A Argentina voltou a adotar a partir desta segunda-feira (28) o “dólar soja”, uma cotação específica da moeda norte-americana adotada para os exportadores do grão, que poderão negociar sua produção a uma cotação fixa de 230 pesos por dólar.
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A medida já havia sido adotada em setembro, com a cotação fixa a 200 pesos, e desta vez valerá até o dia 31 de dezembro. O sistema estabelece essa taxa especial para os registros de exportação do complexo soja e visa alcançar US$ 3 bilhões.
O Ministério da Economia do país estabeleceu a medida para elevar a entrada de dólares e controlar a inflação, hoje acima dos 70% ao ano.
O anúncio da Casa Rosada ganhou a aval dos produtores. Gustavo Idígoras, presidente da Câmara da Indústria do Petróleo e do Centro dos Exportadores de Grãos (Ciara-CEC) disse, segundo a imprensa argentina, que a decisão é “uma melhora que, mesmo que temporária, terá impacto direto no preço da soja no mercado interno”, disse.
O produtor que aceitar negociar o grão a esse preço deverá registrar a Declaração Juramentada de Venda no Exterior (DJVE) e liquidar a moeda estrangeira em tempo hábil (até 30 de dezembro), conforme determina o Ministério da Economia.
Entre os dias 5 e 30 de setembro, a primeira versão do “dólar soja” estimulou a entrada de quase U$ 8 bilhões na Argentina, dos quais cerca de US$ 5 bilhões permaneceram como reservas do Banco Central, divulgou a Bolsa de Cereais de Buenos Aires. No período, os argentinos exportaram 14 milhões de toneladas de soja e derivados.
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Cotações específicas para setores como combate à crise cambial
Há alguns meses o governo argentino vem adotando medidas como a adoção de cotações setoriais para o dólar, a fim de evitar uma dolarização generalizada no país, como já ocorreu em outros momentos neste século.
Recentemente, chegaram a vigorar o “dólar Coldplay”, para estimular o consumo de produtos culturais inspirados no show da banda britânica, e o “dólar Catar”, atrelado às despesas dos consumidores argentinos que viajaram para torcer pela seleção do país na Copa do Mundo, que está sendo disputada no Oriente Médio.
A Argentina enfrenta uma grave crise de escassez de divisas, com forte desequilíbrio fiscal e compromissos como Fundo Monetário Internacional (FMI). As variações da cotação do dólar foram criadas, segundo o governo, para tentar manter as reservas internacionais em causar impactos na inflação.
A Argentina tem hoje, segundo especialistas, uma dívida bruta equivalente a 80,1% de seu PIB, mas mais da metade dessa dívida, cerca de 55,5%, é em moedas estrangeiras. As reservas do país, no mês passado, estavam estimadas em cerca de R$ 39 bilhões.
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