Em 2024, o minério de ferro acumulou uma valorização superior a 15% até o início de dezembro. Embora o desempenho seja expressivo, ficou abaixo dos impressionantes 55% registrados em 2023.
O ano de 2024 foi marcado pela forte volatilidade, causada principalmente pela instabilidade econômica da China, que responde por mais de 70% da demanda global pela commodity.
O minério de ferro é uma das principais commodities do mundo, devido à sua relação direta com setores como a construção civil e a indústria automotiva, entre outros.
O Brasil, um dos maiores exportadores globais de minério de ferro, se destaca com empresas de peso no setor. A Vale ($VALE3), por exemplo, é a terceira maior companhia da B3 ($B3SA3) em valor de mercado. Além dela, outras empresas relevantes, como CSN ($CSNA3) e Gerdau ($GGBR4), também têm forte presença na bolsa.
Dada sua relevância, manter-se informado sobre os movimentos do mercado de minério de ferro é super importante. Pensando nisso, o portal EuQueroInvestir preparou um guia exclusivo para apresentar as perspectivas para a commodity em 2025.
Perspectivas para o minério de ferro: o papel da China
A economia chinesa atravessou um ano de desafios estruturais que afetaram a dinâmica do minério de ferro.
A crise no setor imobiliário, agravada pelos problemas financeiros de gigantes como Evergrande e Country Garden, reduziu significativamente a confiança no mercado e limitou a oferta de novos projetos. Esse cenário contribuiu para um ambiente de incertezas, impactando diretamente a demanda por aço, principal destino do minério de ferro.
Apesar disso, Pequim implementou uma série de estímulos econômicos que sustentaram uma recuperação parcial da commodity. Entre as medidas, destacaram-se cortes nas taxas de juros pelo Banco do Povo da China, flexibilização de regras de crédito para construtoras em dificuldades, e intensificação de investimentos em infraestrutura, como ferrovias e redes de energia, setores que exigem grandes volumes de aço.
Contudo, a EQI Research avalia que os estímulos chineses têm um impacto limitado e reforça que o país está passando por uma mudança estrutural em seu modelo de crescimento.
“A época de expansão acelerada em infraestrutura já ficou para trás, e o setor de construção civil enfrenta uma crise de confiança derivada de excessos de capacidade difíceis de superar sem maiores traumas”, destaca a análise.
Expectativas para 2025: desafios e estímulos econômicos
Para 2025, as projeções para a economia chinesa apontam um crescimento mais moderado, com o PIB estimado em 4,5%, abaixo da meta oficial de 5%.
Deste modo, Pequim deverá adotar políticas fiscais e monetárias mais agressivas para sustentar a atividade econômica. Entre as medidas previstas está um déficit orçamentário recorde de 4% do PIB, um aumento em relação aos 3,8% previstos para 2024.
Segundo analistas, o déficit ampliado permitirá maior emissão de dívida e expansão dos investimentos públicos, equilibrando os efeitos do enfraquecimento do setor imobiliário, do alto endividamento local e da demanda interna ainda frágil.
Os líderes políticos chineses, incluindo o presidente Xi Jinping, sinalizaram a intenção de aplicar uma “política fiscal mais proativa e uma flexibilização adequada da política monetária“.
Essas estratégias são vistas como essenciais para estabilizar o crescimento em meio aos desafios econômicos e geopolíticos, como as tensões comerciais com os Estados Unidos, principalmente após a eleição de Donald Trump que deverá impor políticas econômicas mais protecionistas.
As barreiras tarifárias e restrições tecnológicas impostas por Washington permanecem como riscos adicionais para a demanda por minério de ferro e aço.
Além disso, analistas esperam novos pacotes de estímulo voltados ao consumo interno, uma prioridade para o governo chinês.
“Temos que estimular intensamente o consumo, melhorar a eficiência dos investimentos e ampliar globalmente a demanda interna”, declararam os membros do Bureau Político do Partido Comunista durante reunião recente.
- Leia também: Vale (VALE3) recupera R$ 13 bi em valor de mercado
- Qual a tendência para Vale? Veja análise técnica
Mercado global e perspectivas para a commodity
Embora a intenção de Pequim de reforçar os estímulos tenha gerado otimismo nos mercados, especialistas alertam para o risco de uma recuperação econômica aquém do esperado, dada a complexidade dos desafios enfrentados.
A SG Markets afirma que “o governo reconhece a urgência dos desafios econômicos”, mas a mudança no discurso oficial ainda precisa se traduzir em resultados concretos para sustentar uma retomada consistente.
Para o minério de ferro, 2025 deverá ser um ano de ajustes. O mercado dependerá não apenas da eficácia das medidas chinesas, mas também da resiliência da economia global em meio a incertezas geopolíticas e comerciais.
Embora a meta de crescimento do PIB da China seja ambiciosa, a conjuntura atual aponta para um cenário de recuperação moderada, com impactos diretos na volatilidade e nos preços da commodity.
“Depois de um 2024 comparativamente ruim para o minério de ferro e, consequentemente para as ações da Vale, continuamos céticos sobre uma reviravolta em 2025. A economia chinesa perdeu dinamismo e não consegue manter as mesmas taxas de crescimento do passado. Especialmente nos setores intensivos em consumo de aço, como construção civil e infraestrutura, a nosso ver o cenário segue preocupante. De fato, nos primeiros dez meses de 2024 a produção de aço bruto chinesa recuou em 3% versus o mesmo período de 2023. Com a demanda chinesa estagnada, cremos que aumentos de oferta planejadas por parte dos principais produtores podem fazer que os preços do minério cedam para abaixo dos US$ 100 por tonelada em 2025”, afirma Felipe Reis, estrategista da EQI Research.
“De uma maneira mais ampla, vemos riscos consideráveis de uma nova onde de protecionismo tarifário liderado pelos EUA (agora com Trump como presidente) atingir vários setores exportadores da economia chinesa, aumentando ainda mais os desafios para uma retomada econômica forte do país“, complementa.
Com tal perspectiva de China e preços de minério, fica comprometido também qualquer tipo de otimismo maior com as ações da Vale no curto prazo. “A empresa não trará uma grande expansão de volumes de minério de ferro em 2025 e continuará e enfrentar desafios em sua unidade de metais básicos (cobre e níquel)”, avalia.
Você leu sobre minério de ferro. Para investir melhor, consulte os e-books, ferramentas e simuladores gratuitos do EuQueroInvestir! Aproveite e siga nosso canal no Whatsapp!