Dois vídeos que circulam pelo Whatsapp convocam a população a sair às ruas no dia 15 de março, contra o Congresso. Os vídeos trazem sobreposições de imagens do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desde a época da facada que recebeu durante a campanha presidencial até fotos mais recentes do governo. Frases exaltando as qualidades de Bolsonaro e convocando à manifestação aparecem ao longo das montagens, com o hino nacional incidental ao fundo.
De acordo com fontes ouvidas por diversos veículos de imprensa que receberam os dois conteúdos, os vídeos teriam sido disparados a partir do celular do próprio presidente.
“Ele foi chamado a lutar por nós. Ele quase morreu por nós. Ele é a nossa única esperança de dias cada vez melhores. Ele precisa do nosso apoio. Dia 15/3, vamos mostra a força da família brasileira. Vamos mostrar que apoiamos Bolsonaro e rejeitamos os inimigos do Brasil”, afirma o vídeo.
Congressistas logo interpretaram que os “inimigos do Brasil” seriam eles, depois da polêmica envolvendo um áudio vazado do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), em que ele afirma que o governo não deve ceder “às chantagens” do Congresso. E ainda orienta o presidente Jair Bolsonaro a “convocar o povo às ruas”.
Resposta do presidente
Nesta quarta-feira, 26, Bolsonaro foi ao Twitter responder às acusações e responsabilizou a imprensa pela polêmica. “Tenho 35 milhões de seguidores em minhas mídias sociais, com notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional. No Whatsapp, algumas dezenas de amigos, onde trocamos mensagens de cunho pessoal. Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República”, afirmou.
Repercussão dos vídeos de Bolsonaro
Os dois vídeos divulgados via Whatsapp geraram polêmica e reações políticas. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi ao Twitter afirmar que esta é uma “crise institucional de consequências gravíssimas”. “Melhor gritar enquanto se tem voz, mesmo no Carnaval, com poucos ouvindo”, disse.
Miguel Reale Junior chamou a divulgação de uma “conspiração contra um dos Poderes da República”. Em entrevista à Folha, afirmou: “Não sei o que ele tomou nesse carnaval para tomar um ato de tamanha ousadia. É gravíssimo. Convocar a nação para desconstituir um Poder está entre os itens que justificam um impeachment”, enfatizou. O jurista é um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
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