Antônio José Carneiro, de 77 anos, é um daqueles grandes investidores brasileiros que fez sua fortuna de forma discreta. Conhecido desde a infância pelo apelido de “Bode”, por conta de seu sobrenome, o bilionário é pouco conhecido do grande público embora esteja no mercado desde a década de 60. Esse mineiro começou a carreira como caixa do banco Mercantil. Virou gerente, mas largou tudo para ser operador em uma corretora, a Multiplic. O dinheiro ganho nos pregões do Rio de Janeiro foi suficiente para, ao lado do amigo Ronaldo Cezar Coelho, acumular ações da corretora. Losango: o pulo do gato de Antônio José Carneiro Em 1993, Antônio José Carneiro, ainda ao lado de Ronaldo Cezar Coelho, comprou a Losango, financeira especializada em crédito pessoal. Quatro anos após a aquisição, a empresa já valia US$ 1 bilhão. Carneiro e seu sócio decidiram vender a empresa, mas o grupo britânico Lloyds Bank, que também tinha participação no negócio, foi contra. Os brasileiros decidiram sair do negócio em 1997, embolsando cada um US$ 300 milhões. Hoje, a Losango pertence ao Bradesco, que comprou as operações do HSBC no Brasil em 2015. Diversificação multiplicou fortuna A venda da fatia da Losango permitiu a Antônio José Carneiro diversificar seu portfólio de investimentos. A aposta seguinte foi no grupo Ipiranga, com a aquisição de 35% das ações da petroleira. Logo na sequência, partiu para o setor de energia. Esse segmento é até hoje a principal fonte de sua fortuna. Também apostou pesado na área de construção civil. Carneiro investiu principalmente na Energisa (ENG111), onde também é conselheiro. E também colocou parte da fortuna na construtora João Fortes (JFEN3), que está em recuperação judicial. Na construtora, Carneiro detém 12,9% das ações e foi presidente do conselho até abril deste ano. Em 2006, o “Bode” comprou por US$ 152 milhões as ações do grupo americano Alliant Energy na Energisa. Junto com a família Botelho, controladora da empresa, Bode é um grande influenciador nas decisões da empresa. João Fortes Engenharia deu “dor de cabeça” ao bilionário Ao investir na João Fortes Engenharia o Carneiro teve que suar a camisa para fazer o negócio render. Ele começou na empresa com participação minoritária, de apenas 10%. Em 2007, investiu R$ 50 milhões para tirar o controle das mãos da família Fortes. O aporte foi pequeno para solucionar os compromissos da empresa, e Carneiro se viu obrigado a injetar mais R$ 100 milhões, reduzir o quadro de funcionários e trocar o departamento administrativo para honrar as dívidas e tentar colocar a casa em ordem. Até hoje, no entanto, a João Fortes enfrenta problemas. A empresa foi acusada de construir prédios no Rio de Janeiro em um terreno que supostamente teria a documentação fraudada. A briga está na Justiça. Em abril deste ano, a companhia entrou com pedido de recuperação judicial no Rio de Janeiro alegando que, “assim como grande parte do setor imobiliário, vem enfrentando um período de adversidades marcado pela crise macroeconômica do país e sua subsequente lenta retomada”. As confusões do “Bode” e o amor pelo Botafogo Além dos problemas enfrentados com a João Fortes Engenharia, o empresário encarou outras saias-justas por conta de seu estilo discreto e, ao mesmo tempo, ousado quando o assunto é correr riscos. Torcedor fanático do Botafogo, o bilionário chegou a tentar comprar o clube de futebol do Rio de Janeiro em 2011, mas, justamente por ser desconhecido do grande público, ninguém o levou a sério nas reuniões com a diretoria do time carioca. Em 2012, Carneiro teve parte de seus fundos congelados pela Justiça. O motivo: garantir a devolução de R$ 155 milhões ao Banco de Brasília. “Bode” foi condenado por, supostamente, ter vendido papéis imobiliários sem valor algum de mercado. O advogado do bilionário alegou que ele foi tão prejudicado e que a culpa teria sido do sistema da Caixa Econômica Federal, que “teria testado erroneamente a validade dos títulos”. Planilha de Ações: baixe e faça sua análise para investir