A taxa de desocupação (Pnad) para o trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2025 subiu para 6,8%, marcando uma alta de 0,7 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (6,1%).
Apesar desse aumento, o rendimento médio dos trabalhadores alcançou um recorde de R$ 3.378, e o número de empregados com carteira assinada também atingiu um novo patamar histórico de 39,6 milhões de pessoas.

Crescimento sazonal da desocupação
A taxa de desocupados cresceu 10,4% frente ao trimestre anterior, somando 7,5 milhões de pessoas. No entanto, na comparação anual, houve uma queda de 12,5%, o que reflete uma tendência de melhora do mercado de trabalho em relação a 2024.
Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, esse aumento segue um padrão sazonal da PNAD Contínua, influenciado pela maior busca por trabalho nos primeiros meses do ano.
Setores impactados
Nenhum setor apresentou crescimento na ocupação frente ao trimestre anterior. Três setores foram os mais impactados pela redução de trabalhadores:
- Construção: queda de 4,0% (-310 mil pessoas);
- Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais: recuo de 2,5% (-468 mil pessoas);
- Serviços domésticos: retração de 4,8% (-290 mil pessoas).
Em contrapartida, na comparação anual, setores como Indústria Geral, Comércio e Administração Pública apresentaram aumento no número de trabalhadores.
Recorde na carteira assinada e melhora na renda
O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado cresceu 1,1% no trimestre e 4,1% no ano, atingindo 39,6 milhões, o maior valor já registrado. Essa alta está associada à manutenção das contratações no setor de comércio. Em contrapartida, os empregados sem carteira caíram 6,0% no trimestre, e o número de trabalhadores por conta própria permaneceu estável.
O rendimento médio real dos trabalhadores também atingiu um recorde de R$ 3.378, com um aumento de 1,3% no trimestre e 3,6% no ano. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pela Indústria (alta de 2,8%), Administração Pública (3,1%) e Serviços Domésticos (2,3%). A massa de rendimento real habitual também bateu recorde, alcançando R$ 342,0 bilhões, um aumento de 6,2% no ano.
Informalidade e subutilização
A taxa de informalidade registrou uma leve redução, caindo para 38,1% no trimestre encerrado em fevereiro de 2025, abaixo dos 38,7% observados nos trimestres anteriores. Além disso, a taxa de subutilização da força de trabalho ficou em 15,7%.
Sobre a PNAD Contínua
A PNAD Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no Brasil. A pesquisa abrange 211 mil domicílios por trimestre, com cerca de dois mil entrevistadores atuando em todo o país. Os dados podem ser consultados no site do IBGE, e a próxima divulgação está prevista para o dia 30 de abril.
Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o mercado de trabalho no Brasil segue bastante forte, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE. “A população ocupada, depois de dois meses em queda, voltou a subir. A gente teve uma estabilidade na taxa de desemprego como um todo no ajuste sazonal, mas a abertura é bastante boa”, comenta.
Um dos destaques positivos, segundo Stephan, é que a recuperação do nível de ocupação foi concentrada em empregos formais, acompanhada por um aumento real dos salários. “Com essa alta da população ocupada concentrada em empregos formais e uma alta também nos salários em termos reais, que continuam crescendo próximo de 3,5% e 4%.”
Essa dinâmica impulsiona a massa salarial, fator essencial para a sustentação do consumo e da atividade econômica. “Quando a gente junta esses dois indicadores, a ocupação e salário, a gente vê que a massa salarial, ou seja, a quantidade de dinheiro entrando na economia nos salários, hoje ela está rodando com um crescimento próximo de 6,5% no ano contra ano”, explica Stephan.
Mesmo diante de sinais de desaceleração no mercado de trabalho, o economista aponta que esse processo ainda é muito gradual. “Então, nesse sentido, o mercado de trabalho continua apertado, uma desaceleração desse mercado de trabalho. Ela ainda é muito suave, muito incipiente. Muito devagar.”
Com um mercado de trabalho aquecido e a massa salarial em crescimento, a tendência é de manutenção do consumo. “Isso deve manter também o consumo. Estamos vindo bem, é por isso que a gente tem essa projeção de crescimento do PIB para esse ano ao redor de 2%”, conclui Stephan.
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