A Engie (EGIE3) reportou resultados fracos no segundo trimestre de 2021 (2TRI21), segundo relatório do BTG (BPAC11).
O motivo, segundo analistas, é a hidrologia deficiente e maiores custos de GSF (risco hidrológico).
O EBITDA reportado totalizou R$ 1,215 bilhão (vs. R$ 1,299 bilhão do BTG), mas quando ajustado para (i) R$ 163 milhões de prejuízo da UTE Jorge Lacerda e (ii) um impacto positivo de R$ 159 milhões no IFRS (transmissão), o EBITDA teria sido R$ 1,219 bilhão, 6% abaixo do número do BTG.
As despesas com PMSO (pessoal, material, serviços de terceiros e outras despesas) da Engie também foram pressionadas por maiores custos com materiais e terceiros (+ 51% a/a), relacionados à manutenção em seu complexo de geração.
O lucro líquido ajustado ficou em R$ 322 milhões (vs. R$ 419 milhões do BTG), impactado por despesas financeiras maiores do que o esperado -devido ao impacto do IGP-M nas concessões a pagar -e um resultado de equivalência ligeiramente inferior da TAG (R$ 147 milhões vs. R$155 milhões do BTG).
Além disso, a Engie anunciou R$ 790 milhões em dividendos, o que representa um payout ajustado 100% no 1S21 (dividend yield de 2,6%).
Compra de energia para compensar a deterioração do GSF
A Engie anunciou a aquisição de 55 MW para 2021, aumentando seu custo médio de compra de energia de R$ 182/MWh para R$ 191/MWh, o que significa que esta compra adicional foi provavelmente feita a preços acima de R$ 350/MWh, refletindo o deterioração do cenário hidrológico.
A empresa também adquiriu 35 MW para 2022, onde o preço médio de compra saltou de R$ 177/MWh para R$ 184/MWh.
Assim, a Engie agora tem 713 MW não contratado para 2021, 763 MW para 2022 e 1136MW para 2024.
Diversificação adicional por vir
A capacidade remanescente do complexo Campo Largo II (113 MW) deve entrar em operação em agosto.
Além disso, a Engie já iniciou a implementação do complexo eólico Santo Agostinho (434MW) e tem um gasoduto de energias renováveis de 1.5GW para os próximos anos, proporcionando diversificação adicional além geração hidro.
Quanto aos projetos de transmissão em construção, a Gralha Azul (89% concluída) deve entrar em operação em agosto, mas o Novo Estado (84,5% concluído) está em inspeção e testes de segurança após o incidente reportado em julho, e os impactos no cronograma ainda não foram divulgados.
As negociações com a FRAM Capital para a venda da UTE Jorge Lacerda avançaram e a Engie anunciou que o acordo deverá ser assinado até o final de agosto, ainda sujeito a condições precedentes. Assim, o processo de desinvestimento da UTE Pampa Sul está em andamento e tem previsão de conclusão até o final deste ano.
Por fim, a recomendação é neutra e o preço-alvo R$ 47.






