A produção industrial no Brasil cresceu 0,7% em fevereiro em relação aos dados do mês janeiro, na série com ajuste sazonal. O índice atenuou parte da queda de 2,2% registrada no mês anterior, mas, frente a fevereiro de 2021, ainda há um recuo de 4,3% na atividade da indústria e um índice 18,9% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
A média móvel trimestral para o total da indústria teve acréscimo de 0,4% no trimestre encerrado em fevereiro de 2022 frente ao nível do mês anterior, após avançar 0,2% em janeiro e 0,7% em dezembro de 2021, quando interrompeu a trajetória descendente iniciada em janeiro de 2021. Os números foram divulgados nesta sexta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Recuperação das indústrias extrativas
O avanço de 0,7% teve perfil disseminado de taxas positivas, alcançando todas as quatro grandes categorias econômicas e 16 dos 26 ramos pesquisados. Entre os ramos da atividade industrial, as influências positivas mais importantes vieram das indústrias extrativas (5,3%) e produtos alimentícios (2,4%).
As indústrias extrativas voltaram a crescer após recuar 5,1% no mês anterior por conta do volume de chuvas que atingiram Minas Gerais em janeiro. Já produtos alimentícios tiveram o quarto mês seguido de avanço na produção, acumulando nesse período ganho de 14,0%.
Outras contribuições positivas foram registradas em produtos farmoquímicos e farmacêuticos (12,7%), veículos automotores, reboques e carrocerias (3,2%), metalurgia (3,3%), bebidas (4,1%), outros equipamentos de transporte (15,1%) e produtos de borracha e de material plástico (2,9%).
Recuo em derivados do petróleo
Por outro lado, entre as dez atividades que tiveram redução na produção, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,8%) e celulose, papel e produtos de papel (-3,4%) exerceram os principais impactos em fevereiro. A primeira eliminou parte do crescimento de 3,1% registrado em janeiro. E a última intensificou a queda verificada no mês anterior (-1,8%).
Grandes categorias econômicas
Entre as grandes categorias econômicas, bens de capital (1,9%), bens intermediários (1,6%) e bens de consumo semi e não-duráveis (1,5%) tiveram as taxas positivas mais acentuadas em fevereiro de 2022 e ajudaram a puxar a alta da atividade industrial.
Com esses resultados, as duas primeiras voltaram a crescer após recuarem -8,8% e -1,3%, respectivamente em janeiro. A última marcou o quarto mês seguido de crescimento na produção, período em que acumulou ganho de 3,9%.
O setor produtor de bens de consumo duráveis (0,5%) também mostrou avanço nesse mês, mas abaixo da média da indústria (0,7%). Vale destacar que esse segmento recuou 11,7% em janeiro de 2022 e eliminou parte da expansão de 18,6% registrada nos dois últimos meses de 2021.
Análise do BTG Pactual (BPAC11) sobre o aumento na produção industrial
Para analistas do time Macro & Estratégia do BTG Pactual, o avanço em fevereiro foi influenciado pela melhora na margem do setor automobilístico e pela retomada da mineração em áreas que foram afetadas pelas condições climáticas. “Nesse sentido, vale ressaltar que parte do avanço no mês se deu pela baixa base de comparação a partir dos índices em janeiro”, apontam os analistas.
O banco acredita, no entanto, que a indústria tende a enfrentar um ambiente desafiador nos próximos meses, com “manutenção das condições macroeconômicas mais adversas, com queda dos índices de confiança, alta dos juros, inflação resiliente nos bens industriais, redução da renda real das famílias e continuidade das dificuldades produtivas globais”.
Este último fator ainda enfrenta o impacto da guerra entre Rússia e Ucrânia, sem perspectivas de encerramento no curto prazo. Além disso, o índice de confiança da indústria apresentou em março o nono recuo consecutivo, com queda tanto no indicador de situação atual quanto nas expectativas.
Como vetor positivo para os próximos meses, os analistas do banco destacam medidas de estímulos fiscais (linha de crédito direcionado para pessoa física e micro empreendedor individual, liberação do FGTS, redução do IPI, etc), que podem provocar revisões para cima na previsão de crescimento econômico para 2022.
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