Em suas palestras sobre empreendedorismo, Luiza Trajano costuma distribuir entre os participantes um panfleto com a frase que virou seu lema: “Primeiro faça o necessário, depois faça o possível e, de repente, você vai perceber que pode fazer o impossível”.
Prestes a completar 70 anos, em outubro, Luiza Trajano, essa paulista de Franca é inspiração para empreendedores do País inteiro. Especialmente para as mulheres. E ganhou ainda mais notoriedade ao ser considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time, em divulgação nesta quarta-feira (15).
Foi sob seu comando que a pequena loja fundada por sua tia no interior de São Paulo virou uma varejista com presença nacional.
Durante a pandemia do coronavírus, o Magazine Luiza (MGLU3) se destacou ainda mais. Isso porque sua operação de e-commerce, que já vinha muito bem, decolou. Hoje, metade das vendas vêm do online.
Como consequência, os papeis da companhia se valorizaram na bolsa de valores.
Com a alta das ações, a empresária viu sua fortuna aumentar para US$ 4,3 bilhões. Com esse patrimônio, Luiza Trajano é, no momento, a mulher mais rica do Brasil.
“A Bolsa é assim né, a gente nem olha esse dinheiro. Esses dias me perguntaram e eu falei: “É papel, gente”. Hoje eu tenho muito, daqui a pouquinho ela cai, depois ela sobe de novo”, disse recentemente à Trip FM.
Além de empresária bem-sucedida, Luiza Trajano é engajada em causas sociais. Ela lidera o grupo Mulheres do Brasil, criado em 2012 por 50 mulheres de destaque em diversos segmentos da economia. O movimento tem o objetivo de reduzir a desigualdade de gênero e melhorar o País.
O início do sonho de Luiza Trajano
Luiza Trajano costuma contar que veio de uma família de mulheres fortes. Entre elas, está sua tia, também Luiza, que em 1957 comprou uma pequena loja de presentes chamada A Cristaleira.
Nesta época, a sobrinha, que mais tarde assumiria o comando do negócio, tinha apenas 6 anos.
O sonho da tia, conta Luiza, era ter uma empresa que pudesse empregar os membros da família. Mas o negócio foi além, com uma dona que sabia vender e entendia de marketing.
Para se ter uma ideia, a Luiza tia chegou a fazer um concurso na rádio da cidade para mudar o nome da loja. O povo escolheu Magazine Luiza.
Luiza Trajano, a sobrinha, começou a trabalhar na empresa da família quando tinha 12 anos, durante as férias escolares.
Só aos 18 anos começou a trabalhar com vendedora. Enquanto estudava Direito, foi promovida a gerente, encarregada, superintendente até que, em 1991, aos 40 anos, assumiu o comando da rede.
Desde 1974, o Magazine Luiza já atuava como loja de departamentos. Nessa época, já tinha filiais em cidades do interior, como Barretos e Igarapava.
Luiza Trajano: a 1ª loja virtual do Brasil
Assim que assumiu a gestão, Luiza Trajano decidiu informatizar as lojas para agilizar os processos de estocagem e distribuição.
Oito anos mais tarde, em 1999, criou a 1ª loja virtual do Brasil e iniciou a caminhada para se tornar o que é hoje – um dos principais representantes do e-commerce brasileiro, País, com mais de 5 mil produtos em seu catálogo.
“Quando a gente tem uma boa ideia na cabeça, é preciso acreditar que vai dar certo. A confiança e a criatividade caminham juntas”, comentou, em entrevista para o site Empresas e Cooperativas.
Outro mantra da empresária que ajuda a entender os rumos da companhia é o seguinte: “Existem duas coisas comuns às empresas que dão certo: atendimento e inovação. Você precisa ter um atendimento ao cliente de primeira. E também estar atento ao que há de novo no mercado, para não ficar para trás”.
E foi justamente a inovação que ajudou o Magazine Luiza a galgar os degraus do varejo brasileiro até brigar, de igual para igual, com gigantes como Casas Bahia e Ponto Frio e Amazon.
Hoje, Luiza Trajano preside o conselho de administração da companhia, comandada por seu filho Frederico Trajano desde 2015.
Luiza Trajano: rainha do marketing
Luiza Trajano diz que o marketing é algo que está no sangue da família. E ela é um belo exemplar disso.
Ficaram conhecidas as promoções “malucas” da companhia. Entre elas destaca-se a promoção “Só Amanhã”, que seleciona diversos produtos com valores convidativos para os clientes, mas com preços válidos somente por um dia.
Outra jogada de mestre da empresária é a “Liquidação Fantástica”, saldão realizado anualmente, em janeiro, que oferece aos clientes produtos com até 70% de desconto, mas com uma condição: Eles só podem comprar o que puderem carregar.
Essa promoção ganhou proporções nacionais e, até hoje, faz a clientela passar a noite na fila, faça frio ou faça sol.
Magazine Luiza inova em plena pandemia
A veia de inovação do Magazine Luiza também brilhou neste ano, durante a pandemia de coronavírus.
A empresa criou, no fim de março, uma plataforma digital de vendas para auxiliar micro e pequenos varejistas, além de profissionais autônomos, a manterem seus negócios ativos durante a crise da Covid-19.
A iniciativa incluiu duas plataformas, uma para lojistas e outra para pessoas físicas, para que os produtos possam ser oferecidos no site, no app e até nas lojas físicas do Magalu.
As entregas das encomendas são feitas por meio dos Correios e sem custos para os lojistas, que pagam uma taxa de 3,99% ao Magazine Luiza por cada venda concretizada.
A empresária e seu filho também assumiram o compromisso de não demitir durante a pandemia.
Luiza Trajano: uma das 100 mais da Time
Em setembro de 2021, Luiza Trajano ganhou o título de uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Ela aparece na revista dentro da categoria Titãs, que inclui também a ginasta americana Simone Biles, a autora Shonda Rimes, o jogador de futebol americano Tom Brady e o presidente da Apple, Tim Cook.
Luiza trajano: acompanhe o histórico de cotação do Magazine Luiza (MGLU3)
Em 2022, os resultados do Magazine Luiza (MGLU3) não vêm agradando o mercado.
Isso porque as ações da varejista reportaram queda de 90% entre 2021 e 2022.
Há poucos anos atrás, a ação da companhia era cotada acima dos R$ 100, principalmente, quando a empresa conseguiu se manter ativa mesmo durante o pico da pandemia do novo coronavírus, cujo lockdown obrigou o fechamento de suas muitas lojas Brasil afora.
Entretanto, menos de um ano depois, em 17 de junho de 2021, a ação estava cotada em R$ 22, um movimento descendente que vem fustigando os papéis da varejista até ao dia de hoje.
Antes de entrar nos méritos que levaram ao recente desempenho das ações do Magazine Luiza, convém analisar como seu principal papel se comportou na bolsa de valores nos últimos anos.
- Mais sobre Luiza Trajano e Magalu: conheça também Frederico Trajano, o CEO da Magazine Luiza.
Luiza Trajano e as ações do Magazine Luiza (MGLU3)
Até 2017, o título negociado sob o ticker MGLU3 não era lá muito notado pelo mercado. No entanto, a partir do final daquele ano, mais ou menos, uma escalada impressionante do valor da ação teve início.
Foi quando a “Magalu” alcançou uma grande notoriedade entre os participantes do mercado. Subindo a galope e a passos largos, o papel alcançou algo em torno de 900% de valorização entre 2018 e o início da pandemia, em 2020.
Nada parava a subida. Eram necessários desdobramentos sucessivos para que o preço da ação ficasse abaixo de R$ 100. Somente o forte impacto causado pela crise da pandemia freou o crescimento.
No entanto, até essa parada foi temporária, pois rapidamente o papel se recuperou. Depois de perder quase 50% do seu valor em pouco mais de 2 meses, a ação retomou seu ritmo de crescimento.
De março de 2020 até novembro do mesmo ano, nova curva de alta. Dessa vez, a valorização alcançou mais de 55%. Foi aí então que o cenário começou a se reverter de uma forma bastante agressiva, pode-se dizer.
De novembro de 2020 (quando alcançou o pico) até o início de 2022, a perda no valor dos papéis foi de nada menos que 77%.
Infelizmente, a queda não parou: em 2022, a perda acumulada já atingiu mais de 40%.
- Além de Luiza Trajano: leia também: mundo terá explosão no número de milionários até 2026, aponta Credit Suisse.
Luiza Trajano: por que as ações do Magazine Luiza (MGLU3) caíram tanto?
A razão para a queda tão brusca das ações do Magazine Luiza (MGLU3), segundo analistas, é a pressão inflacionária cujo resultado se reflete na elevação dos preços.
Outro fator seria a concorrência no setor, que sempre foi canibalizado. Tanto é assim que alguns presidentes de empresas de varejo solicitaram ao governo formas de controlar o acesso de companhias de varejo estrangeiras, que geram “concorrência desleal” e implicam o mercado, colocando em xeque também o emprego dos funcionários das companhias brasileiras.
Estes empresários não se opõem às companhias estrangeiras, mas pedem que estas tenham o mesmo volume de obrigações fiscais e trabalhistas como seus pares nacionais. Acontece que o mercado eletrônico e a falta de uma legislação adequada para ele acabou beneficiando algumas operações em detrimento de outras.
Luiza Trajano deixa lista de bilionários da Forbes
A empresária Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza (MGLU3), deixou a lista de bilionários da Revista Forbes em 2022.
Entre as razões estão as ações da varejista, que vem reportando queda nos últimos meses.
Na lista publicada pela Forbes em abril, Luiza Trajano figurava na 26º colocação no ranking brasileiro e estava na posição 2076 no ranking mundial.
Segundo o Estadão, a fortuna dela era estimada em US$ 1,4 bilhão (R$ 6,5 bilhões). Em julho do ano passado, a fortuna de Luiza Trajano bateu um recorde ao atingir US$ 5,6 bilhões (R$ 28,6 bilhões) e está em queda desde então.
Por enquanto a Forbes não informou em que patamar está a fortuna da empresária, hoje.
Ela possui 17% do Magazine Luiza e ocupa o cargo de chairman desde 2015, quando deixou o posto de CEO para o seu filho Frederico Trajano.
Vale lembrar que a companhia é uma empresa familiar e foi fundada pelos tios de Luiza Trajano. Ela começou a trabalhar na empresa quando esta era apenas uma loja em Franca (SP).
Atualmente, a rede tem lojas em boa parte do país, incluindo o Rio de Janeiro, Estado que o grupo tinha restrições de montar um Centro de Distribuição (CD) por conta dos altos índices de roubo de cargas. Entretanto, parece que esse temor ficou para trás.
- Leia mais: Luiza Trajano, do Magazine Luiza (MGLU3), deixa lista de bilionários da Forbes; saiba a razão.
Luiza Trajano e as ações Magalu: qual o posicionamento da empresa?
O principal pronunciamento em relação à atual situação dos papéis da companhia vem de seu CEO, Frederico Trajano. Para ele, é normal que os investidores cobrem da empresa um resultado positivo da parte de tecnologia.
Além disso, é difícil para quem tem o papel aceitar uma queima de caixa agressiva, como foi registrado no anúncio dos resultados ocorridos mais recentemente.
Outro ponto que Trajano observa é que, segundo ele, a queda no valor das ações é percebido por todo o setor e não se limita à sua empresa.
O CEO diz que as ações de companhias de tecnologia e de varejo estão sofrendo com a alta da Selic, já que há uma migração de capital da renda variável para a renda fixa.
E a Magalu se coloca como uma empresa com forte atuação em ambos os ramos. É como se ela estivesse sendo duplamente penalizada pelo momento que passa a bolsa de valores no Brasil.
- Além de Luiza Trajano: ação da Magalu em baixa, é hora de comprar?
Quais são as ações de Luiza Trajano e do Magazine Luiza (MGLU3) para retomar o crescimento?
Diante de todo esse cenário, é totalmente crível buscar saber quais serão as soluções adotadas para crescer novamente. E de fato, a companhia já vem implementando novas ações.
A principal delas é retomar o conceito sobre o qual a companhia foi fundada, que é justamente atuar em mercados ainda não explorados e, portanto, com baixa concorrência.
Isso inclui aumentar a capilaridade e fazer com que pequenos varejistas se unam à rede de vendas do Magazine Luiza para aumentar as vendas.
Para isso, foi dada largada em uma iniciativa que a empresa denominou de “Caravana Parceiro Magalu”. A ideia é viajar todo o país buscando parceiros para a rede justamente em pequenos municípios.
Entre as ações da caravana, estão a formalização de vendedores e seu treinamento, para que aprendam a acessar os sistemas de vendas da Magalu e passem a utilizar sua rede logística para acelerar as vendas.
Tudo isso conta com uma forte capitania da imagem de Luiza Trajano, presidente do conselho da empresa. A rede aposta no carisma em torno de Luiza para convocar o maior número de vendedores possível.
- Além de Luiza Trajano, leia também: Mulheres mais ricas do mundo: saiba quem são.
Bilionários brasileiros: Luiza Trajano está entre eles
Não é de hoje que a trajetória de alguns bilionários brasileiros serve de inspiração para muitas pessoas, sejam elas estudantes, investidoras ou empreendedoras no País.
Muitas vezes, esses famosos têm histórias interessantes, de enfrentamento de crises, disputas familiares e diversos outros obstáculos. Afinal, é bastante difícil construir fortunas sem passar por percalços na trajetória.
Luiza Trajano, do Magazine Luiza, está entre eles. Conheça os demais.
Dulce Pugliese
Em parceria com o marido, Edson Bueno, Dulce Pugliese de Godoy Bueno fundou a operadora de saúde Amil, nos anos 70.
Dulce cursou medicina, em Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Desde cedo, foi um destaque nos estudos, devido a características como foco e empenho. Ainda nessa época, conheceu Edson, com quem ficou casada por 17 anos. Mesmo com o término do casamento, ambos continuaram parceiros nos negócios. A sociedade durou 47 anos, até a morte de Edson, em 2017.
Depois do divórcio, na década de 90, Dulce se muda para os Estados Unidos, onde se especializa em administração na Universidade do Texas. De volta ao Brasil, em 2007, a Amil passa por reformulações e abre o capital na bolsa.
Em 2021, Dulce ocupava a lista de terceira mulher mais rica do Brasil, atrás de Luiza Trajano. Entre as pessoas mais próximas, Dulce é considerada como “o esteio dos negócios”, desde a época em que o empresário Edson Bueno ainda era vivo.
Marcel Telles e Beto Sicupira
Telles e Sicupira nasceram em famílias de classe média no Rio. Não tinham a vida ganha. Os dois começaram a trabalhar no Banco Garantia, de Jorge Paulo Lemann, na década de 1970.
Sicupira aceitou a proposta do amigo de pesca submarina sem nem saber quanto iria ganhar. Telles começou em uma das funções mais simples do banco. Com dedicação total ao negócio, eles ganharam a confiança de Lemann.
Juntos, os três firmaram uma das sociedades mais bem-sucedidas e duradouras da história empresarial brasileira.
Eduardo Saverin
Aos 39 anos, o “brasileiro do Facebook” é o maior bilionário do país. De acordo com a Forbes, a sua fortuna é estimada em US$ 19,5 bilhões.
Saverin conheceu Mark Zuckerberg em 2001, quando começou a estudar economia em Harward. A dupla, que viria a criar o Facebook, era complementar: enquanto Zuckerberg era um gênio da programação, o brasileiro mandava bem nas finanças (na ocasião, era presidente da Harvard Investment Association, que ensinava alunos a investir).
A fortuna de Saverin veio da sociedade com Zuckerberg, que viria a terminar em inimizade. Inclusive, essa história é contada no filme “A Rede Social”.
Atualmente, o brasileiro é sócio da B Capital Group, um fundo de capital de risco. Junto da mulher e do filho, Eduardo vive em Cingapura.
Miguel Krigsner
Miguel Krigsner, fundador de O Boticário, começou seu império com uma pequena farmácia de manipulação em Curitiba.
Estava sempre muito atento às necessidades de seus clientes e ao mercado. Logo que começou, percebeu que sua freguesia era composta principalmente por mulheres, que ficava esperando na loja pelos produtos manipulados. Surgiu a ideia de produzir cosméticos.
Mais tarde, Krigsner inaugurou sua primeira loja: no Aeroporto. Foi o que bastou para que seus produtos ultrapassassem as fronteiras do Paraná.
Além da perspicácia, o empresário também nos ensina que é preciso uma dose de risco. E para isso, ele tem uma boa história.
Nos anos 80, Krigsner ficou sabendo que Sílvio Santos tinha 60 mil frascos de perfume para vender. Mesmo sem ter o dinheiro, o empresário negociou a compra e correu para colocar no mercado uma fragrância que nem havia passado pela fase de testes.
Com as vendas, pagaria o dono do SBT. O resultado da aposta foi a colônia Acqua Fresca, até hoje o maior sucesso da rede de lojas O Boticário.
Alexandre Behring
Alexandre Behring tem sua trajetória de sucesso ligada a três outros integrantes do seleto grupo dos bilionários brasileiros: Lemann, Teles e Sicupira.
Juntos, eles criaram a maior cervejaria do mundo, a AB Inbev. Os três sempre defenderam que os melhores talentos devem ser premiados e promovidos a desafios maiores.
Foi o que aconteceu com Behring, que também virou sócio, junto com os chefes, do 3G capital, uma empresa de investimentos que aplica parte do patrimônio em companhias nos Estados Unidos.
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