Como viver de renda?
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Notícias
Inflação: IPCA sobe para 1,62% em março, maior para o mês desde 1994

Inflação: IPCA sobe para 1,62% em março, maior para o mês desde 1994

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 1,62% em março, depois de ficar em 1,01% em fevereiro. Esse foi o maior resultado para o mês de março desde 1994 (42,75%), antes da implantação do Plano Real.

No ano, o indicador acumula alta de 3,20% e, nos últimos 12 meses, de 11,30%, acima dos 10,54% observados nos 12 meses anteriores. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Tabela mostra o IPCA dos últimos 12 meses. Inflação registrou maisor índice para um mês de março desde 1994.

INPC foi de 1,71% em março

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 1,71% em março, acima do resultado do mês anterior (1,00%). Essa é também a maior variação para um mês de março desde 1994, quando o índice foi de 43,08%. O INPC acumula alta de 3,42% no ano e 11,73% nos últimos 12 meses, acima dos 10,80% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Os produtos alimentícios passaram de 1,25% em fevereiro para 2,39% em março. Os não alimentícios também aceleraram e registraram 1,50%, frente à variação de 0,92% do mês anterior.

O IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, enquanto o INPC as famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, residentes nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.

Tabela mostra o IPCA acumulado dos últimos 12 meses. Inflação registrou maisor índice para um mês de março desde 1994.

Transportes puxam alta do IPCA

Em março, os principais impactos vieram dos transportes (3,02%) e de alimentação e bebidas (2,42%). Os dois grupos, juntos, contribuíram com cerca de 72% do índice do mês. No caso dos transportes, a alta foi puxada, principalmente, pelo aumento nos preços dos combustíveis (6,70%), com destaque para gasolina (6,95%), que teve o maior impacto individual (0,44 p.p.) no indicador geral.

“Tivemos um reajuste de 18,77% no preço médio da gasolina vendida pela Petrobras para as distribuidoras, no dia 11 de março. Houve também altas nos preços do gás veicular (5,29%), do etanol (3,02%) e do óleo diesel (13,65%). Além dos combustíveis, outros componentes ajudam a explicar a alta nesse grupo, como o transporte por aplicativo (7,98%) e o conserto de automóvel (1,47%). Nos transportes públicos, tivemos também reajustes nas passagens dos ônibus urbanos em Curitiba, São Luís, Recife e Belém”, explicou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.

Tabela mostra o IPCA acumulado dos últimos 12 meses. Inflação registrou maisor índice para um mês de março desde 1994.

Alimentos também pressionam

No grupo dos alimentos e bebidas, a alta registrada pelo IPCA de 2,42% decorre, principalmente, dos preços dos alimentos para consumo no domicílio (3,09%). A maior contribuição (0,08 p.p.) foi do tomate, cujos preços subiram 27,22% em março.

A cenoura avançou 31,47% e já acumula alta de 166,17% em 12 meses. Também subiram os preços do leite longa vida (9,34%), do óleo de soja (8,99%), das frutas (6,39%) e do pão francês (2,97%).

“Foi uma alta disseminada nos preços. Vários alimentos sofreram uma pressão inflacionária. Isso aconteceu por questões específicas de cada alimento, principalmente fatores climáticos, mas também está relacionado ao custo do frete. O aumento nos preços dos combustíveis acaba refletindo em outros produtos da economia, entre eles os alimentos”, analisa Pedro Kislanov.

Impacto na habitação

O grupo habitação (1,15%) teve aumento na inflação por conta do gás de botijão (6,57%), cujos preços subiram devido ao reajuste de 16,06% no preço médio de venda para as distribuidoras, em março. A alta de 1,08% da energia elétrica também contribuiu para o resultado do grupo, principalmente por causa do reajustes de 15,58% e 17,30% nas tarifas de duas concessionárias de energia no Rio de Janeiro.

Em março, também houve aceleração nos preços dos grupos vestuário (1,82%) e saúde e cuidados pessoais (0,88%). O único com queda foi comunicação, com -0,05%. Os demais ficaram entre o 0,15% de educação e o 0,59% de despesas pessoais.

Queda nas passagens aéreas

O item mais relevante a registrar queda de preços foi passagens aéreas, com -7,33%. Para o analista, a baixa pode ter ainda relação com a pandemia de covid-19.

“A metodologia empregada no indicador considera uma viagem marcada com dois meses de antecedência. A variação reflete a coleta de preços feita em janeiro para viagens realizadas em março. Em janeiro, houve um aumento nos casos de Covid, o pode ter reduzido a demanda e, consequentemente, os preços das passagens aéreas naquele momento”, relembra Kislanov.

Alta em todas as áreas pesquisadas

A pesquisa mostra ainda que todas as áreas pesquisadas tiveram alta em março. A maior variação ocorreu na região metropolitana de Curitiba (2,40%), onde pesaram as altas da gasolina (11,55%), do etanol (8,65%) e do ônibus urbano (20,22%).

Já a menor variação foi registrada no município de Rio Branco, no Acre (1,35%), onde houve queda nos preços das passagens aéreas (-11,33%) e do frango inteiro (-2,10%).

Análise do BTG Pactual

Para os analistas do time Macro & Estratégia do BTG Pactual, a aceleração do IPCA no mês de março se deu à medida que o reajuste dos preços dos combustíveis promovido pela Petrobras foi repassado para os consumidores e pela alta no segmento de Alimentação no Domicílio, com impulso do aumento nos preços dos alimentos in natura, que tiveram a oferta prejudicada pelo clima.

“Além disso, a despeito da desaceleração em Bens Duráveis, refletindo os cortes recentes das alíquotas de IPI, os produtos industriais aceleraram de 1,11% para 1,21%. Por sua vez, os Serviços Subjacentes (0,78%) continuam pressionados, sendo um componente resiliente e que continua preocupando no curto prazo”, completaram os analistas.

Nesse sentido, mesmo com a dissipação do aumento das mensalidades escolares provocando uma desaceleração, principalmente, em Serviços, a média dos núcleos permaneceu bastante pressionada e em patamar elevado (0,98%). Além disso, observamos a continuidade de uma composição amplamente desfavorável, com o indicador de difusão em 76,1%. No ano, o IPCA acumula alta de 3,2%.

E para a frente?

Para o mês de abril os analistas esperam o impacto remanescente da alta nos preços dos combustíveis para os consumidores. Por outro lado, o índice deve perder forçar diante da mudança da bandeira tarifária de energia elétrica de Escassez Hídrica para Verde.

Apesar da forte aceleração nos preços das commodities, a apreciação do real no período pode acomodar o impacto na inflação em itens mais voláteis.

Contudo, em meio aos dados positivos do mercado de trabalho e deterioração das condições das cadeias produtivas, a equipe observa uma manutenção das pressões em Serviços e Bens Industriais nos próximos meses, apesar de leve perda de ímpeto. “Devemos promover revisão altista nos números de IPCA de curto prazo e do ano”, alertam os especialistas.

  • Quer proteger seus investimentos da inflação? Então preencha este formulário que um assessor da EQI Investimentos entrará em contato para mostrar as aplicações disponíveis!