilhão atualmente.
“Utilizando um termo de finanças, o mundo é short em dólar. Ou seja, o sistema financeiro é descoberto em relação à moeda e, por isso, sempre precisaremos dela”, analisa o gestor. “Enquanto tivermos todos esses contratos negociados em dólar e uma dívida na moeda maior do que a sua disponibilidade, existirá essa dependência”.
Índices para acompanhar a moeda
Nesse sentido, Viotto relaciona dois índices importantes para quem deseja acompanhar as projeções de evolução do dólar: o DXY e o VIX. A seguir, confira como funcionam.
DXY (Dollar Index)
Basicamente, o DXY é uma cesta de moedas que contempla euro, libra, franco suíço, dólar canadense e outras moedas fortes. O objetivo desse índice é medir a força do dólar norte-americano em relação a outras moedas.
VIX (Índice do Medo)
Já o VIX mede o preço das opções das ações que compõe o índice S&P 500 pelos próximos 30 dias. “Quando o mercado está mais tranquilo, o preço das opções cai e, consequentemente, o VIX também”, diz Alexandre.
Quanto mais o VIX oscilar, maior a volatilidade da ação. Logo, mais risco ela carregará.
O real depende das commodities
Sobre isso, Alexandre comenta que o Brasil possui forte dependência de commodities na pauta de exportação. Nesse sentido, destaca quatro principais: soja (a líder), minério de ferro, petróleo e açúcares. Somadas, essas commodities representam 40% da pauta de exportações brasileira.
“Se esses produtos estão mais caros, isso significa que entra mais dinheiro no país. Logo, se entra mais dólares, o real tende a se valorizar. Por outro lado, a recíproca é verdadeira. Ou seja, quando há uma queda nos preços das commodities, a nossa moeda se desvaloriza frente a outras”, diz o gestor.
Commodities em baixa é sinônimo de maior risco
Outra análise importante é sobre a relação entre o risco e o preço das commodities no mundo. Isso porque, quando temos um cenário de preços de commodities em queda, isso é sinal de maior risco. Em outras palavras, nesses momentos o investidor está buscando mais segurança e, normalmente, commodities estão associadas a risco.