Sônia de Fátima Silva Alves, policial militar que foi candidata à deputada estadual no Acre e recebeu R$ 240 mil do Diretório Nacional do DEM, é a principal prova de que a verba eleitoral pública do partido foi desviada e usada por ela como “laranja”.
A “candidata” à deputada declarou ter contratado 46 pessoas para trabalhar em sua campanha, alugado 16 carros e recebido R$ 39.500,00 em material doado para tentar se eleger nas urnas.
Segundo investigação da Polícia Federal a que o jornal Folha de S. Paulo teve acesso, Sônia, que recebeu somente seis votos nas eleições 2018, foi a laranja em um esquema que desviou dinheiro para a candidatura do deputado federal Alan Rick, do Acre, presidente do Diretório Estadual do DEM e membro de Executiva Nacional do partido.
A investigação relata que Sônia não teve qualquer voto na cidade de um de seus supostos coordenadores de campanha e que um outro cabo eleitoral teria publicado pedidos de votos para outro candidato em suas redes sociais, escancarando ainda mais o esquema.
Alan Rick, por sua vez, se elegeu com 22.263 votos, e foi acusado pela Polícia Federal de ter relacionamento estreito com os supostos apoiadores da campanha eleitoral de Sônia.
“Sendo Alan Rick o beneficiado direto com os gastos de campanha da candidata e tendo ele, ao mesmo tempo, controle do comitê financeiro, que é quem responde civil e criminalmente pelas irregularidades, parece sinalizar que, sem eximir os demais membros do comitê de parte da responsabilidade, Alan Rick Miranda é responsável pelas irregularidades identificadas”, diz relatório do delegado responsável, Jacob Guilherme da Silveira Farias de Melo.
A PF chegou a pedir a prisão temporária da mulher de Rick, de Sônia e de outros dois integrantes do DEM-AC no mês de outubro, mas o pedido não foi aceito pelo juiz eleitoral Anastácio Lima de Menezes Filho, sob a alegação de que “em nada ou quase nada” auxiliaria na coleta de provas e “configuraria verdadeiro atentado aos direitos e liberdades públicas consagrados na Constituição”.
Por meio de nota oficial de sua assessoria, Alan Rick justificou a escolha de Sônia para substituir uma candidata que desistiu de concorrer ao pleito e que o repasse de verbas foi decidido pela Executiva Estadual para dar a ela condições de reverter a situação.
O DEM nacional, por sua vez, soltou nota na qual afirma “ter aprovado resolução, em 2018, determinando a transferência direta das verbas para a conta bancária das candidatas mulheres e definido que as lideranças partidárias de cada estado teriam a responsabilidade de identificar a viabilidade eleitoral das concorrentes”.
Mais laranjas?
Segundo o relatório da Polícia Federal, o PSL, antigo partido de Jair Bolsonaro, também recebeu denúncias de candidaturas laranjas em Pernambuco.
O deputado federal Luciano Bivar, presidente do partido, foi investigado pelo suposto uso de candidaturas femininas laranjas na eleição. Diz o relatório que “os desvios foram maiores e operacionalizados de forma muito visível, tornando necessário medidas proporcionais”.
Além do deputado, Adriana Michele, sua mulher e tesoureira da sigla, e outras 30 pessoas são suspeitas de participação no esquema.
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