A Ferrari está avaliando medidas para limitar a personalização extrema de seus veículos, considerando até mesmo incluir motoristas que exageram nas modificações em uma “lista proibida”.
A decisão vem em meio ao desafio da montadora italiana de equilibrar sua exclusividade icônica com a crescente demanda por customizações extravagantes.
O dilema da personalização na Ferrari
Nos últimos anos, a Ferrari tem observado um aumento na procura por personalizações ousadas, algo que não agrada à marca. O CEO Benedetto Vigna expressou preocupação com o surgimento de Ferraris “estranhos” circulando pelas ruas, o que poderia comprometer a identidade da montadora.
“Temos pensado internamente talvez em pré-definir as combinações [de cores]. PTemos que prestar atenção porque precisamos defender os valores e a identidade da marca. Não faremos um carro estranho, com certeza”, afirmou Vigna em entrevista ao Telegraph.
O executivo deixou claro que a empresa está disposta a impor restrições, garantindo que os modelos continuem alinhados com a estética tradicional da Ferrari. Isso inclui limitar a oferta de cores disponíveis e possivelmente restringir futuros pedidos de clientes que realizem personalizações extremas após a compra.
Personalização: um mercado lucrativo, mas com regras
Apesar da resistência a customizações excessivas, a Ferrari tem lucrado significativamente com esse mercado. Somente no ano passado, a montadora arrecadou cerca de € 1,3 bilhão (US$ 1,35 bilhão) com personalizações, representando cerca de 20% da sua receita total.
No entanto, a marca prefere que os ajustes sejam feitos sob suas condições e dentro de padrões estabelecidos, em vez de permitir liberdade total aos clientes. Esse posicionamento tem gerado desafios, já que consumidores em diferentes mercados possuem expectativas variadas.
“Existem alguns lugares no mundo onde gostam de ter um menu fixo. Existem outros lugares onde querem à la carte e ser livres para selecionar o que desejam”, explicou Vigna, destacando as diferenças culturais no consumo de luxo.
Preservação do valor dos Ferraris
Outro motivo para a abordagem restritiva da Ferrari é a valorização de seus modelos no mercado de seminovos. Segundo Andrea Scioletti, diretor de seminovos da Ferrari, mais de 90% dos Ferraris já fabricados ainda estão rodando, o que significa que customizações radicais podem impactar significativamente a imagem e o valor de revenda dos veículos.
O programa Ferrari Approved, que certifica Ferraris de segunda mão antes da revenda, inclui inspeções rigorosas e renovação dos modelos, garantindo que as customizações estejam alinhadas com os padrões da marca. Dessa forma, a empresa protege a exclusividade e o status premium dos seus veículos, segundo informações da Fortune.
Outras montadoras apostam no oposto
Enquanto a Ferrari adota uma abordagem mais rígida, outras marcas de luxo têm investido fortemente em personalizações para atrair clientes super-ricos.
A Bentley, por exemplo, viu suas receitas chegarem a € 3 bilhões (US$ 3,1 bilhões), impulsionadas por níveis inéditos de personalização, onde consumidores gastam centenas de milhares de dólares para modificar seus carros.
Já a Jaguar Land Rover anunciou um investimento de £ 65 milhões (US$ 81 milhões) para expandir sua capacidade de pintura, permitindo que os clientes escolham cores personalizadas para combinar seus carros com seus jatos particulares ou iates.
A Rolls-Royce, por sua vez, investiu £ 300 milhões (US$ 376 milhões) em sua fábrica no Reino Unido para ampliar suas opções de modelos sob medida, permitindo que seus compradores criem veículos únicos e altamente customizados.
O futuro da exclusividade Ferrari
Apesar da pressão do mercado, a Ferrari parece determinada a preservar sua herança e identidade, limitando personalizações excessivas. A estratégia da marca visa garantir que seus modelos mantenham o valor e a exclusividade ao longo do tempo, evitando que modificações radicais comprometam sua tradição e prestígio.
Se a montadora realmente avançará com medidas restritivas mais rígidas, ainda resta saber. Mas uma coisa é certa: para a Ferrari, a exclusividade e a tradição valem mais do que ceder a qualquer desejo dos clientes.
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