Você pode não saber exatamente o que é Labubu, mas provavelmente já esbarrou com ele nas redes sociais, pendurado em bolsas de celebridades ou exposto em vídeos de unboxing. Labubu é um boneco de aparência excêntrica que se tornou um fenômeno cultural global.
Criado pelo artista de Hong Kong Kasing Lung e produzido pela empresa chinesa Pop Mart, o personagem mistura traços infantis e monstruosos: orelhas pontudas, olhos enormes e um sorriso de nove dentes. Para uns, é adorável. Para outros, simplesmente esquisito.
A verdade é que essa criatura — descrita no site da Pop Mart como “bondosa, mas desastrada” — transcendeu a categoria de brinquedo. Hoje, Labubu é marca, colecionável, símbolo estético e, para muitos, uma espécie de amuleto emocional pós-pandemia.
O sucesso não veio à toa. Desde 2023, ele protagoniza filas, vídeos virais e até disputas em lojas físicas, como destacou o MSN: “Você sente uma enorme sensação de vitória quando consegue comprar um, no meio de tanta concorrência”, afirmou a fã Fiona Zhang.
De Hong Kong para o mundo: a história por trás do personagem
Labubu surgiu como parte da série “The Monsters”, idealizada por Kasing Lung. A Pop Mart, que começou como uma loja de variedades em Pequim, apostou no modelo das blind boxes — caixas-surpresa que escondem qual versão do boneco o comprador vai receber. Esse fator surpresa virou um trunfo de marketing, criando uma relação quase lúdica entre consumidor e produto.
Em 2019, a Pop Mart adquiriu os direitos da série e expandiu a linha de produtos. Desde então, Labubu já apareceu em dezenas de coleções como “Fall in Wild” e “Big into Energy”. Além do protagonista, o universo inclui personagens como Zimomo, Tycoco e Mokoko — que também sumiram rapidamente das prateleiras.

Celebridades e redes sociais: o empurrão definitivo
A explosão global veio em 2024, graças à influência de celebridades. A cantora Lisa, do grupo K-pop Blackpink, publicou fotos com bonecos Labubu, gerando uma onda de interesse. Logo depois, Rihanna foi vista com um Labubu pendurado em sua bolsa Louis Vuitton, e Kim Kardashian exibiu sua coleção pessoal no Instagram.
A estética única e o status de “item de desejo” ajudaram a posicionar Labubu como símbolo cultural. Até David Beckham entrou na onda, mostrando um Labubu dado por sua filha. O algoritmo fez o resto: vídeos de unboxing, teorias sobre as figuras raras (chasers) e tutoriais para adivinhar o boneco sem abrir a caixa tomaram conta das redes.
Muito além de um brinquedo: o soft power da China
Labubu representa algo maior: o fortalecimento do soft power chinês. Após a pandemia e em meio às tensões geopolíticas, o sucesso internacional de um produto cultural leve, carismático e colecionável funcionou como um “embaixador” informal da nova China criativa. Segundo a agência estatal Xinhua, o personagem “demonstra o apelo da criatividade, da qualidade e da cultura chinesa em uma linguagem que o mundo entende”.
O impacto é econômico e simbólico. As vendas internacionais da Pop Mart já representam cerca de 40% da receita da empresa, que opera roboshops em mais de 30 países. Em paralelo, o CEO Wang Ning entrou na lista dos homens mais ricos da China, com a marca se valorizando mais de 500% desde que abriu capital em 2020 na bolsa de Hong Kong.

Afinal, por que tanta gente quer um Labubu?
A resposta talvez esteja na mistura de nostalgia, mistério e exclusividade. Labubu é bizarro e adorável ao mesmo tempo. É acessível o suficiente para ser popular — custando entre R$ 100 e R$ 280 — e raro o suficiente para ser objeto de colecionador. O fato de não sabermos exatamente por que ele é tão atraente faz parte do fascínio.
De acordo com o potal MSN, “é muito mais do que um simples brinquedo”. Labubu é o retrato de um tempo em que cultura pop, redes sociais e mercados globais se entrelaçam para criar febres difíceis de explicar — mas impossíveis de ignorar.