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PMI industrial do Brasil chega a 52,6 pontos em março

PMI industrial do Brasil chega a 52,6 pontos em março

O PMI Industrial do Brasil (Índice Gerente de Compras) referente ao setor industrial de manufaturas chegou a 52,3 pontos em março, sinalizando uma melhora nas condições de negócio no país, apesar da pressão inflacionária e de temor de impactos mais fortes em consequência da invasão da Rússia à Ucrânia.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (1º) pela S&P Markit (fusão da IHS Markit com a S&P). O índice geral havia fechado em 49,6 pontos em fevereiro. Ele mostra consonância com o crescimento da produção industrial verificada em fevereiro pelo IBGE, anunciado também nesta sexta.

Os pedidos de fábrica aumentaram pela primeira vez após seis meses, fato que os participantes da pesquisa atribuíram ao fortalecimento da demanda, à conquista de novos clientes e aos esforços de reposição de estoque. A taxa de aumento de novos negócios foi moderada, mas ultrapassou sua média de longo prazo.

Por sua vez, o aumento das vendas impulsionou volumes de produção, com o índice de produção crescendo pela primeira vez desde setembro de 2021. Embora moderada, a taxa de crescimento estava acima da tendência.

Gráfico do O PMI Industrial do Brasil (Índice Gerente de Compras) referente ao setor industrial de manufaturas, que chegou a 52,3 pontos em março, sinalizando uma melhora nas condições de negócio no país.

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As empresas permaneceram confiantes de que o índice de produção aumentaria no ano seguinte. Apesar disso, o nível geral de sentimento positivo caiu para o valor mais baixo desde outubro passado. Evidências indicaram que o otimismo foi refreado por:

  • incerteza em relação às pressões de preços
  • escassez de insumos
  • instabilidade econômica
  • temor de impactos da guerra Rússia-Ucrânia

Entenda o PMI Industrial do Brasil

O Índice Gerente de Compras (PMI) utiliza dados compilados pela S&P Global a partir de respostas mensais a questionários enviados a executivos encarregados por compras em cerca de 400 empresas industriais. O painel é estratificado por setor e pelo número de funcionários da empresa, com base em suas contribuições para o PIB. Os dados da pesquisa foram coletados pela primeira vez em fevereiro de 2006.

As respostas são coletadas no meio do mês e indicam a direção de mudança em comparação com o mês anterior. Um índice de difusão é calculado para cada variável da pesquisa. O índice é a soma da porcentagem de respostas indicando mudanças “mais elevadas” e metade da porcentagem de respostas indicando uma “ausência de mudanças”.

Os índices variam entre 0 e 100, com uma leitura acima de 50 indicando um aumento, de um modo geral, em relação ao mês anterior, e uma leitura abaixo de 50 indicando diminuição, no geral. Depois disso, os índices são ajustados sazonalmente.

O PMI é uma média ponderada obtida a partir dos cinco índices seguintes: Novos Pedidos (30%), Produção (25%), Emprego (20%), Prazo de Entrega dos Fornecedores (15%) e Estoques de Insumos (10%). Para calcular o PMI, o Índice de Prazo de Entrega dos Fornecedores é invertido para que se mova em uma direção comparável aos outros índices.

Forte pressão inflacionária

As pressões inflacionárias ganharam velocidade em março, depois dos últimos meses de queda. Em 2022, os custos de insumos atingiram o maior patamar já registrado, possivelmente devido à guerra na Ucrânia, à força do dólar americano e ao descompasso entre a demanda e a oferta de insumos.

Como consequência, os preços de fábrica aumentaram novamente. A taxa de inflação calculada no PMI Industrial do Brasil para os preços de produção subiu para uma alta de sete meses e ultrapassou, em muito, sua média de longo prazo.

Apesar dos elevados preços de insumos, em paralelo com as previsões de novos aumentos durante os próximos meses, os fabricantes compraram matérias-primas e bens semiacabados adicionais. A retomada das compras também foi atribuída aos esforços de proteção contra a escassez de insumos, pois havia a preocupação de que o aumento dos casos de COVID-19 na China e a guerra Rússia-Ucrânia restringiriam ainda sua oferta.

As empresas relataram novamente dificuldades em receber em tempo hábil os insumos que compraram. Os prazos de entrega dos fornecedores aumentaram, ainda mais estendidos do que em fevereiro.

Aumento de estoques de insumos

Em março, no entanto, à medida que as antigas compras eram entregues, os estoques de insumos também se tornaram maiores. Foi o primeiro aumento em três meses. Porém, de modo geral, foi apenas moderado. Os estoques de produtos finais também aumentaram.

Em março, houve o crescimento do número de empregos no setor industrial de manufatura, em meio a relatos de melhora da demanda e reajustes nos processos envolvendo funcionários. Embora moderado, o índice de emprego cresceu com a maior velocidade desde outubro de 2021.

Os esforços de expansão da capacidade contribuíram para a redução dos negócios pendentes. A queda nos pedidos em atraso foi notória e a mais acelerada em cerca de dois anos. Por fim, os últimos dados apontam para uma nova redução do número de novos pedidos de exportação aos fabricantes de produtos brasileiros. A queda foi frequentemente atribuída à inflação global e reduzida demanda internacional.

Análise da S&P Markit

Pollyanna De Lima, diretora associada de Economia da S&P Markit, afirmou que os dados do PMI Industrial do Brasil apresentam resultados heterogêneos para o setor heterogêneos sobre o setor industrial de manufatura brasileiro. “O lado positivo é que ocorreu, nas empresas, uma recuperação do número de vendas e ajustes adequados nos cronogramas de produção. Além disso, as contratações e os esforços de reposição de estoque foram retomados”, avalia.

A analista, contudo, acredita que as empresas ainda não recuperaram totalmente o otimismo. “Uma queda na confiança nos negócios indica que as empresas percebem muitos empecilhos que provavelmente atrapalharão o crescimento. Entre eles, a escassez de insumos, a guerra Rússia-Ucrânia e o crescimento da inflação.”

Lima aponta ainda que o contínuo descompasso entre a demanda global de insumos e sua oferta continuou a aumentar os preços das matérias-primas. “Os custos de produção foram ainda mais elevados em março, à medida que os encargos adicionais foram transferidos aos clientes”, explica.

Por fim, a analista acredita que as incertezas internas também restringem uma visão mais otimista. “A demanda dos consumidores continuará a ser testada nos próximos meses, pois o aumento da inflação e as taxas de juros restringem o poder aquisitivo. Paralelamente a isso, a incerteza econômica e política pode enfraquecer os investimentos empresariais”, alerta.