O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (24) que o chamado “tarifaço de Trump“, proposta do presidente dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, pode impactar diretamente mais de 10 mil empresas do Brasil. A declaração foi dada em entrevista à Rádio Itatiaia.
“São mais de 10 mil empresas brasileiras que seriam afetadas, e os americanos também serão afetados, pagarão mais caro pelo café, pelo suco de laranja, pela carne”, disse Haddad, ao criticar a medida. Para o ministro, o aumento de tarifas serviria como uma forma de “sabotar a economia brasileira em troca de bônus eleitoral”.
O chefe da Fazenda reforçou que o governo brasileiro está disposto a manter o diálogo com os Estados Unidos, apesar do impasse. “Nós não vamos sair da mesa de negociação. Se a nossa contraparte não quer se sentar à mesa, é um outro problema”, declarou.
Tarifaço de Trump: café nacional pode ser atingido em cheio
O tarifaço de Trump, que mira diretamente produtos de exportação brasileiros, pode atingir em cheio o mercado consumidor americano — principalmente no caso do café. O Brasil é o maior fornecedor de grãos de café verde aos Estados Unidos, respondendo por cerca de um terço das importações, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA.
Com produção concentrada em regiões tropicais, que os Estados Unidos praticamente não possuem (com exceção do Havaí e de Porto Rico), o país não tem capacidade para suprir internamente a demanda por café — bebida favorita dos americanos. O mercado de café movimentou aproximadamente US$ 19,75 bilhões nos EUA em 2024, conforme levantamento da consultoria Mintel. Um aumento nos custos de importação pode, portanto, pesar no bolso dos consumidores.
Paralelamente à crise comercial, o governo norte-americano demonstrou interesse em firmar acordos com o Brasil para garantir o fornecimento de minerais críticos, como terras raras, lítio e nióbio — essenciais para a transição energética e tecnologias de ponta. A informação foi revelada pelo jornal O Globo, com base em relatos do presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann. Segundo ele, o tema foi discutido com representantes da embaixada americana em Brasília, mas qualquer avanço dependerá da decisão do governo brasileiro, já que esses minerais são bens da União.