As operações de fusões e aquisições (M&As) apresentaram queda no primeiro trimestre de 2022. Segundo o Valor desta segunda-feira (18), até a semana anterior, foram divulgadas 134 transações, o que representa um recuo de 14,6% em comparação ao mesmo período de 2021. Tratando-se de preço, a desvalorização foi maior: 57%, para US$ 12,2 bilhões, como aponta o levantamento da Deologic, realizado a pedido do jornal.
Essa perda é motivada pela instabilidade econômica no Brasil e no exterior, além das incertezas decorrentes da guerra na Ucrânia.
Conforme destaca o Valor, os números também evidenciam um início de 2022 mais difícil do que o previsto. Além disso, refletem as dúvidas quanto ao cenário de fusões e aquisições no Brasil para este ano, que contará ainda com as eleições presenciais.
Guerra e PIB paralisam aquisições
De acordo com o Valor, o levantamento da Dealogic mostra que os negócios envolvendo empresas estrangeiras retraíram neste ano. De toda a quantia movimentada, US$ 2,4 bilhões (20%) tiveram participação de investidores de fora do país.
A impressão é que, apesar do fluxo de capital externo ter aumentado para a bolsa de valores, os grupos estrangeiros aguardam um cenário mais claro para alocar seus recursos no Brasil, destaca o jornal.
O conflito no leste europeu e a conjuntura marcada pela inflação e alta dos juros em diversas partes do mundo são fatores que contribuíram para a queda nas operações de fusões e aquisições no primeiro trimestre do ano.
Em relação ao cenário de inflação e juros altos, Gustavo Miranda (responsável pela área de investimentos do Santander), aponta, em entrevista ao Valor, que a volatilidade do mercado abala a referência dos valores dos ativos que estão sendo negociados.
Já outra fonte do mercado revela que boa parcela dos acordos de M&As é afetada por conta da desvalorização de parte das companhias na bolsa americana, principalmente aquelas que são ligadas ao segmento de tecnologia, diz a publicação.
O Valor ressalta ainda que esse evento também ocorre com empresas de outras áreas no Brasil. Segundo o jornal, com as ações das companhias nacionais despencando na bolsa, aumentou a diferença entre o que o valor que o vendedor solicita e o preço que o comprador se dispõe a pagar. Mesmo assim, grandes negócios podem ser estabelecidos nos próximos meses, principalmente no setor de energia.