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Investir só no Brasil pode ser perigoso — veja o que disseram especialistas na Avenue Connection

Investir só no Brasil pode ser perigoso — veja o que disseram especialistas na Avenue Connection

Realizado na última quarta-feira (16), a Avenue Connection reuniu nomes de peso do mercado financeiro para discutir a importância da alocação internacional nos investimentos. Em meio a um cenário de alta volatilidade e produtividade estagnada no Brasil, os especialistas reforçaram que investir apenas no mercado local pode representar um risco elevado para o patrimônio do investidor.

O debate contou com a presença de Marcos Lisboa, ex-presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Daniel Haddad, CIO da Avenue, Márcio Verri, CEO da Kinea, e Rodrigo Azevedo, sócio e co-CIO da Ibiuna Investimentos.

O Brasil empobrece frente ao mundo

Para Marcos Lisboa, o mito do “Brasil do futuro” já não se sustenta. “Chegamos ao Brasil do futuro há 50 anos. Mas fizemos uma série de escolhas equivocadas que mantêm nossa produtividade baixa em relação ao resto do mundo”, afirmou.

Ele criticou a aposta recorrente em um modelo industrial ultrapassado, centrado no fetiche da fábrica, enquanto o mundo se move para cadeias globais de valor, baseadas em inovação, serviços e propriedade intelectual.

Lisboa também destacou o isolamento econômico brasileiro. “Somos um país fechado, com um sistema tributário que dificulta a inserção global. A sociedade clama por um Estado intervencionista, e isso se reflete em políticas públicas frágeis e ineficientes”, afirmou, ao criticar a dificuldade de implementação de reformas estruturais e o despreparo técnico em debates econômicos no país.

Alta da Selic e falta de visão de longo prazo

Para Márcio Verri, o grande obstáculo para a diversificação internacional no Brasil é a taxa de juros elevada. “A Selic sempre foi muito alta, por motivos justificados. Isso faz com que o investidor fique preso ao curto prazo e evite alternativas internacionais, mesmo quando há oportunidades evidentes lá fora”, explicou.

Verri também ressaltou que muitos brasileiros não entendem seus próprios balanços patrimoniais. “As pessoas esquecem que têm passivos futuros em dólar — como viagens, educação dos filhos ou compras internacionais. Quem só investe em real está, na prática, com uma posição vendida em dólar no longo prazo”, alertou.

Alocação internacional como seguro de longo prazo

Rodrigo Azevedo, da Ibiuna, reforçou a importância da diversificação global como um mecanismo de proteção. “A alocação internacional é um seguro. Você compra aos poucos, aproveitando oportunidades, e reduz o risco de concentração. E o acesso hoje é muito mais fácil: com um celular, qualquer um consegue investir no exterior”, destacou.

Segundo Azevedo, há razões históricas e culturais que explicam o atraso do Brasil nessa frente. “Durante muito tempo, investir fora era visto quase como crime. Além disso, o Brasil desenvolveu um sistema financeiro sofisticado que fez com que os investidores se acomodassem internamente. Mas isso não é sustentável.”

Tecnologia, risco e oportunidades

Outro ponto discutido no evento foi a escassez de oportunidades em determinados setores no mercado nacional. “O Brasil representa apenas 1% da capitalização do mercado global. Setores como inteligência artificial, por exemplo, praticamente não existem aqui”, disse Verri.

Ele citou a WEG ($WEGE3) como uma das poucas companhias brasileiras envolvidas nesse segmento e defendeu que o investidor busque oportunidades lá fora enquanto ainda é cedo.

O painel também apontou os riscos de volatilidade da economia brasileira. “O Brasil tem muita instabilidade. Quando a crise chega aqui, ela é mais severa do que em outros países. Isso exige uma gestão de risco muito mais sofisticada”, frisou Lisboa.