Um investidor qualificado é aquela pessoa física ou jurídica que está dentro das normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e que conta com aplicações financeiras com o valor igual ou superior a R$ 1 milhão.
Além da alta quantia investida, essa denominação representa empreendedores que possuem conhecimentos acerca dos riscos e do sistema financeiro como um todo.
Na teoria, um investidor é aquela pessoa que compra ativos financeiros que são negociados no mercado de capitais. No Brasil, uma das principais opções de investimentos é a renda fixa e ao adquirir um título público ou privado, o empreendedor tem três opções de rendimentos que são: os pós-fixados – que são atrelados a índices de rentabilidade; o prefixado que contam com um juro fixo anual; e por último o híbrido, que tem juro fixo, mas tem a soma da variação da inflação.
Outra classe de investimento em alta no mercado financeiro é a renda variável, que é destinada a investidores mais ousados, já que, esse tipo de ativo oferece um maior potencial de ganhos, porém em contrapartida, um maior risco.
Investidor qualificado na prática
Além de possuir mais de R$ 1 milhão em aplicações, o investidor qualificado precisa atestar a sua condição por escrito e estar dentro do padrão exigido pela Comissão de Valores Mobiliários.
Apesar de ter uma regra definida, o ingresso de novos investidores pode ser flexível, e em alguns casos, sem a necessidade da quantia estabelecida. Seriam considerados investidores qualificados os que foram aprovados em exames de qualificações técnicas e que possuem certificações aprovadas pela CVM – sejam estes agentes autônomos de investimentos, administradores de carteira, analistas e consultores de valores imobiliários. Investidores profissionais com capital acima de R$ 10 milhões e clubes de investimentos também integram a lista, desde que a carteira conte com um ou mais cotistas dentro do perfil.
As exigências possuem o objetivo de elevar o padrão e o nível dos empreendedores para garantir uma maior segurança devido à compreensão técnica e financeira necessária acerca dos investimentos no mercado financeiro.
Investidor com mais de R$ 1 milhão
O primeiro passo para se tornar um investidor qualificado é ter R$ 1 milhão em investimentos financeiros. Caso o empreendedor tenha essa quantia e o desejo de se tornar um investidor qualificado, ele irá solicitar o Termo de Investidor Qualificado em seu banco de investimentos.
Vale lembrar que o investidor terá que declarar que tem o montante acima do valor estabelecido pela CVM, além de informar que tem o conhecimento técnico necessário em aplicações com maior complexidade e com riscos mais elevados.
Por último, ao ser autorizado pela instituição financeira, como investidor qualificado, o empreendedor estará apto a fazer transações com ativos financeiros restritos, o que exige um maior conhecimento e qualificação.
Exame e qualificação técnica
Uma alternativa para obter acesso a investimentos mais restritos é a prova técnica elaborada pela CVM, que exige um amplo conhecimento a respeito do sistema financeiro. O objetivo é garantir a segurança do investidor, ou seja, ele só terá acesso a essas aplicações com o domínio técnico.
Temas como legislação de finanças e investimentos, formas de proteção de capital (hedge), detalhes sobre classificação de fundos de investimento, noções de economia e derivativos fazem parte do exame. Vale lembrar que o preço da prova costuma ser bastante elevado.
A certificação pode ser emitida pela Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (ANBIMA) e também por instituição internacionais, porém o reconhecimento precisa estar de acordo com as regras e exigências estabelecidas pela Comissão de Valores Mobiliários.
Uma vez aprovado, o investidor qualificado precisará seguir uma série de cuidados para não ter a sua certificação suspensa, ou caçada. Entre as normas e diretrizes estabelecidas estão o cumprir com os créditos de educação continuada e efetuar o pagamento da anuidade.
Certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio
Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA) são um dos principais investimentos de renda fixa associados ao crédito privado e que, em alguns casos, estão disponíveis apenas para investidores qualificados. Essas duas modalidades, que são investimentos a longo prazo, apresentam um nível mais elevado em relação aos riscos, porém ainda oferecem uma previsibilidade em relação à rentabilidade.
Vale destacar que o CRI e o CRA são isentos do Imposto de Renda, o que pode influenciar em um retorno financeiro maior. O lucro é prefixado ou pós-fixado, e é atrelado ao Certificado de Depósito Bancário (CDI).
Existem riscos em investir nos Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio, apesar de serem investimentos em renda fixa. Ambos não contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante a cobertura em até R$ 250 mil em caso de falência ou suspensão de uma empresa. Outro obstáculo está relacionado à liquidez dos ativos.
Fundo de investimento em direitos creditórios
Outra possibilidade para investidores qualificados é o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), que assim como qualquer fundo de investimento, tem como base a aquisição de cotas e a participação de investidores no lucro das ações das empresas. Nessa modalidade, os papéis são gerenciados por um gestor profissional que tem como objetivo investir nos chamados direitos creditórios, que são aqueles que atuam junto ao recebimento de empresas como cheques e promissórias.
Na prática, os direitos são transformados em títulos negociáveis para que os investidores possam oferecer recursos para a empresa de maneira antecipada, e dentro do empréstimo – em troca, o empreendedor tem direito aos juros sobre o valor que foi aplicado.
Nesta modalidade, o investidor pode adquirir dois tipos de cotas que são as seniores ou as subordinadas, no primeiro caso, o retorno é prefixado com preferência no pagamento, o que reduz os riscos. No segundo existe uma maior rentabilidade, porém uma volatilidade maior em relação ao mercado.
Os FIDCs seguem a tabela do Imposto de Renda e o leão pode abocanhar em até 15% do lucro na taxa tributária. Outro fator preocupante é que a CVM determina um aporte mínimo de 25 mil para investir na modalidade, que também não conta com a cobertura do FGC.
Fundo de investimento no exterior
Investidores qualificados também podem investir em outros países e o caminho para tentar lucrar em mercados financeiros que estão fora do Brasil, é o Fundo de Investimento no Exterior (FIEX). Essa modalidade tem como principal característica direcionar parte do portfólio em ativos ao mercado externo, o que pode diversificar o risco na carteira.
Vale ressaltar que as mudanças em relação ao câmbio e moeda estrangeira podem valorizar ou desvalorizar as cotas investidas, já que os recursos serão aplicados em mercados internacionais. Em resumo quanto maior for o desenvolvimento do país em que se investe, maior será o lucro e a segurança em relação as aplicações.
Fundo de investimentos em participações
Os Fundos de Investimento em Participações (FIP) possuem uma outra estratégia, no caso, esse tipo de investimento se difere devido a aplicação em empresas que possuem capital fechado. O destino dos seus recursos podem ser as mais variadas companhias que são negociadas na bolsa de valores, ou as debêntures que possam ser convertidas em títulos mobiliários.
A FIP participa do desenvolvimento e auxilia na gestão de empresas em fases iniciais, onde o gestor do fundo pode atuar ativamente dentro do empreendimento na busca pela consolidação. Os Fundos de Investimentos em Participações tem como objetivo tornar o negócio mais rentável e valorizado para os investidores.
Em relação a estratégias, existem várias e entre estas, estão: o capital semente, que tem como objetivo atuar em empresas que lucram em até R$ 16 milhões e os FIPs multiestratégia que gerenciam os recursos e a administração dos mais variados negócios.
A desvantagem do FIP é a exigência de um investimento inicial e a baixa liquidez dos seus ativos, porém é possível obter sucesso a médio e longo prazo com uma data de vencimento fixa.
Fundo de investimentos imobiliários
Os Fundos de Investimentos Imobiliários (FII) são responsáveis por designar os recursos em ativos no mercado de imóveis e essa modalidade está disponível para os mais variados tipos de investidores, inclusive os qualificados.
Existem três tipos de FIIs: os de tijolo – que são associados aos imóveis físicos, onde a maior parte dos recursos são investidas em empreendimentos; o de papel que é relacionado a títulos do mercado imobiliário, como por exemplo, as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI); e por último os de fundos que somam recursos na aquisição de cotas em fundos imobiliários.
Vale a pena ser um investidor qualificado?
Um investidor qualificado tem acesso a investimentos restritos e essa pode ser o principal atrativo em relação a outros tipos de investidores, o que pode fortalecer a diversificação da carteira e trazer um equilíbrio em relação a expansão e aos riscos.
Em contrapartida, a limitação dos investimentos também constitui em um obstáculo, já que os produtos são restritos a um pequeno nicho de pessoas.