Pesquisadores chineses anunciaram a identificação de uma cepa do novo coronavírus em morcegos de Hong Kong, na China. O estudo, conduzido pelo Instituto de Virologia de Wuhan e pelo Laboratório de Guangzhou, foi publicado pela revista Nature. Batizado de HKU5-CoV-2, o vírus apresenta características semelhantes ao Sars-CoV-2, responsável pela pandemia de Covid-19.
A descoberta ocorre às vésperas do quinto aniversário da pandemia no Brasil e foi liderada pela virologista Shi Zhengli, conhecida por seus estudos no Instituto de Wuhan. O HKU5-CoV-2 pertence à família dos merbecovírus, um grupo de patógenos já encontrados em visons e pangolins, considerados possíveis elos de transmissão entre morcegos e humanos na Covid-19.
Potencial de transmissão e infecção humana
De acordo com os cientistas, o novo coronavírus se liga à enzima ACE2 para invadir células humanas, mecanismo semelhante ao do Sars-CoV-2 e do NL63, vírus que causa o resfriado comum. Testes em laboratório indicaram que a variante tem capacidade de infectar células humanas, contaminando tecidos pulmonares e intestinais cultivados em ambiente artificial.
A descoberta foi feita com o uso da técnica Crio-EM, um método avançado de microscopia eletrônica. “Os merbecovírus de morcegos, que são filogeneticamente relacionados ao MERS-CoV, apresentam alto risco de transmissão para humanos, seja por transmissão direta ou facilitada por hospedeiros intermediários”, destaca o estudo.
Novo coronavírus: riscos e próximos passos
Apesar da identificação do vírus em testes laboratoriais, ainda não há registros de infecções em seres humanos. Os especialistas alertam que são necessárias mais pesquisas para entender o real potencial de disseminação do HKU5-CoV-2 e os possíveis impactos na saúde pública.
O estudo reforça a importância do monitoramento de vírus zoonóticos, especialmente aqueles com potencial de transmissão entre animais e humanos. Com os avanços da ciência, os pesquisadores esperam antever possíveis riscos e evitar novas pandemias.
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