O PMI de serviços do Brasil de setembro revelou uma contração preocupante na atividade econômica do setor, atingindo 46,3 pontos e ficando abaixo da marca neutra de 50,0 pelo sexto mês consecutivo, após 49,3 e expectativa de 49,2. Este resultado representa a taxa mais acelerada de redução em quase quatro anos e meio, igualando o desempenho negativo registrado em julho. Os dados divulgados pela S&P Global destacaram que as condições de demanda permaneceram especialmente difíceis ao longo do mês.
A queda na atividade foi atribuída principalmente à falta de novos trabalhos e à redução generalizada da demanda no setor. Os participantes da pesquisa relataram que os novos negócios contratados diminuíram pelo sexto mês consecutivo, embora o ritmo de contração tenha sido modesto e mais suave do que o observado em agosto. Essa retração reflete um cenário desafiador para os provedores de serviços brasileiros, que continuam enfrentando dificuldades para atrair clientes em meio à incerteza econômica.

Apesar do cenário adverso, o otimismo em relação às perspectivas para o próximo ano se manteve entre os empresários do setor. Essa confiança, ainda que moderada, foi suficiente para sustentar uma expansão marginal no emprego durante setembro, marcando a primeira vez em três meses que o setor apresentou criação de postos de trabalho.
Pressões inflacionárias permanecem elevadas
As pressões inflacionárias continuaram sendo um desafio significativo para o setor de serviços, embora tenham apresentado sinais de arrefecimento. Os preços cobrados pela prestação de serviços no Brasil mantiveram trajetória ascendente em setembro, com aumento significativo que refletiu o repasse dos maiores encargos aos clientes. No entanto, o ritmo da inflação recuou para o menor nível em três meses, oferecendo um alívio relativo aos consumidores.
Segundo Pollyanna De Lima, diretora associada econômica da S&P Global Market Intelligence, “os provedores de serviços brasileiros estão encontrando pequenos motivos para ter esperança, mesmo enquanto navegam em águas econômicas turbulentas, evidenciadas pela confiança positiva nos negócios e pela criação de empregos.”
Os custos de insumos permaneceram elevados no contexto histórico, pressionados por diversos fatores. Participantes da pesquisa relataram aumentos nos preços de bebidas, algodão, energia, combustível, couro, manutenção, papel, artigos de papelaria e pneus. Adicionalmente, acordos sindicais e ajustes nos planos de saúde contribuíram para elevar a despesa média dos provedores de serviços. Apesar disso, a taxa geral de inflação de custos diminuiu para o menor nível em dez meses, com alguns produtos como café, ovos, carne, cebola e batata apresentando preços mais baixos.
No entanto, Pollyana alerta que “os números do PMI para setembro trouxeram notícias preocupantes sobre a atividade de serviços, que registrou uma das quedas mais acentuadas desde o início de 2021.” A especialista destacou ainda o dilema enfrentado pelas empresas: “as empresas também ficaram entre a cruz e a espada quando o assunto foi preços. Os custos de insumos voltaram a subir substancialmente, levando as empresas a aumentar seus preços em um momento em que a demanda do consumidor já está frágil.”
Essa dinâmica colocou as empresas em uma posição delicada, forçando-as a equilibrar o repasse de custos com a manutenção da competitividade em um momento de demanda fragilizada. A gestão de preços tornou-se uma questão estratégica fundamental para a sobrevivência dos negócios no atual cenário econômico.
PMI Composto indica retração ampla na economia
O PMI de serviços do Brasil de setembro teve impacto direto no desempenho do Índice Consolidado PMI de atividade econômica. O indicador composto caiu de 48,8 em agosto para 46,0 em setembro, fora da expectativa de mercado de 48,5, representando a contração mais rápida em quase quatro anos e meio, desde abril de 2021. Essa queda reflete uma desaceleração mais acentuada em todo o setor privado brasileiro, com fabricantes e provedores de serviços registrando reduções mais rápidas na produção.
As vendas agregadas diminuíram em maior extensão durante o mês, impulsionadas por uma queda consideravelmente mais acentuada nos pedidos às fábricas. As empresas de serviços, por sua vez, registraram uma redução modesta e mais suave em comparação ao setor industrial. Pollyanna De Lima comentou que “juntamente com os números do setor industrial, os dados divulgados hoje sobre o setor de serviços apresentam resultados ruins. Coletivamente, as pesquisas mostraram a maior queda na atividade econômica do setor privado em quase quatro anos e meio.”
Analisando o terceiro trimestre como um todo, a especialista observou que “a redução foi a mais rápida desde o segundo trimestre de 2020”, período marcado pelos efeitos mais severos da pandemia. No contexto consolidado, as tendências de preços foram variadas: enquanto o setor de serviços registrou aumento acentuado nos custos de insumos, os fabricantes apresentaram a primeira queda em quase dois anos. Os preços em todo o setor privado subiram à taxa mais lenta desde outubro de 2023, sinalizando possível arrefecimento das pressões inflacionárias nos próximos meses.