Um colecionador conquistou grande popularidade no TikTok ao compartilhar um vídeo analisando as características de uma moeda de 1 real fabricada em 2008. Os vídeos postados na plataforma mostram edições especiais – embora não tão raras – de moedas brasileiras, que supostamente valem uma fortuna, ou seja, muito além do seu valor nominal. No entanto, especialistas em numismática alertam que a realidade pode não ser tão promissora quanto parece.
O vídeo principal que circula com essa informação sobre a moeda de R$ 1 acumula mais de um milhão de visualizações, com milhares de comentários de usuários buscando mais detalhes. Nele, o usuário Roberto Alves de Souza, que se declara “um dos maiores colecionadores de moedas raras do Brasil”, afirma que a moeda com o apelido pejorativo de “perna de pau” vale mais de R$ 20 mil caso seja bifacial.

“Bifacial” significa que a moeda tem as duas faces iguais – o que seria possível se a unidade fosse emitida em uma série com erro de cunhagem. Por serem mais difíceis de encontrar, essas unidades especiais atraem colecionadores.
Moeda de R$ 1 que vale uma fortuna
“Procuro por essa moeda […] está sendo procurada no mundo inteiro. Sou um dos maiores colecionadores de moedas raras do Brasil e rodo o país inteiro atrás dessa moeda“, diz Roberto no vídeo.
A moeda em questão é aquela emitida em homenagem ao atletismo paralímpico, fazendo parte da coleção de moedas especiais produzidas em comemoração aos Jogos Olímpicos de 2016. Um total de 20 milhões de unidades deste modelo foi emitido na época, e todas foram colocadas em circulação.
O que diz a Casa da Moeda
Apesar da existência da moeda das Olimpíadas, a Casa da Moeda nega a possibilidade de ter sido produzida oficialmente no Brasil uma moeda “bifacial”. Em nota ao Valor, a instituição esclareceu que cada moeda tem um “anverso” e um “reverso” distintos, conhecidos popularmente como cara ou coroa, cada um com sua própria arte.
“Logo, não seria lógico existir moedas com dois lados iguais. Partindo dessa afirmativa, esta Casa da Moeda do Brasil não produziu nenhuma moeda nessa condição, de nenhuma taxa“, informou .
Isso porque, ainda segundo a Casa da Moeda, “todas as etapas, incluindo o desenvolvimento das matérias primas (substratos), são controladas, tanto pelos responsáveis por cada etapa técnica, quanto dos responsáveis pelo controle da qualidade, nos laboratórios e no acompanhamento da qualidade propriamente dito“.
Desta forma, “os testes de produção são realizados e seguem os mesmos protocolos burocráticos de controle, com o devido registro em planilhas, dedicadas ao processo e acompanhados por profissionais especializados, oriundos do controle de qualidade, produção, técnicos e artísticos“, fazendo com que erros de cunhagem tão grotescos quanto lados bifaciais sejam completamente evitáveis.
Em nota, a Casa da Moeda afirmou que “no caso de um bem que agregue valor de imagem, principalmente no que tange a soberania nacional, os controles precisam ser mais rigorosos e, por todo esse apanhado, ratificamos que não temos em nossos registros nesta Casa da Moeda do Brasil informações que remontem alguma ocorrência de produção de moedas cunhadas com lados em duplicidade, ou como o nome dado pelo segmento numismático: Moeda Bifacial”.
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