O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,9% no segundo trimestre de 2023. O resultado é menor do que o registrado no primeiro trimestre, de 1,8%. No semestre, o avanço foi de 3,7%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (1°) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O PIB, que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil, totalizou R$ 2,651 trilhões em valores correntes no trimestre encerrado em junho.
A atividade econômica do país opera 7,4% acima do patamar pré-pandemia, referente ao quarto trimestre de 2019, e atinge o ponto mais alto da série. O segundo maior patamar é o do trimestre anterior.

Indústria puxa PIB para cima
A alta do PIB no segundo trimestre é explicada pelo bom desempenho da indústria (0,9%) e dos serviços (0,6%). De maneira que as atividades de serviços respondem por cerca de 70% da economia do país, o resultado do setor influencia ainda mais a expansão do PIB.
A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, diz que o que puxou esse resultado dentro do setor de serviços foram os financeiros, especialmente os seguros, como os de vida, de automóveis, de patrimônio e de risco financeiro.
“Também se destacaram dentro dos outros serviços aqueles voltados às empresas, como os jurídicos e os de contabilidade, por exemplo”, explica. O setor de serviços está há 12 trimestres sem variações negativas e também se encontra no ponto mais alto da sua série, de acordo com o Instituto.
As atividades industriais ficaram no campo positivo pelo segundo trimestre seguido, após a variação de -0,2% nos últimos três meses do ano passado.
A expansão do segundo trimestre é relacionada aos resultados positivos das indústrias extrativas (1,8%) da construção (0,7%), da atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,4%) e das indústrias de transformação (0,3%), segundo o IBGE.
Agro recua
A agropecuária foi o único dos três grandes setores da economia a recuar no segundo trimestre (-0,9%). A retração vem após o avanço de 21,0% no 1TRI23 e se deve, principalmente, à base de comparação elevada.
“Se olhamos o indicador interanual, vemos que a agropecuária é a atividade que mais cresce. O resultado é menor porque é comparado ao trimestre anterior, que teve um aumento expressivo. Isso aconteceu porque 60% da produção da soja é concentrada no primeiro trimestre”, analisa Rebeca.
Com a diminuição do peso dessa cultura no segundo trimestre, aumenta a participação de outros produtos, como o café, que cresce menos que o principal produto agrícola do país.

O economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, comenta que a alta do PIB do Brasil veio acima da projeção da casa, de 0,5%. “O resultado é forte e traz um crescimento robusto“, pondera.
O principal destaque é o consumo, na perspectiva da demanda, pelo oitavo trimestre consecutivo de crescimento. O avanço foi expressivo e representou a maior contribuição no resultado, dado que os investimentos ficaram com um crescimento próximo de zero, observa Kautz.
Do lado da oferta, a indústria cresceu 0,9%, o que também puxou o PIB para cima, enquanto o setor de serviços avançou 0,6%.
Com os dados, o especialista da EQI Asset projeta um avanço do PIB no ano entre 3% e 3,5%. Atualmente, a projeção da EQI Asset para o PIB é de 2,30%, o que representaria uma revisão positiva das estimativas.
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