O presidente Donald Trump deu a entender que o Brasil poderá sofrer algum tipo de retaliação por conta das tarifas sobre importação de etanol norte-americano.
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Em entrevista coletiva concedida na Casa Branca, Trump foi questionado se estaria fazendo pressão para que o Brasil elimine tarifas sobre a importação do produto dos EUA.
Mesmo sem responder afirmativamente, o presidente norte-americano deixou claro que o assunto será colocado em pauta muito em breve, e avisou:
“Nós não queremos pessoas nos tarifando”.
Trump quer extinção de cota e tarifa zero sobre etanol
A cota de etanol importado sem tarifa subiu de 600 milhões para 750 milhões há pouco mais de um ano – o imposto que incide quando esse volume ultrapassado é de 20%, de acordo com a legislação.
O Ministério da Agricultura informou que o Brasil importou, nos seis primeiros meses de 2020, 301 milhões de litros de etanol dos Estados Unidos, movimentando US$ 584,2 milhões.
Para Donald Trump, chegou a hora de o governo brasileiro extinguir essa cota e adotar tarifa zero para a venda do produto.
“Eu acho que, no que concerne o Brasil, se eles fizerem tarifas, nós temos que ter uma equalização de tarifas”, disse o presidente dos EUA.
A contramão do etanol
Os Estados Unidos também importam etanol do Brasil e, quando isso ocorre, a taxação é de 2,5% sobre o preço da mercadoria.
Entre janeiro e junho, as usinas nac ionais venderam 262,4 milhões de litros do produto para os Estados Unidos, o equivalente a US$ 146 milhões.
“Vamos estar apresentando algo que tenha a ver com tarifas, e com justiça. Porque temos, muitos países, por muitos anos, têm nos cobrado tarifas para fazer negócios, e nós não cobramos deles. E isso se chama reciprocidade, se chama tarifas recíprocas, e talvez você veja algo sobre isso muito em breve”, afirmou Trump.
Unica alega “desconhecimento” de Trump sobre o assunto
Em nota enviada à imprensa e publicada pelo portal G1, a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) afirmou que o presidente dos Estados Unidos “demonstra desconhecimento total sobre assunto quando fala da tarifa de importação do etanol”.
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“Ao dizer que ‘Não queremos as pessoas impondo tarifa a nós’, simplesmente ignora que a tarifa já existe desde 1995 (como parte do acordo do Mercosul) e que os EUA, sem o menor pudor, tarifam o nosso açúcar em 140%. Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço, seria um bom resumo dessa história”, diz o texto.
Segundo a União da Indústria da Cana, os americanos estão querendo criar problemas por não estarem conseguindo cumprir as metas estabelecidas sobre o etanol no país.
“Não temos culpa, portanto, que os americanos não tenham para onde enviar o etanol que produzem, já que Trump fez a opção pela indústria do petróleo em seu país”, diz a nota assinada pelo presidente da Unica, Evandro Gussi.
“Temos ainda menos responsabilidade pela situação eleitoral do presidente Trump junto aos eleitores do Meio-Oeste, que cobram dele o cumprimento das promessas eleitorais. A cultura americana estabelece, por princípio, que cada um é responsável por seus próprios atos: eis a hora de pôr isso em prática”, complementa e encerra o texto da Unica.
