O Ibovespa hoje (16) opera em forte queda de 2,40%, aos 158.557 pontos, sendo a pontuação mínima. Enquanto isso, a máxima atingiu 162.481 pontos e o giro financeiro foi de R$ 31,4 bilhões.
A bolsa foi pressionada pela leitura linha a linha da ata da última reunião do Copom, que reforçou a indicação de manutenção dos juros em patamar restritivo por um período prolongado. No mercado de câmbio, o dólar fechou em alta de 0,76%, a R$ 5,4630, após oscilar entre R$ 5,4170 e R$ 5,4759.
O tom do mercado refletiu a combinação entre um discurso mais duro do Banco Central, mesmo em meio a sinais de arrefecimento da atividade econômica, e dados de emprego mais fortes que o esperado nos Estados Unidos, que tendem a reduzir o espaço para cortes de juros no curto prazo.
Ata do Copom reforça juros altos por mais tempo
No centro das atenções domésticas esteve a ata do Copom, divulgada nesta manhã, que reiterou que o cenário atual “prescreve uma política monetária significativamente contracionista por um período bastante prolongado”. Na semana passada, o Banco Central manteve a Selic em 15% ao ano, sem sinalizar quando pretende iniciar o ciclo de cortes.
Na leitura de Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Investimentos, a ata também serve como sinal de que o Banco Central ainda não está confortável para iniciar o corte de juros já na reunião de janeiro, apesar de reconhecer melhora na dinâmica inflacionária e uma desaceleração gradual da atividade.
“O Banco Central reconhece que a inflação está vindo para um patamar mais baixo e que a economia está desacelerando, mas pondera que o mercado de trabalho segue bastante apertado e que os sinais de desaceleração ainda são incipientes”, avalia.
Com isso, a EQI passou a projetar que o primeiro corte da Selic ocorra apenas em março, mantendo a expectativa de que a taxa encerre 2026 em 12,5%, mas com o início do ciclo postergado para acumular mais evidências de arrefecimento consistente da economia e do mercado de trabalho.
Apesar disso, a ata deixou claro que, mesmo com sinais de moderação da atividade econômica, o Banco Central entende que o grau de aperto monetário ainda precisa ser mantido para garantir a convergência da inflação à meta.
Bolsas reagem também ao noticiário corporativo
Na B3, o movimento de queda foi generalizado, com destaque para ações de bancos e Petrobras. As ações preferenciais da estatal (PETR4) recuam mais de 1%, acompanhadas por perdas nos grandes bancos, que devolvem parte dos ganhos recentes em um ambiente de juros futuros em alta. Na contramão, Vale (VALE3) sustenta leve alta, apoiada pelo avanço do minério de ferro no mercado internacional.
Mercado internacional: emprego forte nos EUA pesa no humor
No exterior, os investidores digerem dados mais fortes do mercado de trabalho americano. Segundo o Bureau of Labor Statistics (BLS), a economia dos Estados Unidos criou 64 mil vagas de emprego em novembro, acima da expectativa do mercado, que era de 45 mil vagas.
Segundo William Castro, estrategista-chefe da Avenue, apesar da defasagem nos dados, o resultado de novembro foi o principal destaque do relatório.
“Mesmo sendo um payroll atrasado, os números vieram acima do esperado e indicam uma recuperação após o impacto negativo observado em outubro”, afirmou.
As bolsas de Nova York encerraram a terça-feira em queda pela terceira sessão consecutiva, em meio à cautela dos investidores diante do atraso na divulgação do relatório de empregos de novembro, um dos principais indicadores para a avaliação do rumo da política monetária nos Estados Unidos.
O S&P 500 recuou 0,24%, fechando aos 6.800,26 pontos. O Nasdaq Composite também caiu 0,24%, refletindo a realização de lucros em ações de tecnologia. Em sentido oposto, o Dow Jones Industrial Average avançou 0,23%, encerrando o pregão aos 23.111,46 pontos, sustentado por papéis mais defensivos.
No mercado de commodities, o petróleo norte-americano sofreu forte pressão e atingiu o menor nível desde o início de 2021. O movimento negativo impactou diretamente as ações do setor de energia, que figuraram entre as maiores quedas do dia. Papéis de gigantes do petróleo, como Exxon Mobil e Chevron, recuaram cerca de 2% cada.
Outras companhias do setor também fecharam no vermelho, incluindo ConocoPhillips e Marathon Petroleum, refletindo a combinação de preços mais baixos do petróleo e maior aversão ao risco nos mercados globais.
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