Kevin Warsh, ex-membro do Conselho de Governadores do Federal Reserve (Fed), expressou a sua preocupação com o aumento da exposição do banco central americano e sobre os riscos do endividamento excessivo nas democracias ocidentais.
Os comentários de Warsh foram realizados durante o CEO Conference do BTG Pactual (BPAC11) no painel “Trajetória Econômica e Monetária dos EUA”, que teve a mediação de André Esteves, chairman e sócio do BTG.
CEO Conference: Fed e sua presença na mídia
Warsh destacou que, historicamente, o Fed operava de forma discreta e apenas ganhava notoriedade em momentos de crise, como em 2008. No entanto, ele observou uma mudança nessa postura.
“O Fed deveria passar mais tempo ouvindo e refletindo, e menos tempo opinando sobre os eventos do mercado“, afirmou. Para ele, o banco central precisa atuar como um observador do mercado, e não como um agente ativo na condução das dinâmicas diárias.
Segundo Warsh, a presença constante do Fed na mídia pode contribuir para a volatilidade dos mercados, tornando as decisões do banco central mais influenciadas por movimentos de curto prazo.
O risco da dívida crescente
O alto nível de dívida das economias liberais foi outro ponto de preocupação para Warsh. “Estou muito alarmado com o nível da dívida, mas também com os gastos do nosso governo“, disse ele, alertando que o aumento dos gastos públicos pode comprometer a sustentabilidade econômica a longo prazo.
Warsh criticou o fato de que os gastos federais nos Estados Unidos estão 53% acima do nível pré-pandemia, sem justificativa plausível para tal expansão.
Ele também ressaltou que o banco central tem incentivado governos a manterem altos níveis de dívida através da política de dinheiro gratuito. “Estamos muito próximos de um ponto sem retorno, e a maior parte dos países ocidentais está na mesma trajetória“, alertou.
Os desafios dos juros elevados
Warsh chamou atenção para o custo do endividamento americano, destacando que “estamos gastando o equivalente a US$ 3 bilhões por dia apenas em pagamento de juros da dívida nos EUA”. Ele questionou por quanto tempo essa dinâmica poderia ser sustentada sem impactos negativos mais severos.
Além disso, lembrou que, historicamente, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano ficaram próximos de 5%, enquanto muitos analistas acreditam que a economia pode funcionar bem abaixo desse patamar. Para Warsh, essa suposição pode ser um erro.
A necessidade de austeridade fiscal
O ex-membro do Fed defendeu a necessidade de cortes nos gastos do governo como uma medida para restaurar o equilíbrio econômico.
“Os Estados Unidos, que raramente adotam políticas de austeridade, precisam considerar essa opção“, afirmou. Ele destacou a atuação do Department of Government Expenditure (DOGE) como uma ferramenta essencial nesse processo.
“Se o DOGE conseguir cortar US$ 1 trilhão do orçamento, isso não nos colocaria automaticamente em um caminho sustentável, mas enviaria um sinal forte ao mercado“, disse.
O Fed e a estabilidade dos preços
Por fim, Warsh reforçou a necessidade de uma postura mais firme do Federal Reserve no controle da inflação. “Se o Fed não estiver disposto ou interessado em reduzir a inflação para um nível de estabilidade de preços adequado, então teremos que fazer isso independentemente do banco central“, afirmou. S
Segundo ele, a política de gastos excessivos do governo, combinada com a atuação pouco rigorosa do Fed, pode comprometer a credibilidade do sistema econômico.Warsh concluiu alertando para os riscos de um desequilíbrio fiscal prolongado: “Se não houver um esforço conjunto para controlar os gastos e restaurar um equilíbrio sustentável, corremos o risco de perder o controle sobre a inflação e sobre a própria credibilidade do sistema econômico“.
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