O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, evitou dar sinalizações sobre a política monetária americana durante um discurso em um evento do Fed, concentrando-se na importância da cooperação internacional. Paralelament, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, indicou que o banco central americano poderá reduzir as taxas de juros nos EUA após a dissipação das incertezas relacionadas às políticas tarifárias.
Durante sua fala na conferência do 75º aniversário da Divisão de Finanças Internacionais do Fed, em Washington, realizado nesta segunda-feira (2), Powell focou exclusivamente em questões de cooperação global, sem abordar temas específicos de política monetária.
“Continua sendo fundamental que o Fed entenda as políticas e práticas de outros governos e bancos centrais, e suas implicações para a economia e os mercados financeiros dos EUA”, enfatizou Powell.
O dirigente ressaltou ainda que compreender a complexa rede interconectada do comércio global e dos movimentos de capital “é essencial para que possamos antecipar a trajetória do emprego e da inflação”.
O presidente do Fed não abordou questões específicas de política monetária, concentrando-se no papel estratégico da Divisão de Finanças Internacionais.
“A divisão desempenha um papel importante na resposta à turbulência econômica global”, observou Powell.
O presidente do Fed acrescentou que o trabalho da divisão é “fundamental para a compreensão das implicações quantitativas dos choques de incerteza” no atual período de elevada incerteza econômica.
Goolsbee sinaliza possível flexibilização nos juros nos EUA
Já Goolsbee ofereceu uma perspectiva mais específica sobre o futuro da política monetária em entrevista ao Quad Cities Regional Business Journal, também feita nesta segunda-feira.
Goolsbee indicou que o banco central americano poderá reduzir as taxas de juros de curto prazo após a dissipação das incertezas relacionadas às políticas tarifárias.
“Se conseguirmos superar este período turbulento, o mandato duplo parece bastante bom”, afirmou.
O dirigente se refere ao duplo mandato do Fed: pleno emprego e estabilidade de preços.
“Até aqui, tivemos excelentes relatórios de inflação, surpreendentemente com poucos impactos por conta das tarifas”, afirmou Goolsbee.
O dirigente alertou, no entanto, que não se sabe se a inflação vai continuar comportada nos próximos dois meses.
“A mais recente leitura do PCE (inflação de consumo pessoal) deve ter sido o último vestígio antes dos impactos das tarifas na inflação”, sugeriu o presidente do Fed de Chicago.
Goolsbee projetou que, caso a economia permaneça estável e as tarifas não se mostrem tão agressivas quanto anunciado, a taxa de política do Fed provavelmente ficará significativamente mais baixa nos próximos 15 meses.
Leia também: