Nesta semana, investidores de todo o mundo voltam suas atenções para a chamada “Super Quarta”, quando o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed), nos Estados Unidos, e o Comitê de Política Monetária (Copom), no Brasil, anunciam suas decisões sobre as taxas de juros. A data é especialmente aguardada pelo potencial impacto que essas decisões podem ter sobre os mercados financeiros globais e sobre os investimentos locais.
EUA: Fed deve manter juros, mas atenção está nas projeções
Segundo Thalita Silva, economista da EQI Asset, a expectativa para a reunião do Fomc é de manutenção da taxa dos Fed Funds.
“A comunicação dos dirigentes tem sido na linha de esperar para ver. Eles querem ter mais clareza nos dados antes de tomar qualquer decisão, o que deve adiar mudanças até, pelo menos, setembro”, explica a economista.
No entanto, o foco não estará apenas na decisão em si, mas também nas novas projeções do Fed.
“O que realmente merece atenção nesta reunião são as projeções econômicas. Principalmente, se eles vão manter a expectativa de dois cortes de juros ainda em 2025”, destaca Thalita.
Outro ponto relevante é a revisão das estimativas de inflação.
“A projeção do núcleo de inflação deste ano deve subir para acima de 3%, mas o mais importante será observar a estimativa para 2026, hoje em 2,2%. Isso vai indicar se o Fed enxerga o impacto das tarifas recentes como algo temporário ou mais duradouro”, complementa.
Brasil: última alta na Selic à vista?
No cenário doméstico, a expectativa está dividida entre uma manutenção ou um último aumento de 25 pontos-base na taxa Selic. A EQI Asset projeta esse último ajuste, levando a Selic a 15% ao ano.
“A discussão mais relevante, agora que o ciclo de aperto está no fim, é: por quanto tempo o Banco Central vai manter a Selic nesse patamar?”, afirma Thalita.
Entre as reuniões, os dados econômicos vieram mistos: enquanto alguns indicadores apontaram para desaceleração da atividade no segundo trimestre, o mercado de trabalho surpreendeu positivamente, mostrando resiliência.
“A inflação veio marginalmente melhor, mas ainda temos expectativas desancoradas e projeções do próprio BC distantes da meta. Por isso, acreditamos que não há espaço para cortes em 2025”, diz a economista.
Como a decisão de juros afeta os seus investimentos?
As decisões do Fed e do Copom têm impactos diretos sobre os investimentos — tanto em Renda Fixa quanto em Renda Variável. Entender esse mecanismo é essencial para tomar decisões financeiras conscientes.
Impacto das decisões do Fed no Brasil
Quando os Estados Unidos aumentam seus juros, investir por lá se torna mais atrativo, já que os títulos americanos passam a render mais com baixo risco. Isso faz com que muitos investidores retirem dinheiro de países como o Brasil e direcionem esses recursos para os EUA. Com menos dólares entrando no Brasil, o real tende a se desvalorizar, o que pode pressionar a inflação e tornar o ambiente econômico mais instável.
Além disso, empresas brasileiras que captam recursos no exterior passam a pagar mais caro por isso. O Banco Central do Brasil, por sua vez, muitas vezes precisa manter os juros mais altos do que gostaria para segurar a saída de capital e conter a inflação. Tudo isso mostra como a decisão de juros nos EUA influencia diretamente os investimentos e a economia brasileira.
Em sentido contrário, juros em queda nos EUA tendem a causar uma migração de capitais, especialmente para países emergentes com taxas de rentabilidade mais atraentes.
O que é a Selic e por que ela importa?
Já a taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela influencia todas as outras taxas de juros: de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Quando o Banco Central altera a Selic, ele está, na prática, controlando a quantidade de dinheiro em circulação na economia, o que afeta a inflação, o crescimento e os investimentos.
Impactos nos investimentos
- Renda Fixa: Em períodos de alta da Selic, aplicações como Tesouro Direto, CDBs e LCIs/LCA passam a oferecer rendimentos mais atrativos. Já em ciclos de queda de juros, esses ativos perdem rentabilidade.
- Renda Variável: Juros mais baixos tendem a beneficiar ações e fundos imobiliários, pois incentivam o consumo e o investimento das empresas. Já taxas mais altas encarecem o crédito e reduzem a atratividade da Bolsa frente a opções mais conservadoras.
Planejamento e diversificação
As decisões de juros fazem parte da política monetária, cujo objetivo principal é controlar a inflação e manter a estabilidade da economia. Para o investidor, isso significa que é necessário estar atento ao cenário macroeconômico e adaptar sua carteira conforme o momento.
- Planejamento Financeiro: Em momentos de alta de juros, pode ser interessante priorizar a Renda Fixa. Em cenários de juros baixos, a Renda Variável pode apresentar melhores oportunidades de valorização.
- Diversificação: Manter uma carteira diversificada é uma forma eficaz de proteger seus investimentos contra oscilações na política monetária. A combinação de ativos de diferentes classes ajuda a equilibrar riscos e retornos.
Quer montar uma carteira equilibrada e diversificada, contando com ajuda profissional para alcançar seus objetivos com mais assertividade? Fale com os profissionais da EQI Investimentos.