Em reportagem publicada na quinta-feira (24), a revista britânica The Economist qualificou como uma “chocante agressão” a decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras e de suspender os vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a publicação britânica, essas ações representam uma das maiores interferências americanas na América Latina desde o fim da Guerra Fria.
De acordo com a publicação, o governo norte-americano, sob o comando de Donald Trump, reagiu à cúpula do Brics, realizada em Brasília nos dias 6 e 7 de julho, com medidas que aprofundam as tensões ideológicas entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A revista aponta que a ofensiva norte-americana contra o Brasil foi motivada justamente por esse encontro entre países emergentes.
The Economist destaca que as medidas adotadas pelos Estados Unidos têm provocado um efeito contrário ao pretendido por Trump. A revista ressalta que, embora a intenção fosse enfraquecer o governo brasileiro e fortalecer a direita, as ações estão impulsionando a popularidade de Lula.
The Economist: medidas contra Bolsonaro são “agressivas”
“Se atrair a ira de Trump deveria fortalecer a direita brasileira antes das eleições gerais do ano que vem, o plano está saindo pela culatra. Brasileiros de todos os tipos estão apoiando Lula”, afirma a reportagem.
Além disso, a matéria observa que o índice de aprovação do presidente brasileiro, que vinha em queda, começou a melhorar após os episódios envolvendo os Estados Unidos. “Ele agora lidera o grupo de potenciais candidatos para a corrida eleitoral do ano que vem”, acrescenta a publicação.
Por fim, a publicação também criticou as medidas do Supremo Tribunal Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. O ex-presidente, réu em processo por causa dos episódios de 8 de janeiro de 2023, foi submetido à utilização de tornozeleira eletrônica e proibido de usar redes sociais por decisão do ministro Alexandre de Moraes. A revista classificou essas ações do STF como “agressivas também”, indicando que, apesar da forte pressão dos EUA, o Judiciário brasileiro tem adotado postura igualmente rigorosa em seu cenário interno.