Como poupar sem que isso signifique um sacrifício pessoal muito grande? Gustavo Cerbasi, especialista em inteligência financeira, escritor com 16 livros publicados e palestrante, tem uma estratégia simples: encontrar recompensas para se manter motivado.
Para começar, ele orienta traçar um objetivo de curto prazo, de cerca de seis meses. Assim fica mais fácil ver na prática como é possível poupar e concretizar projetos. Pode ser uma viagem ou algo que se deseja muito comprar, mas de custo não tão alto.
Cerbasi falou sobre inteligência financeira durante a Money Week, na tarde desta segunda-feira (23), com Juliano Custodio, CEO da EQI, e com a jornalista Fabiana Panachão.
A terceira edição da Money Week, maior evento online de investimentos da América Latina, começou hoje e vai até sexta-feira. A programação é totalmente online e gratuita.
Durante a entrevista, Cerbasi comentou que ouve muito das pessoas: “eu me divertia mais quando estava endividado, a vida era melhor”. Por isso, ele fala da importância de que a trajetória não seja só feita de sacrifícios. “Tem que haver recompensas de tempos em tempos, uma sequência de alegrias.”
“Aprendeu a realizar sonho de curto prazo? Depois disso, a pessoa entende o mecanismo mental para focar no médio e longo prazo. Daí, então, pode poupar para a casa, a faculdade do filho pequeno, a aposentadoria etc”, complementa.
Para ele, o que falta ao brasileiro não é mais educação financeira. Mas, sim, colocar em prática tudo o que é ensinado.
“Todo mundo já sabe que tem que ter reserva de emergência. Até programa de culinária hoje ensina a poupar, a economizar. A diferença está em entender o que me impede de realizar aquilo que vai transformar a minha vida”, diz.
Educação financeira para casais
Já quando as finanças passam a ser compartilhadas pelo casal, o segredo, ele diz, é reconhecer a necessidade do outro, entender os estilos de vida e fazer projetos comuns que atendam a ambos.
“O casal tem, por exemplo, o objetivo de poupar para uma viagem. Eles podem alcançar essa meta em cinco anos. Mas vai ser sacrificante demais para um dos dois. Melhor, então, fazer o projeto dentro de sete anos e dedicar parte da verba para aquilo que faz a outra pessoa muito feliz”, sugere.
Segundo ele, com planejamento e disciplina, projetos de mais longo prazo podem ser concretizados antecipadamente se no caminho houver boas recompensas para o esforço.
No entanto, ele pondera, é preciso dedicar tempo ao autoconhecimento, a descobrir o que se realmente quer e o que é indispensável para garantir a felicidade.
Dicas para os iniciantes
Cerbasi também falou sobre a chegada de novos investidores ao mercado. A esse grupo, ele aconselha buscar conteúdo de qualidade e ter o auxílio de um assessor de investimentos.
“Eu mesmo trabalho com isso há 20 anos e tenho assessor, para trocar ideia, checar a sensibilidade dele sobre os mesmos dados. Essa troca é importante”, diz.
Aos iniciantes, ele sugere fundos imobiliários como um bom investimento para começar. “Os brasileiros ainda preferem ter o imóvel físico e não fundos. Mas o rendimento é muito maior. As pessoas acham que o fundo é uma empresa, que vão ter que contar com a sorte para o dinheiro não sumir. Quando, na verdade, você estará comprando um imóvel, só que através de um condomínio de investidores”, afirma.
Cerbasi chama a atenção também para a importância de se saber quando sair de um investimento. Não se deve entrar e nunca mais sair. “É preciso analisar e rebalancear a carteira de tempos em tempos“. Acompanhar as análises e, novamente, contar com o assessor de investimentos é o recomendado.

Fabiana Panachão, Juliano Custódio e Cerbasi falam sobre educação financeira – Foto: Reprodução / Money Week
“A riqueza da vida simples”, o último livro de Cerbasi
Em seu último livro, “Riqueza da vida simples”, que concorre ao prêmio Jabuti na categoria Economia criativa, Cerbasi explora a importância de viver bem e ter uma relação saudável com o dinheiro.
Mais do que fazer fortuna a todo custo, ele ensina que é preciso encontrar alternativas que proporcionem uma vida prazerosa e com a realização pessoal de ver os projetos sendo concretizados.
“Este livro, para mim, é a cereja do bolo de uma obra feita com muito carinho ao longo de 20 anos de carreira. Quero que as pessoas se perguntem ‘com o que eu ganho hoje, como eu posso viver bem?’. Porque tem quem viva bem até com um salário mínimo”, ele diz.
“Tudo são escolhas e prioridades. Às vezes, eu preciso parar com um certo estilo de vida e recomeçar. Parar e pensar o que está faltando para que eu seja feliz. Quais são meus projetos fundamentais?”, ensina.
Ele complementa: “Quando a pessoa está mais feliz, mesmo se ela precisar viver com menos, ela vai ficar bem, porque ela terá alcançado o equilíbrio. Ela sabe que está chegando a algum lugar. E, enquanto não chega, ela está vivendo bem.”
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