O núcleo do Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE) avançou 0,4% em fevereiro, ante 0,5% de janeiro. O resultado ficou dentro da expectativa do mercado. Em 2022, a alta do núcleo foi de 5,4%.
O indicador foi divulgado na manhã desta quinta-feira (31), pelo Departamento de Comércio do governo dos Estados Unidos (EUA).
O núcleo do PCE exclui o setor de alimentos e energia, que é considerado mais volátil.
O índice cheio (PCE) subiu 0,6% na base mensal, enquanto subiu 6,4% na comparação com igual período de 2020.
O dado de janeiro foi revisado de alta de 0,6% para alta de 0,5% na comparação com dezembro e de alta de 6,1% para alta de 6% frente janeiro de 2020.
Vale destacar que o PCE é um dos principais componentes de avaliação para indicar o movimento das políticas do Fed. O resultado do índice reforça a tese de que os juros dos EUA subam 0,5 ponto porcentual na próxima reunião de política monetária agendada para maio.
No último dia 16, os EUA deram início à subida de juros, com o primeiro aumento desde 2018. A alta foi de 0,25 p.p., mas o mercado estima que os juros ultrapassem a marca de 2% até o final do ano.
Receio de recessão nos EUA
Nos EUA, os temores de uma curva de rendimento invertida despertam preocupação quanto a uma recessão.
Esta semana, os rendimentos do Tesouro dos EUA de 5 e de 30 anos se inverteram pela primeira vez desde 2016. E, historicamente, essa inversão tem sido um sinal de uma recessão que se aproxima.
“Quando se está em recessão, entramos em uma fase de desalavancagem da economia. As empresas e pessoas físicas vendem seus ativos para pagarem suas dívidas. É por isso que os preços dos ativos caem, porque há mais oferta. Isso é fruto dos juros altos na economia. A recessão é a consequência do remédio (juros altos) que foi tomado. É necessário seguir uma nova fase, o surgimento de um novo ciclo de expansão”, define Denys Wiese, economista da EQI Investimentos e head de renda fixa.
O cenário de possível estagflação nos EUA, projetado até então, está sendo abandonado. Isso porque a guerra na Ucrânia, apesar de ter se revelado longa, continua restrita a este país, e “não deve trazer rupturas adicionais, dada a pouca relevância econômica dos países diretamente envolvidos”, analisa Luís Moran, head da EQI Research.
“A estagflação seria a consequência de ‘um remédio que não foi tomado quando era necessário’. A recessão dói mais no curto prazo. Mas, se resolve no longo prazo. Já a estagflação é como uma morte lenta: não se sente tanto a dor no curto prazo, mas pode comprometer a próxima geração. A meu ver, é melhor pagar o preço antes, para desfrutar no futuro de uma vida melhor”, diz Wiese.