O Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2023 (4TRI23) dos Estados Unidos apresentou alta de 3,3% na base anual, acima do esperado pelo mercado. A primeira leitura do PIB dos EUA foi divulgada pelo Bureau of Economic Analysis (BEA) nesta quinta-feira (25).
O mercado tinha uma projeção de alta de 2,0% para o PIB dos EUA no 4TRI23. No trimestre anterior, a economia norte-americana acelerou 4,9%, com base nos dados ajustados.
O PIB dos EUA em dólares cresceu 4,8%, ou US$ 328,7 bilhões, para um nível de US$ 27,94 trilhões. Como base de comparação, no 3TRI23, o PIB havia crescido 8,3%, ou US$ 547,1 bilhões.
A projeção é de que o PIB real dos EUA tenha crescido 2,5% em 2023, em comparação com um aumento de 1,9% de 2022. O avanço considerável, segundo o BEA, refletiu principalmente:
- elevações nos gastos dos consumidores;
- alta no investimento fixo não residencial;
- aumento nos gastos dos governos estaduais e locais;
- alta das exportações;
- mais gastos do governo federal, que foram parcialmente compensados por diminuições no investimento fixo residencial;
- crescimento no investimento em inventários.

As importações no período, por outro lado, diminuíram, com o movimento puxado pelos bens.
O BEA aponta que o aumento nas despesas com consumo refletiu o avanço nos serviços (liderados pelos cuidados de saúde) e nos bens (puxados por recreativos e veículos). Já o investimento fixo não residencial teve aumentos nas estruturas e nos produtos de propriedade intelectual.
Os gastos de governos estaduais e locais refletiu avanços no investimento bruto em estruturas e na remuneração dos funcionários.
Inflação de consumo pessoal
A leitura é que o índice de preços de consumo pessoal (PCE) tenha subido 3,7% em 2023, em comparação com o avanço de 6,5% em 2022.
O núcleo do PCE, que exclui os preços de alimentos e energia, subiu 4,1%, após aumento de 5,2% em 2022.
A renda pessoal dos norte-americanos cresceu US$ 224,8 bilhões no quarto trimestre de 2023, acima dos US$ 196,2 bilhões no terceiro trimestre, refletindo principalmente melhora nas remunerações, receitas de rendimentos pessoais sobre ativos e nas rendas dos proprietários.
Pedidos de seguro-desemprego
Os pedidos iniciais de seguro-desemprego nos Estados Unidos tiveram um avanço de 25 mil na semana até o dia 20 de janeiro, para 214 mil. Os dados são do Departamento do Trabalho norte-ameircano, divulgados nesta quinta-feira (25).
O dado veio acima do consenso LSEG de analistas, que previam 200 mil pedidos.
O número anterior foi revisado pelo Departamento, saindo de 187 mil para 189 mil. Este foi o nível mais baixo observado desde a semana de 24 de setembro de 2022.
O número de pedidos continuados – feitos por pessoas que já estão recebendo o benefício – foi de 1,833 milhão, com avanço de 27 mil solicitações. Vale reforçar que este dado tem defasagem de uma semana em relação ao número principal.
O economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, avalia que o avanço anualizado de 3,3% do PIB dos EUA — acima do esperado pelo mercado — se destaca pelo consumo no quarto trimestre de 2023. O especialista relembra que apesar da desaceleração em relação ao PIB do 3TRI23, de 4,9%, o consumo se manteve muito significativo e foi mais da metade para a contribuição do resultado.
“Havia uma expectativa de que investimentos tivessem efeitos sobre o PIB do 4TRI23, com pagamento de empréstimos estudantis, proximidade do fim das poupanças das famílias, e, consequentemente, um consumo mais fraco — e não foi o que se materializou”, diz.
“Quando olhamos o PIB de 2023 como um todo, vemos que os EUA cresceram 2,5%, enquanto o Brasil cresceu 2,9%, mas com dinâmicas bem diferentes.” O segundo semestre, para o Brasil, é tomado como de “crescimento zero”, enquanto os EUA tiveram esse período mais forte do que o primeiro, apesar dos juros em alta.
As projeções para o 1TRI24 apontam para um crescimento de 2,0%, ainda sugerindo um resultado bom. Mesmo que no resto do ano o PIB crescesse zero, o resultado final ainda seria de 2,0% no ano.
“No geral, a atividade continua bem, o que é uma boa notícia — mas, para o Fed, traz um pouco de cautela na política monetária. A inflação cai, mas a atividade continua forte, com dois trimestres crescendo bem acima do potencial. Há dúvidas sobre a convergência da inflação, se realmente é sustentável ao longo do tempo, ou se há risco de se observar uma reaceleração, diante desse forte crescimento.”
Isso adia a perspectiva de corte de juros do mercado. O cenário-base da EQI Asset para o afrouxamento da política monetária é a partir de junho deste ano.
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