O PMI de serviços dos EUA de setembro apresentou recuo para 54,2 pontos, ante 54,5 pontos registrados em agosto, segundo dados divulgados pela S&P Global. Apesar da desaceleração, o índice permanece acima da marca crítica de 50 pontos, que separa expansão de contração, sinalizando o 32º mês consecutivo de crescimento no setor de serviços.
O resultado ficou acima do consenso do mercado, que projetava 53,9 pontos, demonstrando resiliência da atividade econômica americana mesmo em meio a desafios relacionados a tarifas comerciais e incertezas sobre a demanda.

A performance de setembro representa a segunda queda mensal consecutiva do indicador, evidenciando uma desaceleração em relação ao pico registrado em julho de 2025. Segundo a pesquisa, o crescimento mais fraco foi impulsionado por uma expansão mais suave de novos pedidos, embora tenha sido observada uma melhora na demanda estrangeira pela primeira vez em seis meses. As empresas relataram que as tarifas comerciais e a incerteza mais ampla limitaram os ganhos na demanda geral do mercado.
Demanda externa oferece sinais positivos
Um dos destaques do relatório de setembro foi a recuperação das vendas externas, que cresceram modestamente pela primeira vez desde março. Esse movimento representa um sinal encorajador para o setor de serviços americano, indicando que a demanda internacional pode estar se recuperando gradualmente. No entanto, esse avanço não foi suficiente para compensar a desaceleração observada no mercado doméstico.
A pressão sobre a demanda ficou evidente no comportamento de contratações das empresas. Apesar das evidências de pressões contínuas sobre a capacidade produtiva – com acúmulos de trabalho crescendo solidamente pelo sétimo mês consecutivo –, as empresas demonstraram relutância em adicionar novos funcionários. O resultado foi um aumento apenas marginal no emprego, embora ainda estendendo o período de expansão contínua da folha de pagamento para sete meses. Essa cautela reflete a incerteza das empresas sobre as condições de negociação futuras.
Confiança empresarial se fortalece com juros menores
A confiança empresarial apresentou melhora significativa em setembro, atingindo seu nível mais alto desde maio, segundo o levantamento da S&P Global. Chris Williamson, economista-chefe de negócios da S&P Global Market Intelligence, destacou que “taxas de empréstimo mais baixas também se refletiram em uma melhoria generalizada no otimismo empresarial sobre as perspectivas para os próximos 12 meses”. Muitas empresas relataram que as taxas de juros menores aumentaram o otimismo ao adicionar esperanças de uma recuperação da demanda no próximo ano.
Diversos participantes da pesquisa também vincularam seu sentimento positivo às expectativas de que as políticas do governo federal apoiarão o crescimento econômico no próximo ano. Williamson observou que o crescimento está sendo impulsionado principalmente pelo aumento da atividade nos setores de serviços financeiros e tecnologia, embora também existam sinais crescentes de melhora na demanda por serviços voltados ao consumidor, como lazer e recreação, provavelmente ligados em parte às taxas de juros mais baixas.
No entanto, o economista expressou preocupação com a situação do mercado de trabalho: “Decepcionantemente, a melhoria no otimismo empresarial não conseguiu impulsionar mais crescimento de empregos, com a contratação quase estagnando em um sinal de mais mal-estar do mercado de trabalho, já que as empresas frequentemente se concentraram em operar com mais eficiência em meio a condições comerciais incertas”.
Tarifas pressionam custos operacionais
As tarifas comerciais continuaram sendo uma fonte importante de pressões de custos em setembro, que no geral aumentaram acentuadamente e em um grau ligeiramente mais rápido do que no mês anterior. Encargos mais altos de fornecedores e despesas com folha de pagamento também contribuíram para a pressão ascendente sobre as despesas operacionais das empresas. Segundo Williamson, “os custos de insumos aumentaram acentuadamente novamente em setembro, pois as taxas de importação foram vistas como tendo alimentado novamente os bens aos serviços”.
Apesar da elevação dos custos operacionais, os preços de venda aumentaram no ritmo mais lento desde abril, embora ainda acima da média histórica. As empresas buscaram repassar seus custos de insumos mais altos aos clientes, mas em alguns casos o crescimento mais lento da demanda e a concorrência limitaram o poder de precificação. Williamson apontou um aspecto positivo nesse cenário: “No entanto, as taxas cobradas por serviços aumentaram no ritmo mais lento em cinco meses, em um sinal bem-vindo de que algumas dessas pressões de preços tarifários nas cadeias de suprimentos estão começando a moderar”.
PMI Composto sinaliza desaceleração no terceiro trimestre
O PMI Composto dos EUA, que combina os setores de indústria e serviços, registrou 53,9 pontos em setembro, abaixo dos 54,6 pontos de agosto, ficando ligeiramente acima do consenso de mercado de 53,6 pontos. O resultado representou o crescimento mais lento em três meses, com ambos os setores cobertos pela pesquisa registrando expansões de produção mais fracas, alinhadas com ganhos mais lentos em novos negócios.
O emprego praticamente não cresceu no mês, mas a confiança nas perspectivas se fortaleceu de forma notável. As pressões de custos permaneceram elevadas, embora a inflação tenha diminuído para uma baixa de cinco meses, com tendência similar observada para os preços de venda. Chris Williamson comentou sobre o desempenho geral: “O crescimento do setor de serviços enfraqueceu ligeiramente em setembro, mas permaneceu forte o suficiente para completar um desempenho impressionante no terceiro trimestre como um todo. Combinado com o crescimento sustentado no setor de indústria, a expansão da atividade do setor de serviços é indicativa de um robusto crescimento anualizado do PIB do terceiro trimestre de cerca de 2,5%”.
Essa projeção demonstra que, apesar da desaceleração observada em setembro, a economia americana mantém fundamentos sólidos, com o setor de serviços continuando a ser um motor importante do crescimento econômico no país.
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