Alberto Fernández assumiu nesta terça-feira (10) a presidência da Argentina, após quatro anos da política de centro-direita de Mauricio Macri. que resultou em uma crise econômica.
A missão principal do líder peronista é acertar o rumo da economia. Para a tarefa, o eleito escolheu para comandar a pasta econômica o jovem Martín Guzmán, discípulo do ganhador do Prêmio Nobel, Joseph Stiglitz (em 2001).
Segundo a Reuters, Fernández precisará “encontrar um equilíbrio delicado para lidar com grandes exigências tanto da população como dos investidores”.
O novo presidente discursou, de acordo com informações na Agência Brasil, na frente do Parlamento. Ressaltou que pretende “ser o presidente que escuta, a favor do diálogo.” Fernández ressalvou que os problemas da democracia só se resolvem com mais democracia.
A vice de Fernandez é a ex-presidente e ex-senadora, Cristina Kirchner. A dupla venceu as últimas eleições, em primeiro turno, com 48% dos votos, enquanto Macri teve 40%.
Solenidades
As solenidades, informa a Agência Brasil, tiveram início na manhã de hoje e prosseguem até o final da tarde. Na tarde de hoje, às 15hs, o novo presidente receberá os cumprimentos dos chefes de Estado e de governo que compareceram à cerimônia de posse. Entre eles estará o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, que irá representar o país. Mourão afirmou à rede Globo que o país manterá boas relações com a Argentina.
Às 17h, Alberto Fernández e Cristina Kirchner cumprimentarão apoiadores na Praça de Maio, em Buenos Aires.
Brasil x Argentina
O presidente Jair Bolsonaro decidiu não ir à posse, criticando o novo presidente. Disse que seria representado pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra. No domingo (8), afirmou que o Brasil não estaria presente na solenidade. Então, acabou mudando de ideia novamente e enviou o vice, Hamilton Mourão.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, foi visitar o par local, o também peronista Sergio Massa, tornando-se primeira autoridade brasileira a cumprimentar Fernández.
Apesar desse cenário, segundo o UOL, parte dos analistas econômicos e representantes de setores exportadores brasileiros não acreditam que o clima de animosidade entre os dois políticos terá desdobramentos práticos. A avaliação é de que, como os dois países são bastante interdependentes – e diante da desaceleração da economia global -, o pragmatismo falará mais alto.
Na posse, Fernández seguiu esse caminho: “particularmente com o Brasil, temos que construir uma agenda ambiciosa, produtiva e estratégica, com uma relação que vai além de qualquer diferença pessoal ou ideologia que quem governa nesta conjuntura”.
Crise
Fernández e Guzmán terão uma missão ingrata. A inflação argentina passou dos 50% anuais. A economia está em recessão e a pobreza chegou aos 40% da população. A dívida pública é de aproximadamente US$ 100 bilhões, considerada impagável a curto prazo, por isso a renegociação será fundamental para o sucesso do governo.
“O desafio de Fernández passa por criar as condições de confiança com uma manobra rápida para que a economia se ponha em marcha novamente, e isso vai depender do que fará com a dívida”, disse à Reuters o analista político Julio Burdman.
FMI
Analistas consideram que as tratativas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) são o ponto de partida. A Argentina já deve ao Fundo algo em torno de US$ 44 bilhões. Fernández chegou a sugerir em campanha que o FMI não envie restante do empréstimo à Argentina. Faltariam US$ 11 bilhões.
“Tenho um problemão e vou pedir mais US$ 11 bilhões? O que quero é deixar de pedir e que me deixem pagar”, disse.
Outro grande problema está na crise de incerteza e credibilidade. Muitos investidores têm se mostrado inquietos com a probabilidade de Fernández se voltar para uma regulação maior da economia, tal como fez sua atual vice-presidente, Cristina Kirchner, quando governou o país entre 2007 e 2015.
Entretanto, há a questão do equilíbrio. Foi uma aliança heterogênea de centro-esquerda que o levou ao poder, e essa aliança espera uma mudança nas políticas de austeridade do seu antecessor. O nó está nas mãos do novo governo.
Posse
“Venho a convocar a unidade de toda a Argentina em favor um novo contrato social, fraterno e solidário, porque este é um tempo de emergência no qual primeiro temos que atender os mais necessitados, e depois os demais. Vamos começar pelos últimos para chegar a todos”, disse Fernández no discurso de posse.
Ele deixou bem claro que seu governo vai “encarar a dívida externa, mas para poder pagar, primeiro temos que crescer”.
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